Capítulo 21

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— Isso é horrível

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— Isso é horrível. — Disse eu, fazendo uma careta ao tomar o remédio com gosto de morte que meu pai comprou.

Ele riu.

— Deve ser mesmo, mas é necessário. Agora eu vou lá fazer o almoço, e a senhorita — me fitou — trate de descansar. — Piscou pra mim e saiu do quarto.

Suspirei e olhei pela janela, o tempo estava bem fechado e as nuvens densas cobriam o céu, a paisagem era cinza, o que significava que em instantes cairia uma chuva daquelas. Isso me tranquilizou, sempre gostei de dias chuvosos, me deixavam mais calma. Me afundei no meu travesseiro e me cobri ainda mais com o edredom. Meus olhos se fecharam e em poucos minutos, senti o cheiro bom da comida do meu pai, ao mesmo tempo em que as pequenas e até então fracas gotas de chuva começaram a cair, fechei os olhos enquanto ouvia o barulho e sentia o cheiro da comida. Duas coisas tão simples que me relaxavam muito.

Eu conseguia fechar os olhos em paz agora, pois além dos remédios pra dor e febre, meu pai também comprou um calmante, então eu estava mais tranquila.

Mais ou menos uma hora depois, meu pai entra no quarto segurando uma bandeja com um prato em cima.

— Não tô com fome, pai... — Já fui avisando.

— Não, senhorita. Vai comer sim. Você mesma disse pro doutor que estava com o corpo fraco. Agora levante-se.

Contra a minha vontade, sentei-me na cama e peguei a bandeja da mão dele começando a comer. Meu pai tinha mãos preciosas quando se tratava de comida, putz.

Enquanto comia, a gente conversava, eu sabia que ele só estava lá para ver se eu comeria direito. Depois de almoçar, ele saiu do meu quarto e eu voltei a me deitar, novamente meus pensamentos foram no Zac, meu olhos ficaram molhados e logo veio a vontade de chorar.

Eu gostava tanto dele...
Ele matou a minha mãe...
Com apenas dez anos de idade...
Ainda não dava pra acreditar.

Limpei meus olhos rapidamente e controlei minha vontade de chorar, eu já estava cansada.

Respirei fundo e me levantei da cama, indo direto para o banheiro. Tomei banho e escovei meus dentes, precisava despertar, fazer algo que me distraísse ou eu iria definhar aos poucos. Aliás, já estava definhando. Voltei pro meu quarto e coloquei uma roupa confortável e de repente, lembrei do dia que eu havia ido ao sótão e vi a carta que minha mãe deixou pra mim. Eu sabia que talvez fosse uma péssima ideia, mas fui até lá novamente abrir aquela carta.

O baúzinho estava em cima de uma mesa de madeira cheia de coisas como lupa, caixas, papéis e outras velharias. Como eu havia quebrado o cadeado dele, só precisei levantar a tampa, alguns papéis estavam por cima, a carta da minha mãe era a última. Só de ver as iniciais dela ao escrever seu nome, já me deu novamente a vontade de chorar. Abri o envelope e comecei a ler.

"Querida filha,
Sinceramente, eu nem sei o porquê que eu escrevi essa carta, sei que deu vontade e aqui estou eu.
Queria dizer que te amo muito, e ao papai também, e que no decorrer da sua vida, você terá vários altos e baixos, mas não deixe que esses baixos estraguem seus sonhos e não permita que eles te façam desistir do que você quer. Se você se sentir triste por alguma coisa, não deixe que essa tristeza te consuma e tome conta de você, você é linda e fica mais bonita ainda sorrindo, então não deixe que nada tire isso de você."

Coração De GeloOnde histórias criam vida. Descubra agora