— NANDO BECKETT —
Respiro profundamente, abrindo os olhos devagar e sentindo a dor em minha cabeça começar a se fazer presente, além de uma dor incômoda em minhas partes íntimas.
O que aconteceu?
Ouço um arranhado de garganta forçado. Olho para a porta, vendo Eddy já impecável em seu uniforme, me olhando novamente com aquela cara de indiferença e os braços cruzados. Ah, é... Eu o seduzi... quase o estrupei. Mas... não lembro de tudo. Apenas de ter o levado até aqui.
Ah, merda! Ele vai me assassinar!
— Eddy, me desculpa mesmo! Eu... não queria te forçar a nada. De verdade. É que eu... — Tento me explicar, mas ele ergue a mão, me pedindo para ficar em silêncio e negando com a cabeça.
— Primeiro: você não foi até o fim. — Ditou, me deixando confuso.
— Não? — Ele me lançou um olhar mortal, então me calei novamente.
— Segundo: você, bêbado, é um moleque insuportável e infantil. Terceiro: nunca mais me dirija a palavra novamente. — Ditou, me virando às costas e saindo do quarto.
— O quê? Eddy, espera! — Visto meu short às pressas, correndo atrás dele e parando em sua frente. Seu olhar de desprezo havia retornado, só que mil vezes mais cortante. — Eddy, eu juro que não foi por querer, bem... eu sempre te desejei, mas não sou gay, sabe? — Ele sorriu, um sorriso sem humor. Era vergonhoso falar isso, mas eu estava tentando ser sincero.
Eddy suspirou longamente, ajeitando os óculos de grau e me encarando seriamente.
— Você tem problemas que precisam serem tratados. Recomendo um Psicólogo. — Rebateu, passando por mim e seguindo para o Campus.
Ah, merda!
— Fernando Beckett!!! — Me assusto quando a inspetora grita meu nome, do outro lado do corredor, me alcançando em segundos. Merda ao quadrado...!
— Fala, Carmizinha...! Emagreceu? — Falo, usando meu melhor sorriso inocente, mas acho que não funcionou.
— Sabe muito bem que é terminantemente proibido usar trajes informais na instituição! Onde está o seu uniforme?! — Questionou, o que me fez suspirar. Hoje não é meu dia...
— Já vou vestir...
— Assim espero! Anda, vai! — Exclamou, e o jeito foi voltar para o quarto. Tomo meu banho rapidamente e visto a porcaria do uniforme, abandonando o quarto e seguindo para o refeitório.
Eddy não estava ali, o que me deixou chateado. Hoje estávamos liberados das aulas, por conta do baile ontem, então seria mais difícil ainda conversar com Eddy.
— Amor! — Sou surpreendido por Piper, que abraçou minha cintura, rindo. — Finalmente terminei as provas. Não aguentava mais ficar longe de você. — Falou, risonha. Forço um sorriso, pegando um suco e um sanduíche, seguindo para a mesa onde estavam Joy e Lucas.
— Hey, pombinhos! Passaram a noite juntos? — Joy questionou, mas Piper negou, me olhando curiosa.
— Bem lembrado! Onde você estava? Saiu tão cedo do baile. — Piper questionou, me encarando.
— Eu... não estava me sentindo bem e voltei para o quarto. — Minto, vendo Piper engolir a conversa, mas notei Joy e Lucas se entreolharem, trocando sorrisinhos cúmplices. E eu estou ciente de que eles iriam me encher o saco quando Piper não estivesse aqui.
— Joy fez o maior dos escândalos ontem. — Lucas comentou, rindo. — Ele subiu em uma das mesas e começou a fazer um streap, até ficar totalmente pelado. Ele deve está famosinho na Internet. — Ditou, gargalhando alto. Joy bufou, cruzando os braços e afundando na cadeira. Só agora entendi o motivo do gorro e dos óculos escuros. Hilário.
— Amor, vamos sair hoje? — Piper questionou, massageando meus ombros e encostando a cabeça em meu braço.
— Eu tenho que estudar, Piper. Tenho provas na próxima semana e um trabalho manuscrito para fazer. — Informo, mas ela fez bico.
— Você pode fazer depois. Faz tempo que não saímos juntos. — Insistiu, com uma expressão de tristeza.
— Hey, Piper, você sabe que Nando está no vermelho nas notas, não sabe? — Joy falou, seriamente. — Ele não pode tirar nota baixa nesse semestre nem ferrando.
— Ah, agora falou o nerd! Desde quando vocês se importam com isso?!
— Desde que saímos do ensino médio e entramos na faculdade. — Lucas rebateu, impaciente. — Isso aqui não é brinquedo, Piper. Por mais que às vezes fazemos piada sobre o assunto, nós nos importamos com as notas e com os trabalhos. Você deveria apoiar o Nando e não levá-lo para a lama com você. — Joy e eu nos calamos de imediato após o sermão de Lucas. Ele sempre foi o mais sério dentre nós três, e depois que entramos na faculdade, ele leva os estudos mais a sério ainda.
— Tudo bem. Divirta-se com seus trabalhos idiotas! — Piper exclamou, se levantando irritada e saindo do refeitório. Eu resolvi ficar na minha. Já havia irritado pessoas demais por hoje, vulgo Eddy e a Inspetora, então... Prefiro ficar na minha dessa vez.
— Existe algo chamado calma, sabia? — Joy ironizou, encarando Lucas, que apenas o ignorou, me encarando.
— Fala aí, Nando. Já pode contar a verdade e dizer o que rolou entre você e o Sr. Perfeito ontem.
E eu achando que estava livre desse interrogatório...
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Doutor Gelo - (Romance Gay)
Cerita Pendek"- Ele era tão imprevisível... e talvez, só talvez, seja o motivo da minha extrema obsessão por ele." "- Não preciso de ninguém ao meu lado. Pessoas são tóxicas por natureza, e o mínimo que quero é distância. Nada vai mudar isso."