Creep | L.S

08

I want you to notice when I'm not around...

Harry

Deveria ser mais ou menos umas dez horas da manhã quando ele apareceu, entrando pela porta com seu famoso sorriso de lado, topete charmoso, jaqueta e cigarro atrás da orelha.

Era engraçado, porque tudo parecia acontecer em câmera lenta, exatamente como em Crepúsculo, na famosa cena onde Bella vê seu amado Edward pela primeira vez. Infelizmente, o pensamento de que eu teria de ser a Bella, me fez torcer o nariz involuntariamente.

Um sorriso quase chega em meu rosto, fazendo-me ter, por alguns segundos, um leve prazer de te-lo ali novamente. Porém, o sorriso que sequer chegou a aparecer de verdade, some quando uma morena de cabelos curtos e sorridente entra, bem atrás de Louis.

Ela falava sem parar, tagarelando sobre um programa qualquer que viu na tv e, o mais trágico, fora o modo como os olhos vazios de Louis se fixaram em todos os lugares possíveis, menos em mim, parecendo quase... Me ignorar. Minha atenção se concentra em outra coisa, que me faz dar de cara com algo malditamente inusitado ali.

As mãos de Louis e da morena estavam entrelaçadas, como... Como algo a mais que simples amigos indo à um café barato qualquer de Londres.

Notei que talvez eu devesse praticar mais minhas emoções e o fato de eu ser um livro aberto, porque logo senti que se apenas Louis olhasse para mim, poderia ver claramente minha decepção com ele e, talvez, até um pouco de magoa - mesmo que eu lutasse contra tal sentimento de forma ávida em sua presença.

- Talvez você deva entrar - Liam murmura baixo, bem perto de mim.

O problema, fora que ele murmurou tarde demais, pois logo o casal já estava em frente ao balcão. A morena esbanjava um sorriso e Louis... Por que ele parecia tão sério, tão... Desatento?

- Olá! - ela diz, com sua voz carregada de algo como alegria - Você é o Harry, sim? Sou Eleanor. Louis me falou que tinha um grande amigo que trabalhava aqui no café.

Tento fortemente não demonstrar que o "grande amigo" me acertara em cheio, apenas forçando um pequeno sorriso, abaixando a cabeça e fitando meus tênis surrados.

Eu não deveria estar tão mal, afinal, ele nunca havia me dito que estávamos em algum tipo de relacionando, que tínhamos algum tipo de exclusividade um para com o outro.

Eu me sentia estúpido. Eu deveria saber, deveria ter perguntado para ele sobre sua vida, sobre sua família e, até mesmo, aquelas típicas perguntas clichês de "Pretende ter filhos?"

Maldição! Ele era tão eletrizante que meu cérebro parecia não funcionar corretamente quando ele estava por perto.

Eu havia o pintado errado, pelo visto.

Um cutucão em meu braço quase me faz pular, ao que eu arfo levemente e encontro um Liam, junto a seus olhos escuros me estudando como uma conta matemática.

- Sim. - pigarreio - Sou o Harry.

Ela não parece perceber meu desconforto, pois apenas balança a cabeça como quem concorda e se vira para Louis, entrelaçando seus braços no pescoço do mesmo e plantando um beijo em seus lábios, antes de virar-se novamente para nós, começando a fazer os pedidos.

Foda-se.

Retiro meu uniforme - que resumia-se a um avental vermelho e branco com o símbolo da loja e entro na cozinha, ignorando o olhar alarmado de Liam sobre mim.

Eu precisava de ar.

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- Puta merda, isso é tão baixo! - Camila comenta, fazendo uma espécie de carinho em meus cabelos, enquanto eu permanecia com a cabeça em seu colo, divagando o quão iludido eu fora em relação a Louis - Quer dizer, claramente ele estava afim de você, Harry.

Faço que não, soltando um suspiro quase lamurioso demais.

- Eu não acho - digo - Cam, mesmo que ele estivesse afim, ou algo parecido, ele nunca dissera que queria ser exclusivo, que queria que fôssemos algo a mais que... Amigos que fazem coisas, como demonstrar afeto demais, sabe? Talvez, eu o deva ter interpretado de modo errado, uh? Esse pode ser o jeito dele com todo mundo.

Esse pode ser o jeito dele com todo mundo...

Droga!

De repente, me peguei pensando se Louis tratava todos daquele jeito, do mesmo jeito que me tratava. Seria injusto. Seria... Baixo.

- Discordo - ela diz - Você não o viu aquele dia, Hazzy. Eu vi. Ele estava claramente muito preocupado com você; para não dizer desesperado. Você sabe que sou uma boa observadora, certo? - eu assinto - Mesmo ele tentando não demonstrar, eu vi que ele estava prestes a arrancar os próprios cabelos e, cara... Quando ele encontrou você, o rosto dele ficou tão pálido quanto uma folha! Sabe, você parecia morto por um momento e isso o assustou tanto quanto nos assustou. Escute o que estou dizendo, pequeno anjo, Louis gosta de você!

Até mesmo pensei em retruca-la, fazendo uma lista básica de motivos para ele não gostar de mim, mas a julgar por sua expressão e seu jeito natural de lidar com as coisas, aquilo não seria uma boa ideia.

Camila tinha essa coisa de que nada, nem ninguém tirava algo de sua cabeça enquanto estava convicta de tal coisa. Mesmo estando errada, ela nunca dava o braço a torcer e sempre tentava achar uma boa maneira de demonstrar que não estava totalmente errada. Camila, era, às vezes, muito orgulhosa também.

- Ok - resmungo, sentando-me e a fitando - Que filme iremos ver?

Ela faz um bico, cerrando os olhos e banhando sua expressão com sua famosa cara pensativa, antes de abrir um grande sorriso.

- Mean Girls! - mais uma vez, não lutei para discordar, apenas assentindo, botando no filme e deitando novamente em seu colo.

É, aquela seria uma longa noite, cheia de filmes e Camila tagarelando o quanto Regina George era inspiradora para ela.