XIX. Marcada

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Jimin mexe nas orelhinhas de Lua, enquanto o animal adormece sobre a cama de casal bagunçada. Jungkook aparece na porta do quarto, segurando uma sacola grande nos braços, e vai até o loiro. Eles trocam um olhar antes de saírem juntos, os mirantes reluzentes de Park cintilando conforme tentam ver o que há na sacola.

— O que você comprou pra ela? — o loiro pergunta, curioso, e Jungkook a coloca sobre a mesa da cozinha. Park, ao ver todos os objetos dentro dela, tomba a cabeça para o lado, abismado. Seus olhos doces e inocentes, mesclados com feixes da luz solar transpassada das janelas altas sobre a pia, fazem o semideus soltar um suspiro pesaroso. A sua frente, o loiro solta uma risada frouxa, nervoso e encantado com Jungkook.

— Sua filha vai ficar mimada. — comenta, subindo seus mirantes para o meio-sangue, que dá de ombros após ouvir o comentário.

— Claro que vai. — ele responde, simplista. Jimin se volta para ele, apoiando seus braços sobre a bancada para tirar os brinquedos e as vasilhas de comida de dentro do plástico. Já Jungkook, um tanto quanto nervoso, solta no ar:

— Vou precisar viajar.

O mundo parece despencar ao redor do Park, as paredes da cozinha ficando mais escuras por conta da visão se turvando, os raios de sol que emanam da janela já não tocando sua íris azulada. Ele não sente suas pernas, o estômago se fechando no pé da sua barriga, e parece que uma pedra foi introduzida em sua traqueia. Sequer consegue respirar e, buscando falar algo, ele diz:

— Jun...

— Ei, eu vou ficar bem. — Jungkook segura as laterais do corpo pequeno do loiro, com delicadeza, colocando-o entre suas pernas. — Vou estar em segurança.

— Eu confio em você, mas eu não confio em Atlas.

Suas cabeças pendulam para frente, suas testas se encostam. Os olhos de Park se fecham, calmos, e os batimentos da asa de seu nariz se forçam, buscando o fôlego até então desconhecido. Ele se considera esgotado, apesar de não poder estar.

— Quantos dias?

— Cinco.

O estômago de Park aperta ainda mais.

— Eu confio em você. — a fala parece mais uma pergunta do que uma afirmação.

— Isso é um sim?

— Sim. — seus ombros se encolhem, uma gota de lágrima quase escorrendo pela sua bochecha roliça e pálida. — Você vai falar comigo o tempo inteiro.

— Vou, gatinho, vou sim. — o loiro abre um sorriso com o apelido carinhoso, puxando Jungkook para um abraço tão cheio de amor quanto o que pulsa dentro de si.

Ele senta de lado, no colo de Jungkook, prendendo suas unhas curtas na pele do torso do meio-sangue, por cima da camisa, e suspira, deitando sua cabeça no ombro dele.

— Pensei que fosse brigar comigo. — Jeon confessa, aliviado. — Fazer drama e me forçar a não ir.

— Eu não quero ser chato. Quero confiar em você... Sei que não se arriscaria. Eu quero aproveitar com você e sem brigas até que nossas obrigações batam na porta.

— É, nós precisamos ficar de olho nisso... E eu acho que nós deveríamos também deveríamos observar Hades e Apolo.

— O que? — Park quase salta do colo. — 'Cê tá desconfiado do solzinho?

— Amor, pensa bem, nós desconfiamos de Ares porque você o viu de fuxico com a Rosé! — Jimin pensa, esfregando lentamente a pontinha de seu nariz no pescoço de Jungkook. O semideus não se importa com o afago. — E porque ele transou com ela, porque ele pegou no frasco da poção que você bebeu... Mas Apolo e Hades também transaram com ela, o Tae disse, e eles também tiveram contato com a poção, então...

Profecia Grega ᠅ jjk+pjmOnde histórias criam vida. Descubra agora