Ao voltar pra casa fui recebida com quatro pedras na mão.
-Você recebe liberdade e sai dando para o filho de nossos inimigos?!-gritou minha mãe.
-Tenho direito de escolher quem eu quiser!
-Está querendo ser morta?
-Eles jamais fariam comigo o que vocês fizeram com o filho deles!-Rebati.
Ela travou.
-Não temos culpa do acidente.-disse ela baixando a voz.
-E por eles tem provas?
Ela olhou para meu pai, ele se levantou e estendeu a mão, eu dei dois passos pra trás.
-Não somos assassinos filha!
-Então por que o filho dela não ta aqui?
-Àquilo foi um erro!-disse ele se entregando.
Sorri debochada.
-Mas é claro que foi, não conseguiu matar a família toda!
Ele ficou pasmo e eu ri com escárnio.
-Belo exemplo se tornaram, agora quando eu não conseguir resolver meus problemas vou sair matando todo mundo, pronto acaba tudo, fiquem ligados heim, não durmam de olhos fechados, pois posso querer acabar com eles a qualquer momento.
-Isto é uma ameaça?
-Não, não.-falei já com o pé no primeiro degrau.-É só um lembrete de que os filhos são nada mais que a sombra dos próprios pais.
Subi as escadas sem ouvir um ruido. Entrei em meu quarto, passei a chave, corri pro meu banheiro e chorei.
Ai Ronan queria que você chegasse e me levasse daqui. Ouvi um miado e abri a porta.
-Oi bebê?!-falei a puxando pra mim.
Depois de uma hora ali no banheiro gelado, tomei um banho, fiz uma mochila, peguei a da escola e liguei pro Will.
*Oi princesinha.
-To indo pra sua casa, vou passar a noite com você.
*Ta de onda?
-Pode?
*Óbvio.
-Até daqui a pouco.
*Quer que eu vá te buscar?
-Não, fica tranquilo.
Desliguei o telefone. Dei uns amaços na Luna.
-Mamãe te ama tá, só to precisando de um tempo. . . Você deve de tá se sentindo sozinha né?
Peguei ela e desci as escadas com Luna na mão. Minha mãe surgiu do nada com os olhos inchados.
-Onde vai?
-Pra casa do meu namorado.
-Não vai sai. . .
-Quer que eu ligue pro Ronan?
Ela deu gargalhada.
-Ele é um idiota, comprou sua liberdade e você correu pros braços do outro.
-Ronan me deu o direito de escolha, coisa que vocês não.
Passei por ela e ela segurou meu braço.
-Se você for morta, não vou chorar em seu velório.
-Ótimo.
Tirei meu braço da mão dela e sai porta a fora, de cabeça erguida segurando as lágrimas. Coloquei Luna no acento do carona. Fechei a porta, me abaixei na roda direita e traseira, não vi a luzinha então entrei em baixo do carro pra procurar e lá estava a luzinha do rastreador. Ouço meu pai falando com alguém ao telefone e fico quieta.
-. . . só quero dar um susto nela. . . Não, se isso acontecer vocês estão com os dias contados, apenas um susto, ela é minha filha, jamais a colocaria em perigo de verdade. . . Vou te passar o número do chip e você rastreia ela. . .
Meu pai estava planejando algo pra mim? Céus, eu. . Puta que o pariu meu. Ele falou o número do chip e seguiu instruindo alguém ao telefone, arranquei o rastreador a unha, quando não ouvi mais a voz dele sai debaixo do carro e entrei com o coração na boca.
-O que eu faço Luna?-ela me olhou e pulou pro painel deitando ali.
Tirei a bateria do meu telefone, para não ser rastreada. Peguei rumo a casa de Dweyne. Ao chegar lá desci com Luna no colo.
-Oi amore!-disse ele.
-Pode ficar de babá pra sua sobrinha?
-Mas é claro que sim!
-Toma, compra comida e uns mimos pra ela!
-Onde vai?
-Vou passar a noite na casa do Will.
-Sua louca.
-Quero que saiba que se algo me acontecer não foi a família de Will.
-Não?
Neguei com a cabeça deixando lágrimas escorrerem, Dwey me abraçou.
-Seus pais não fariam is. . .
-Vovô estava certo. . . Ele tava planejando um susto em mim, eu tirei o rastreador.
-Pelos Deuses Malu.
Conversei um pouco com Dwey e depois fui pra casa de Will, me cuidando de carros e pessoas. Parei em uma loja no caminho e comprei um celular novo, passei os números de telefone que mais me interessavam, peguei o meu antigo e coloquei em baixo da roda do jipe sem bateria, passei duas vezes por cima.
-Chega de ser controlada!
Cheguei ao portão da casa de Will e o guarita abriu, estacionei na lateral da casa e William abriu a porta do jipe pegando-me no colo.
-Estou sonhando?
-Espero que não.-falei o beijando.
Will me levou pra dentro de casa no colo.
-Ai que gracinha vocês dois juntos.-disse minha "sogra" -faço muito gosto dessa união.
"Gracinha" quando ouço isso sair da boca de Ronan, tomo como um insulto, no entanto. . .
-Vem vamos almoçar, você deve de estar faminta.-disse Will me puxando pra mesa.
Sentei a mesa e o pai dele não estava.
-O papai não vem?-perguntou Will.
-Vai ter que almoçar fora, está em uma reunião até agora.
-Eu gostaria de agradecer pelo apoio, aquele dia sai tão transtornada que não sei se agradeci.
-Owm querida, fique tranquila está protegida aqui.
-Eles já sabem.-sussurrei.-Quando cheguei hoje eles. . . Eu ouvi. . . Meu pai é uma pessoa. . . Horrível.
-Olha, jamais te colocaríamos contra seus pais. . .
-Eu ouvi ele mandar dar um "susto" em mim. . . Sou sua filha.-minha fixa caiu- Céus, tenho medo por você Will, se ele fizer algo com você pra me atingir.-Fiquei de pé.-William eu vou embora!
-Não!
-Olha estou remando contra a maré, estou colocando vocês em risco.
-Docinho!-disse Safira.-Ele não vai fazer nada contra nós, pois o temos nas mãos.
-Não, eu não o conheço, não sei mais quem ele é, se ele. . . Se Will. . . Chega, não vou fazer isso com vocês.
William chorava.
-Olha, vamos nos proteger está bem, e assim que as aulas terminarem vocês vão sair do pais sem deixar rastros, vão viver em paz. -disse ela.-Não deixe o medo te vencer.
Eu já ouvi isso antes. Suspirei e me sentei a mesa. Acariciei a nuca de Will e beijei sua bochecha.
-Não serei covarde.
Mal toquei na comida, Safira ficou preocupada que eu não tinha gostado da comida, mas não é isso, só não estou com vontade de comer.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Não Quero Ser A Princesa Da História. Degustação
Literatura FemininaMaria Luiza Macfly Greem foi criada como um troféu por seus pais donos de uma das maiores industrias de Nova York, ela é obrigada a se vestir, andar e agir como uma princesa, com a ajuda de seu amigo Dweyne que sonha em ser uma Drag famosa, ela foge...