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             I don't care if it hurts, I wanna have control...





                                             Harry






- Está me dizendo que seu pai reapareceu depois de anos? - Louis pergunta, ao que me aconchego ainda mais aos seus braços, fechando os olhos e aproveitando o momento onde eu permanecia com a cabeça contra seu peito, ouvindo seu coração bater em sons suaves.

Eu havia descoberto que todos estiveram em minha procura durante o meu trágico episódio e eu nunca poderia ter me sentido mais grato e culpado, confuso e cheio de dores por conta disso. Liam ligara para Louis, perguntando quase desesperadamente se ele sabia onde eu estava. Louis não sabia, mas tinha uma ideia.

E ele acertara.

Era estranho. Era estranho ver diversos rostos aliviados quando apareci. Segundo eles, eu estive fora por quase vinte e duas horas, o que era uma merda. Eles deveriam estar loucos e eu me sentia terrivelmente culpado.

Eu não os merecia.

Liam e eu não dissemos nada quando o mesmo aumentou de novo a dose de meus remédios. Ele apenas o deu para mim, com seu rosto sem expressão. Tomei sem reclamar, mandando um belo foda-se à tudo. Não seria justo dar um pio por causa daquilo. As ordens de Dr.Vincent eram claras, e eu iria segui-las.

- Sim, e isso é tão fodido porque... Ele havia ido embora há muito, muito tempo - eu começo, engolindo o bolo que nascera em minha garganta - Eu nem ao menos me lembro de seu rosto, sabe? Se não fosse ele, tudo teria sido diferente, e se não fosse eu...

- Shh... - Louis me cala, levando suas mãos até meu rosto e colando nossas testas, roçando levemente seu nariz contra o meu - Não se culpe, por favor... Você não tem culpa de nada, doce.

Solto o ar por entre meus lábios, fechando os olhos e concordando.

- Tudo bem... - murmuro, dando-me por vencido.

Louis era insistente e intenso, o que o fazia ser totalmente especial e único. Durante toda a minha vida, eu não havia conhecido alguém como ele e, então, apenas estar perto dele fazia com que meu cérebro interpretasse aquilo como um grande evento. Passaram-se duas horas que estávamos deitados em minha cama e, mesmo assim, meu coração não parava de bater descontroladamente a cada palavra, olhar e até mesmo os silêncios repentinos dele.

E de repente, eu sabia.

Eu finalmente sabia.

Na realidade, talvez eu sempre soubesse. No fundo, eu sabia. Desde o primeiro contato que tive com ele no café, eu soube.

Eu estava completamente apaixonado por Louis Tomlinson.
















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- Se você não sair dessa cama, hoje mesmo chamarei meu querido amigo Nixy para vir dormir aqui comigo - Mitch ameaça, ao que eu faço uma careta e enterro meu rosto em meu travesseiro, bufando pesaroso.

- Primeiro - começo, com minha voz sendo abafada - quem diabos tem por nome Nixy? Segundo, eu estou muito cansado, uh? Talvez amanhã, ou... Nunca!

Ouço Mitch grunhir um "Porra!" antes de eu sentir minha manta ser jogada para fora de cima de mim, junto a protestos meus.

- Mitch! - exclamo, sentando-me alguns segundos depois e passando as mãos pelo rosto, suspirando - Eu não estou com a mínima vontade de sair para tomar seu maldito chocolate quente!

- Sabe, eu não mandei você ficar fodendo com aquele topetudo a noite inteira, okay?

Engasgo, arregalando os olhos e sentindo meu rosto esquentar.

- Nós não... - faço uma careta estranha a ele - fodemos, sim? Nós apenas ficamos conversando! Qual é o seu problema?

Ele me encara, em seguida, me dá seu famoso olhar de que sabia de tudo, onde ele literalmente cerra os olhos, aperta os lábios e quase não pisca.

- Está me dizendo que vocês não foderam nem uma vez? - ele pergunta pausadamente e eu assinto - Não acredito!

- Pois acredite! - elevo minha voz - Louis me ajudou a desabafar e ele foi... Foi muito bom para mim.

Ele parece surpreso diante de minhas palavras, a julgar por sua expressão.

- Está gostando dele, Harry? Tipo, de verdade? - antes que eu pudesse ao menos responder, o barulho da campainha soa pelo apartamento e eu agradeço mentalmente, levantando-me da cama e começando a me vestir, botando roupas mais civilizadas.

- Você foi salvo pela campainha, espertinho - ele diz, antes de deixar o quarto e ir atender quem quer que fosse.

Balanço a cabeça e solto uma risada leve, pensando em como Mitch era exagerado.

- Uh... Harry? - o mesmo reaparece na porta de meu quarto, bem na hora que eu terminara de amarrar meus velhos tênis surrados.

E eu vi. Em sua expressão, eu vi. Era algo ruim. Algo bem ruim.

- O que houve? - pergunto, franzindo o cenho.

- Temos uma pequena visita - ele cerra os dentes e eu imediatamente entendi que não era nada pequena.

Ainda com os cenhos franzidos, dou de ombros e passo por ele, andando até a sala e deparando-me com um homem.

Não qualquer homem, e sim, ele.

Aquele homem.

Ele estava praticamente igual como nas malditas fotos envelhecidas. Os mesmos olhos castanhos, a boca - que infelizmente eu puxara, o nariz, o formato do rosto, os cabelos... Ele estava ali. Bem ali.

- Harry... Você... - ele parecia sem palavras, com seus olhos fitando-me quase deslumbrados demais - Está tão grande...!

Cerro o maxilar, dando-lhe a minha expressão mais dura possível.

- Vá embora - eu digo, frio e insensível - Não é bem vindo aqui.

Sua expressão não murcha como imaginei, e eu vi que ele já esperava por essa minha reação, o que de certo modo, deixou-me com ainda mais raiva.

- Filho... Vamos conversar, por favor... - ele insiste, com sua voz calma - Deixe-me explicar...

Levanto minha cabeça, fecho os olhos e suspiro, tentando controlar minha vontade de partir para cima dele, antes de fita-lo friamente e dizer:

- Você tem um minuto.

- Sabe que um minuto não é o suficiente, filho, eu...

- Não me chame de filho! - o interrompo - Eu não tenho um pai.

Ele assente, parecendo se desculpar silenciosamente.

- Só preciso explicar o meu lado, então, você pode me julgar, pode me desculpar, ou pode não me desculpar... Você escolhe.

- Okay. Comece.

Creep | L.SOnde histórias criam vida. Descubra agora