Creep | L.S

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But I'm a creep, I'm a weirdo. What the hell am I doing here? I don't belong here...

Louis

- Se você não for, isso aqui será nosso – Calvin ameaça, balançando minha ultima cartela de cigarros no ar, enquanto seus cabelos voavam com o vento frio que batia contra nossos corpos.

Eu o fito de forma séria e com uma espécie de bico nos lábios, franzindo a testa e ponderando se ia ou não.

- Ah! E os charutos também, anjinho – Stan acrescenta, levantando diversas vezes suas sobrancelhas e lançando-me sua famosa expressão debochada em minha direção, ao que eu resisto ao impulso de não parecer chocado demais.

- Você não pegou os meus...

- Peguei sim, sexy – ele admite, passando a língua entre os dentes e soltando uma risada maléfica, junto a Calvin.

Não precisei checar. Ele não estava mentindo.

Com isso, cerro meu maxilar e bufo, concordando logo em seguida.

- Faremos nossos pedidos, sentaremos na mesa mais afastada de lá e iremos embora, sim? É isso ou nada.

Stan revira os olhos com um suspiro, começando a prender os fios de cabelos longos com um laço que havia em seu pulso.

- Apesar de você não estar em condições de exigir nada, nós aceitamos o acordo – ele termina de amarrar os fios e logo estende uma de suas mãos para mim, ao que eu aceito e a balanço no ar, selando o acordo.

- E, apesar de eu ter acabado de comer milhares de waffles cobertos com calda de caramelo, nós aceitamos o acordo – Calvin completa, fazendo-me ter que morder um de meus lábios para não rir do mesmo.

- Uhg! Ok. Vamos nessa.– eu digo, em um falso resmungo.

Assim que entramos, o odor de café com tortas assando invade minhas narinas e quase como se fosse ensaiado, meus olhos automaticamente o acham, fixando-se nele.

Dura dois segundos, antes de eu desviar e focar minha atenção em Calvin e Stan.

- Você viu aquilo? – Stan pergunta a Calvin, referindo-se ao plano mirabolante dos dois de pegar minhas drogas e me chantagear falsamente.

- Nós somos fodas! – Stan exclama, soltando uma risada logo depois, junto à Calvin. Eu rio também, não conseguindo segurar minha risada diante das caras que eles faziam.

Uma movimentação à frente chama minha atenção e vejo o amigo dele, o garoto com olhos escuros e sempre sérios sussurrar algo a ele, que encolhe-se e aperta os olhos, assentindo. Segundos depois, o garoto some e ele fica, parecendo... Encabulado. Nervoso. Ele parecia querer fugir dali, parecia... Indefeso.

Aquilo fora o que me motivara a caminhar em sua direção, ignorando os olhares questionadores de meus amigos. E, a cada passo que eu dava, sentimentos que eu nunca havia sentido e que eu nem ao menos sabia que existiam, floresciam em meu peito, alastrando-se por todo meu corpo e causando diversas sensações bizarras.

Harry era o nome dele. Harry tinha cabelos ondulados, olhos tímidos, lábios em formato coração e boné. Ele era bonito e me atraia sem saber e perceber. Ele era como um anjo.

Então, pela primeira vez, eu estava frente à frente com ele. Eu estava em êxtase.

- Olá? – pergunto, animadamente demais.

Ele não ousara me olhar, apenas continuara com seus olhos fixados ao chão. Porém, um segundo depois, seus olhos subiram um pouco, mas sem fazer contato direto com os meus – para minha infelicidade.