Capítulo 6

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Era noite e meu pai havia acabado de chegar, eu estava no sofá, comendo pipoca doce e assistindo The Vampire Diaries (esse Damon é lindo de morrer, não é?); confesso que não estava prestando muita atenção na série, a discussão que Zac e eu tivemos...

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Era noite e meu pai havia acabado de chegar, eu estava no sofá, comendo pipoca doce e assistindo The Vampire Diaries (esse Damon é lindo de morrer, não é?); confesso que não estava prestando muita atenção na série, a discussão que Zac e eu tivemos não saía da minha cabeça.

Qual é a dele?!

Eu só fui pedir desculpas, eu sei que eu estava errada, e o que ele fez? Me jogou pedras! Bom saber que ele é assim, melhor que eu fico longe.

- Filha? - Meu pai aparece, interrompendo meus pensamentos. Balanço a cabeça, voltando à realidade.

- Oi, pai. Faz muito tempo que o senhor está aí?

- Não. Mas eu te chamei umas três vezes!

- Desculpa. Eu estou com a cabeça longe.

- Aconteceu alguma coisa? - Perguntou, sentando-se ao meu lado.

- Não... Sim... Ah, mais ou menos.

- Quer compartilhar?

Meu pai é meu melhor amigo, então me sinto à vontade de lhe contar tudo.

- Eu briguei com o filho da sra. Trayne. - Continuei.

- Zac? Por quê?

- Porque ele é um idiota, pai! – Me exaltei, irritada.

- Ei, ei, ei! Calma! O quê ele fez pra você?

- Ele me insultou, me ofendeu! Disse que eu tenho a minha "vidinha perfeita", mas ele não sabe o que eu tenho passado desde que a mamãe se foi!

Desabafei, e percebi que minhas palavras o atingiram.

- Desculpa... – Eu disse. –Desculpa, pai, eu... falei sem pensar.

- Está tudo bem, querida... E acredite, eu também sinto a falta dela. Você não pode se deixar levar pelas palavras desse garoto.

O abracei e ficamos assim por um tempo, até que nos afastamos e ele disse:

- Agora eu vou subir e tomar um banho.

- Vai lá. – Sorriu fraco e beijou minha testa.

Ele subiu as escadas enquanto eu o observava. Meu pai é bonito. Ele tinha os cabelos lisos pretos, com alguns fios grisalhos, alto, tem um físico legal e olhos verdes. As pessoas sempre dizem que sou uma mistura dele com a mamãe. Meus olhos são verdes como os dele, e meu cabelo é castanho escuro, com algumas ondulações ao longo dos fios, como os da minha mãe.

Voltei a assistir a série, saindo dos meus devaneios. Quando acabou, deliguei a TV e fui para o meu quarto. Minha cortinas estava aberta e eu pude ver Zac em seu quarto, deitado em sua cama, olhando para o nada.

O que tem de bonito, tem de estúpido. Pensei.

Peguei meu fone e me deitei. Dormi ao som de "I Don't Wanna Live Forever - ZAYN".

Na manhã seguinte, pus uma calça moletom cinza, uma regata azul clara, meus tênis e fui correr. Eu tenho a mania de ouvir música enquanto corro, pra não ficar entendiada – aliás, foi por isso que eu havia me perdido outro dia –, e estava tocando em meu headphone uma das minhas preferidas: "Counting Stars - OneRepublic". Parei de correr um pouco para me alongar, quando sinto uma mão quente tocar meu ombro. Me viro com o susto.

- Uow, sra. Trayne! – Pus a mão em neu peito. – A senhora quase me matou de susto!

- Desculpe, querida. Tudo bem?

- Agora sim. E a senhora?

- Por favor, pare de me chamar de senhora, me sinto tão velha assim, me chame de "você". E sim, eu estou bem, obrigada.

- Ah, que bom.

- É... Como está a relação com meu filho?

Como assim? Ele não contou pra ela o quê aconteceu?

- Ah... Ótima. - Menti. - Ele tem um gênio um pouco forte, mas... está tudo sob controle.

- Ele puxou a personalidade do pai.

- Pois é. Bom, eu tenho que ir. Foi bom conversar com a senho... com você.

Ela riu da minha confusão.

- Tudo bem, então. Até mais.

 Voltei a correr e ela foi embora. Cheguei em casa na hora do almoço. Fiz alguma coisa pra comer e fui para a sala. Liguei a TV mas logo enjoei e fui para a varanda. Vi Zac sair de sua casa mas, assim que me viu, voltou para dentro. Nem me importei, se ele estava com raiva de mim o problema não era meu. Mas logo depois, ele saiu de novo e veio em minha direção.

- Oi... - Ele disse.

- Oi. - Respondi seca.

- Eu... vim fazer a mesma coisa que você foi fazer na minha casa. Vim te pedir desculpas.

Ergui a sobrancelha.

- Pelo quê?

- Ah, qual é? Você sabe. Pelo o que eu te disse. Eu estava nervoso, com raiva, e acabei falando o que não devia. Me perdoa? – Ele parecia meio desconfortável em pedir perdão, acho que não estava acostumado.

Fiquei em silêncio, sem olhar pra ele.

- Tudo bem. - Ele disse. - Eu fiz o que eu achei que era certo fazer, agora é você quem decide. Tchau.

- Espera! - Eu chamei. - Senta aí.

Ele pareceu meio desconfiado, mas fez o que eu pedi.

- Eu fiquei realmente chateada com você, pelo jeito que você me tratou... Mas você teve seus motivos, eu também não fui legal com você. Então vamos fazer o seguinte: eu te perdoo se você me perdoar primeiro.

Eu pensou um pouco.

- Tá legal. Eu te perdoo.

- Ótimo. Estamos bem?

- Acho que sim.

- Legal...

Ficamos um bom tempo em silêncio, até que eu me pronunciei.

- Vi sua mãe hoje.

- Hum...

Dois!

- Ela perguntou como estava a nossa "relação". – Fiz aspas com os dedos.

- E o que você disse?

- Que estava ótima.

Ele riu, ainda que baixinho. Pela primeira vez pude vê-lo sorrindo, eu queria ter uma câmera pra registrar esse momento! Ele tem um sorriso lindo.

- Você é uma péssima mentirosa.

Dessa vez, fui eu quem riu.

- Mas ela pareceu acreditar em mim.

Mais uma vez ficamos em silêncio, mas ele voltou a falar.

- Eu não vejo você ir à escola.

- Eu não estudo mais. Terminei o colegial com dezessete anos... Mas e você?

- Não tem muito o que saber sobre mim.

- Ah, para. Deve ter alguma coisa, sim.

- Não, não tem. – Disse seco, como sempre. – Eu já vou. Tchau.

- Mas... – Não me esperou. – Tá, tchau.

Ele foi embora, e eu percebi que tinha ficado desconfortável com o assunto. Garoto misterioso. Cheguei à conclusão de que tinha muito a saber sobre ele.


Coração De GeloOnde histórias criam vida. Descubra agora