XVII. Uma dose de Verdade

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Park Jimin✖️

"O tempo cura tudo... A questão é: quanto tempo?", foi à frase que mais me marcou em Alice, o país das maravilhas, e é sobre o que venho pensando. Estou com medo de descobrir demais, e de me deparar com algo além do conhecido; Algo que não consigo curar, mesmo que agora eu tenha toda a eternidade para isso. Não é como se eu já não soubesse de tudo - ao menos, creio que eu já saiba.

Essa história é como um livro obscuro cheio de mensagem para serem interpretadas, então, talvez eu esteja com medo. E talvez eu esteja certo em manter esse sentimento.

As palavras de Yoongi entraram por um ouvido e saíram pelo outro, meus dedos buscando alento da barra da blusa de Jungkook. Eu me encontro sem chão e acabei de desligar a chamada.

- Me leve até o submundo. - peço, em pânico, o celular despencando de minha mão até quicar no colchão. Nem a dor de minhas costas me faz vacilar.

Sou o primeiro a deixar a cama para ir vestir uma blusa quente e um sobretudo, apressado, enfiando meu par de luvas pretas nos dedos. Fui caminhando até à sala nesse meio tempo, Jeon me seguindo como um carrapato, e eu peço outra vez:

- Me leve até o submundo.

Ele palpa os bolsos de sua calça, resmungando algo quase inaudível, e fala:

- Precisamos de dracmas, anjo. Estão no meu apartamento, precisamos pegar lá.

Agradeço aos céus sua compressão, mesmo perdido, e dou um selar confuso e molhado em sua boca antes de sairmos do apartamento para me acalmar, e funciona. Ele me instrui sobre como usar o pedregulho azul redondo, diferente da moeda que usamos para pagar as coisas, mas que possui o mesmo nome, e - literalmente - em um piscar de olhos, uma neblina branca ocupa meu campo de visão até tudo ficar negro. Me percebo dentro de um espaço sombrio, com paredes e colunas altas, semelhantes aos do Olimpo, mas com cores totalmente opostas.

Um castelo. O centro de um castelo, as colunas exageradas e belas delineadas por fios de prata. O mármore negro banhado por pontos cintilantes de luz em locais específicos da parede central, formando o símbolo de Hades, no topo do local, e os corredores longos.

Solto a mão de Jungkook, caminhando com as pernas bambas pela sala grande até os pontos de luz.

Estrelas. Estrelas estão presas dentro da parede preta, formando o desenho, e elas são cintilantes como o céu. Porém, estão bem embaixo dele.

Há um trono feito de um material espelhado que lembra espadas entrelaçadas, irradiando a luz dos astros. Fico boquiaberto, perdendo o fôlego, e olho para Jeon. Sua beleza contrasta com o preto. É a cor dele, me deixa ainda mais sem ar, e acabo desviando minha atenção dele para não perder o rumo. Seus passos ecoam pelo chão tiço até um dos corredores, esse longo e iluminado por tochas feitas de material espelhado, e o ar se torna denso e quente. Minhas lufadas de inspiração se aprofundam. No final dele, mal consigo respirar sem sentir meu pulmão doer. É como estar dançando dentro de uma fogueira.

Uma passarela larga e alta suspende o caminho por cima das labaredas de fogo do submundo, onde as almas perdidas são jogadas e presas por toda a eternidade, e eu me sinto enojado e tonto. Uma angústia dando um nó na ponta de meu estômago, esmagando meu coração. Eu apenas me sinto... Desesperado? É tolerável. É a mesma coisa que senti ao ver o corpo de Chanie machucado e sangrando, mas dessa vez me parece controlável, apesar de mais forte.

É como se fosse impossível dar um passo a mais.

Como uma barreira.

- Anjo... - Jeon me chama, segurando meu dedo mindinho. Fico confortado pelo seu olhar sincero, por alguns segundos, e é como se a dor diminuísse.

Profecia Grega ᠅ jjk+pjmOnde histórias criam vida. Descubra agora