09 - Parte II

148 29 10
                                    

O primeiro trovão veio de repente, reverberando e estremecendo todo o apartamento. Louis logo tratou de vir até mim, depositando suas mãos protetoramente em minha cintura, lançando um olhar de "está tudo bem" para o meu rosto assustado.

Eu não gostava muito de trovões e tempestades, então, costumava sempre ligar a tv e botar em algum músical, como A Noviça Rebelde ou Cantando Na Chuva, enquanto Mitch, Jesy e Sarah se apertavam no mesmo sofá que eu, apenas para passar certo conforto, já que os mesmos haviam notado há algum tempo o meu medo.

Por isso, em alguns segundos, Sarah aparecera na porta da cozinha, com seu rosto lavado e pijamas fofo, ao que suas mãos se entrelaçam em frente ao seu corpo. Rapidamente, entendo seu olhar. Ela estava ali, se certificando de que eu estava bem.

Louis observara a cena com olhos atentos, sem deixar suas mãos saírem de minha cintura.

- Está... Tudo ok? - ela pergunta, parecendo meio incerta.

Demoro alguns segundos para responde-la, mas logo assinto.

- Não se preocupe - a tranquilizo, sorrindo levemente.

Ela retribui meu ato, balançando a cabeça.

- Se precisar de algo... - ela diz, apontando para a direção do quarto, ao que eu faço um som com a boca em concordância e ela apenas lança um último olhar para mim e, em seguida, para Louis, antes de girar nos calcanhares e ir para seu quarto.

- Ela é ótima - ele comenta, assim que não vê nenhum sinal de Sarah ali.

- Sim, ela é. - concordo, encolhendo-me.

Louis permanecera calado durante um tempo, ao que a chuva batia com toda a força contra a janela e raios clareavam as partes mais escuras do apartamento.

- O que você faz nessas horas? - ele pergunta.

Dou de ombros, brincando com meus dedos.

- Eu costumo... Assistir a algum musical, sabe?

Ele assente.

- Você tem O Mágico de Oz?

Mordo um de meus lábios para conter um sorriso e fito o chão.

- É o meu favorito.

Uma risada nasalada e um pequeno carinho como resposta.

- Então temos algo em comum, doce.








----x----






Estava quase no fim do filme quando Louis me aperta contra seus braços e murmura um singelo "hey..."

Faço um som com a boca para dizer que eu estava o ouvindo, mas sem conseguir tirar os olhos do filme, que nunca se cansaria de prender minha atenção.

- Que tal... Um banho de chuva? - ele pergunta e finalmente eu o fito, piscando algumas vezes e franzindo o cenho.

- Banho de chuva?

- Banho de chuva - ele diz, não esperando minha resposta e levantando do sofá, oferecendo sua mão para mim.

Eu apenas o observo.

- Está falando sério?

Ele concorda.

- Nunca falei tão sério.

- Mas está... Chovendo...

- Bom, Harry, é por isso que se chama Banho de Chuva - ele ri, fazendo seus olhos ficarem pequenos - Sabe, se não estivesse chovendo... Não seria um banho de chuva.

Fazia sentido.

Varro meus olhos até a janela e espero algum tipo de clarão ou estouro, mas noto que a chuva havia diminuído e a situação já estava bem mais estável. Parecia perfeito.

- Por um acaso você estava esperando a chuva diminuir e a tempestade passar para isso?

Louis sorri grande, ainda com suas mãos estendidas.

- Você nunca saberá, anjo.








---x---



Louis me pegara quase delicadamente demais pelo pulso e me rodara enquanto a chuva nos encharcava cada vez mais, antes de rir junto a mim e colar seu peitoral contra o meu, ao que eu arfo e pisco algumas vezes, sentindo os pingos de chuva refrescarem meu corpo quente.

Ele era como uma luz no meio da estrada escura, junto a lua no céu. Porém, nem mesmo ela parecia ser páreo para Louis, que brilhava intensamente.

- Você sente isso? - ele pergunta de repente, sua voz baixa e rouca - Sente... Sente como se você estivesse tão em paz a ponto de parecer que está flutuando?

Assinto rapidamente e meu coração da um pequeno salto. Louis havia descrito exatamente o que eu sentia quando estava com ele.

- Sim. Eu sinto. - afirmo, sem hesitar.

Um leve sorriso trilha seu rosto e ele afaga minha bochecha, afastando uma mecha molhada de minha testa, fixando bem suas íris límpidas nas minhas.

- Obrigado por sentir também - ele murmura, aproximando ainda mais seu rosto e, então, pressionando seus lábios aos meus.

E eu não só estava flutuando. Eu estava voando.

O barulho da chuva cessara, meu cérebro derretera, meus pensamentos viraram pó e meu corpo esquentara ainda mais, fazendo-me arfar, surpreso e extasiado.

Seus lábios se moveram uma vez, depois duas e três. Eles eram quentes e pareciam perfeitos. Eles eram perfeitos. Estavam no lugar certo.

Louis não aprofundara realmente o beijo e nem eu. Quase como uma comunicação silenciosa, dissemos um para o outro que aquilo bastava por enquanto.

Era perfeito.

Minhas mãos se afrouxam do aperto que eu dava em sua blusa ensopada e caminham até seus cabelos, prendendo-os entre meus dedos e os puxando de forma leve, mas que parecia ter sido o suficiente para Louis apertar minha cintura ainda mais, fazendo-me grunhir baixinho.

Logo, o ar faz falta e de modo lento, separamos nossos lábios, grudando nossas testas, totalmente ofegantes.

Louis sorri, acariciando a maçã de meu rosto.

- Isso foi melhor do que imaginei - comenta, com sua voz meio fraca e arfante.

Concordo, quase sem ar demais e extasiado demais para sequer conseguir dizer algo.

- Então você... Já havia imaginado? - pergunto, sugando um pouco de ar com a boca e piscando por conta dos pingos de chuva incessantes.

- Diversas vezes - ele assume, rindo quando abro e fecho a boca algumas vezes, sem saber o que dizer - Não fique surpreso.

- Ok - respondo, quase num fio de voz - Não estou.

- Está sim - ele ri de minha mentira - Mas saiba, Harry... Eu imagino diversas coisas com você.

Minhas bochechas esquentam tão forte que tenho que enfiar meu rosto em seu peito e apertar meus lábios contra meus dentes, totalmente surpreso com sua declaração.

- Não diga essas coisas - murmuro, envergonhado demais para conseguir olhá-lo.

- Ora, mas é a verdade! - ele diz, acolhendo-me num abraço caloroso e confortante, antes de suspirar levemente - Eu... Eu gosto de você. Eu gosto mesmo de você, doce... Meu doce Harry...

Creep | L.SOnde histórias criam vida. Descubra agora