Quinze

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Ele

Dante deixa Vivian no hotel cerca de duas horas depois. Tê-la em seus braços foi ainda melhor do que ele imaginara; ela se entregava a cada beijo com ardor, passando as unhas no seu pescoço e descendo, arranhando suas costas de um jeito que quase o enlouqueceu de prazer. Ela tem a manha, sabe como excitar um homem, isso é um fato. Foi difícil de controlar a vontade de pegá-la no colo e levá-la para dentro do carro e fazer amor a noite toda com ela ali mesmo no banco de trás. Bom, ele simplesmente acha que ela merece muito mais que isso. Fora que eles mal se conhecem, merda. Dante não sabe nem como ela teve coragem de ir para qualquer lugar com ele, para início de conversa.

Seus lábios formam um sorriso. Vivian lhe deu um voto de confiança e foi importante para ele que ela fizesse isso: confiar nele de olhos fechados - ou quase.

E agora, relembrando de cada segundo com ela, um latejar insuportável se inicia na virilha, um lembrete que não faz sexo há tempos e que ele praticamente está de quatro por Vivian. Não tanto por estar carente, mas sim pelas coisas que ela fez nos amassos que deram no mirante: lambidas, mordidas e arranhões nos seus pontos mais sensíveis. E ele observou seu rosto. Ela parecia estar se divertindo vendo-o estimulado daquela forma. Porra, como ela gostou de provocá-lo até o limite!

Melhor tomar um banho frio. Tipo agora.

Ele não se demora. Coloca rapidamente uma roupa confortável e deita-se na cama, sentindo a maciez do edredom e o perfume delicado do amaciante. Sua mãe já estava dormindo quando ele retornou e Dante andou quase que na ponta dos pés para não a acordar. Dona Helena tendia a ser um pouco reclamona - mais que o normal - quando acordada de madrugada ou cedo demais. Ele preferiu não se arriscar.

Sua mente divaga. Centenas de memórias que ele já nem se recordava perpassam ao mesmo tempo, trazendo-lhe um misto de emoções e sentimentos que acalentam seu coração. Dante relembra-se de coisas bobas de infância e de adolescência, de tardes conversando com seu pai e de manhãs acordando com Paloma. Momentos bons e preciosos.

O sono o vence por fim, envolvendo sua consciência e jogando-a numa bruma densa de sonhos incoerentes.

Ele desperta, grogue, com o celular tremendo convulsivamente debaixo do grosso travesseiro. Antes que se irrite com o aparelho uma hora dessa - mesmo nem sabendo que horas são, boceja, alcança-o e olha para a tela reluzente, piscando para acostumar os olhos com a claridade incômoda.

09h08. Bruno ligando. Dante respira fundo e lembra-se que tem de levar o cachorro do irmão até o rio.

-- Mudança de planos. -- diz Bruno, sem nem lhe dar um bom-dia. -- Preciso da sua ajuda.

-- Que novidade. Fala aí. -- Dante ergue-se e abre a janela. O sol está castigando. Muito estranho o tempo estar tão quente em pleno inverno.

-- Estou em reunião com o prefeito, com o delegado e com mais alguns dos caras da cidade, como você já sabe. -- prossegue o mais velho com um tom baixo. -- Já resolvemos a questão da ponte, e então mencionei que vou contratar a Camila para fazer não só o site da fábrica como um outro programa, sistema ou sei lá o quê. Acontece que o prefeito e o dono da loja de construção se interessaram no serviço da garota e querem conversar com ela. Ao que tudo indica, eles também vão contratar a Camila. Liguei para o número que ela me passou, mas caiu na caixa postal. Liguei para o hotel, e a Amanda disse que eles quatro saíram cedo, antes das oito. Teria como você encontrá-la e trazê-la até aqui? Realmente é importante, Dante. Essa menina vai voltar pra casa montada no dinheiro.

Enquanto Bruno falava, Dante se encaminhava até o banheiro.

-- Assim que eu achar a Camila, mando mensagem. Até depois.

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