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Seu quarto era simples, móveis simples, mas as paredes eram um sonho, estavam pintados como um universo, estrelas salpicadas por todo o quarto, a iluminação era clara e deixava a mostra cada detalhe, passei os dedos pela pintura. Enroscado em sua cama um gato amarelo e gordo, sorri ao vê-lo virar-se de barriga pra cima. Fui até a cama e ele se acordou quando subi, ele se espreguiçou e miou.

—Oi Tetris?!

Ele miou outra vez como em resposta, e encostou seu narizinho no meu. Passei a mão e ele começou a ronronar e se jogou pertinho de mim.

—Você é o gato mais lindo que já vi na vida. . . Igual seu pai.-sussurrei.—Só não conta pra ele que eu disse isso.

Me aconcheguei envolvendo Tetris em meus braços, o ronronado dele me trouxe uma paz,  fechei os olhos. . .

. . .

Acordei com alguém tirando meus sapatos.

—Ronan?

—Pode descansar.-sussurrou ele.—Minha mãe já avisou seus pais que vai dormir aqui.

—Isso não é justo. . .

—Com seu namorado?

—Com você Ronan.

—Não se preocupe comigo, vou dormir no quarto de hóspedes.

—E se eu te pedir pra ficar. . .

Ele sorriu.

—Quer dormir comigo?

—Você ronca?

—Não sei, talvez eu ronrone pra você.

Ele me fez dar uma gargalhada.

—Ia ser interessante!-falei ainda rindo.

—Então eu fico, acho que meus pais não vão se importar.-Disse ele.

—Posso usar seu banheiro?

—Claro, pode pegar uma roupa minha se quiser, tem escova de dente nova e tolha limpa no armário da pia.

Lhe dei um beijo na bochecha ao passar por ele e entrei direto no banho.

—Legal, não pensei na roupa.-Nan? Nan?

Espiei enrolada na toalha e entrei em seu closet me deparando com Ronan tirando a toalha e vestindo uma boxer branca, fiquei parada em silêncio olhando aquele monumento de costas pra mim, ele tem uma fênix sombreada tatuada de sua costela até o meio da coxa, como não a vi antes, dentro do braço tem outra tattoo, mas não consigo distinguir o que é, sei que não deveria, mas fiquei de braços cruzados encostada no batente da porta em silêncio, ele pegou uma calça moletom e a vestiu, acho que foi procurar uma camiseta quando se virou e tomou um susto.

—Caralho!-gritou ele me fazendo rir muito.—Que susto Lu.

—Desculpa achei que o espetáculo era gratuito.-Falei.Ronan ficou rindo de boca aberta e seus dentes reluziram, aqueles caninos me fazem babar.

—Amo quando. . . Baba em mim!

—Canalha.-Falei passando por ele só de toalha peguei uma camisa branca dele e coloquei por cima da toalha, abotoei os botões de cima pra baixo deixando os primeiros abertos, a camisa dava no meio das minhas coxas então tirei a toalha, peguei uma boxer dele, não ouvi nenhum piu dele e o olhei, ele ainda estava com aquele peito a mostra.

—Não vai por uma camisa?

—Durmo sem.-Ele estendeu a mão pra me explicar.—Como consegue ficar linda assim?

—Não vai dizer isso pela manhã.-falei passando por ele com a tolha na mão, a estendi no banheiro.

—Não me diz que você baba?

—Dweyne me chama de remelenta .-falei rindo.

O gatinho dele miou e ele foi no canto de uma escrivaninha e colocou comida num potinho que tinha ali. Enquanto isso fui pra cama dele e entrei pra debaixo de um edredom branco que lembrava uma nuvem, tão gostoso que o alisei com as mãos.

—Confia em mim?-perguntou ele.

—Confio!

—Então deita e fecha os olhos.

Sorri antes de o fazer. Então senti o clic da luz e vi a escuridão tomar conta por cima das pálpebras, senti o movimento da cama.

—Não abre ainda.-disse ele se arrumando do meu lado. —Lembra quando você me pediu para ir além das estrelas?

—Hurum!

—Abre os olhos!

Ao abrir lentamente, o quarto estava escuro, mas um universo fluorecente brilhava no teto, nas paredes ao lado, constelações e planetas, tudo fluorescente, é tão mágico, Ronan é cheio de surpresas. O olhei, e aquela luminosidade dava para ver ele como na noite de lua cheia na praia, sorri ao ver ele olhando meu rosto.

—Você é um sonho Ronan.-Falei com um sorriso.

Ele tinha esse dom, era fácil sorrir pra ele, e ganhei aquele sorriso que me faz lamber os dentes.

—Por que tenho a impressão que sua língua quer entrar em minha boca quando faz isso.-Sussurrou ele, passando o dedão áspero por meu lábio.

—Eu. . . Isso te incômoda?

—Não, mas me frustra não saber a verdade, você é uma pessoa fácil de ler Lu, mas isso é algo que não entendo.

—Como somos amigos vou te contar, mas não ria de mim.

—Tá bem.

—Tenho uma tara por seus dentes.

Ronan riu mesmo assim, me fazendo cobrir o rosto.

—Você quer me lamber é isso?

—Não quero falar sobre isso.

—Lu. . . Você pode fazer se é o que deseja.

—Não vou falar mais uma palavra.-falei brava, cruzei os braços e fiquei de costas pra ele.

—Lu?-disse ele ainda rindo.

—Boa noite Ronan.

—Não fica assim.-disse ele passando o braço por minha cintura e me puxando pra contra seu corpo, ficando de conchinha ele beijou meu pescoço e eu suspirei.—Não ri de gosto, você só. . . me surpreendeu.

Não falei nada, apenas entrelacei meus dedos aos dele por cima da minha barriga, uma oferta de paz.

—Nan?

—Humm?

—Por que uma fênix?

—É o único pássaro que jamais vão conseguir prender em uma gaiola.

—E se a gaiola for de Aço?

—Ele é tão quente que derreteria qualquer metal!

—Hummm. . . 

O sono não me agraciou fiquei focada numa galáxia em minha reta, o gato dele subiu por cima de nós e se deitou a cima de nossas cabeças. Ele começou ronronar com o carinho que fiquei fazendo com a outra mão, senti o braço de Ronan relaxar e o som de sua respiração pesar, sorri ao pensar em Ronan ronronando. Me virei de frente pra ele depois de um tempo, fiquei analisando seu rosto, a barba rala, o nariz levemente rebitado, sua sobrancelha grossa e cílios escuros e grossos, sua boca se abriu levemente, segurei o ímpeto de passar a mão por seus lábios, dormi olhando pra ele.

Não Quero Ser A Princesa Da História. DegustaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora