Talis comprou uma carroça de madeira simples com só 3 lugares à frente e uma parte de trás para colocar alguns utensílios agrícolas.
- Vamos lá subir para cima da carroça - Talis mandou e Giuseppe deu a mão à princesa para a ajudar a subir.
Começaram a viagem em silêncio. A carroça abanava por todos os lados pois a estrada em terra servia somente para os agricultores passarem com os instrumentos para o cultivo e não para passageiros. Portanto, a estrada encontrava-se cheia de buracos o que fazia a pequena carroça saltar para cima e para baixo, graças ao leve peso que levava.
Há medida que as horas passavam, Amália ficava mais desesperada com o saltitar da carroça e com aborrecimento que se estava a apoderar dela.- Vamos jogar um jogo! - Giuseppe exclamou fazendo todos olhar para ele.
- Qual? - Amália perguntou já disposta a tudo.
- Ao "eu vejo"! - ele disse - descrevemos as coisas que vemos e as pessoas têm que adivinhar. Eu começo! Eu vejo uma coisa alta...
- Uma árvore - a princesa perguntou levantando a sobrancelha dando pela falta de coisas altas.
- Está certo. - Giuseppe sussurrou, aborrecido com a facilidade de Amália.
- Eu vejo... - Amália começou - uma coisa fininha e castanha...
- O trigo? - Giuseppe adivinhou.
- Sim... - Amália disse apercebendo-se que o jogo ia durar pouco.
- Eu vejo uma coisa branca e fofa.
- A nuvem? - Talis perguntou - estamos a entrar no desespero
- Vamos arranjar outro jogo.
- já não tenho mais ideias... - Giuseppe avisou
- Vamos fazer quadras! - Amália exclamou.
- Ai não por favor... - Talis suspirou
- É melhor que nada... - Giuseppe disse
- Eu começo! - Amália disse aclarando a garganta
Água que passa e canta
É água que faz dormir...
Sonhar é coisa que encanta,
Pensar é já não sentir- Agora eu! - Giuseppe disse
Eu gosto de andar
Nesta estrada caminhar
Se me souberes acompanhar
Mais feliz irei ficarGiuseppe estendeu o braço por cima da princesa e olhou para os seus lábios com a intenção de a beijar.
- NÃO ENQUANTO EU ESTIVER A VER! - Talis disse empurrando a cara do sobrinho com a mão para trás. Este voltou a encostar-se ao banco e Amália cantou para ele.
Como mais feliz podes ficar
Sabendo que não vamos durar?
Muito triste hás de estar
Quando me tiveres de deixar.Giuseppe respondeu:
Sabes que não vou tolerar
Se me abandonares numa noite de luar
Tens que começar a acreditar
Que sou eu que te vou levar ao altarTalis irritado começou:
É bom que parem de sonhar
Estou a ficar farto de vos aturar
Eu sei que gostam muito de falar
Mas podiam se calar para variar...O silencio voltou a instaurar-se.
- Foi quase tão bom como os nossos - Amália comentou baixinho.
- EU TENHO OUTRA! EU TENHO OUTRA! - Giuseppe exclamou. Talis bufou ruidosamente.
Sei que posso te amar
Mas sei que não nos podemos casar
No entanto ninguém nos proíbe de brincar
Eu prometi a tu virgindade preservar.Talis pregou um estalo ao sobrinho.
- Aprende a ser um homem!!!
- Essa a nível rimático não foi tão boa. - Amália comentou.
- Pois não, mas eu achei que estava bonito...
- Eu digo te o bonito rapaz! Achas que diz se isso a uma princesa? Que raio de educação eu te dei.
- A do adultério... - Giuseppe respondeu começando a ficar muito irritado com a atitude do tio.
Talis olhou para Giuseppe capaz de o matar.
- É que eu nem vou perguntar o que é vocês estão a falar... - Amália disse
- Melhor assim... - Talis rosnou olhando Giuseppe de lado.
O silencio instaurou se pelo resto da viagem.
Começou a anoitecer e Talis parou numa vila pequena.
Bateu na porta de uma das pequenas casas de pedra e perguntou se ali perto haveria algum sítio onde nos podessemos abrigar durante a noite.
A pessoa negou, mas disse que podíamos pernoitar no seu curral.
Dirigiu nos até à parte de trás da casa e abriu uma porta de madeira. Entraram no curral e Amália sentiu logo o cheiro a vacas.- Muito obrigado, estamos-lhe muito agradecidos. - Talis disse.
O senhor assentiu com a cabeça e saiu do curral. Talis atirou-se para cima de um monte de feno e caiu num sono profundo.
Giuseppe arranjou melhor a palha e aninhou-se nela, na tentativa de adormecer e Amália,desajeitada, deitou-se diretamente no chão só com a cabeça na palha.
O cheiro a animal, o chão frio e o rastejar de algum inseto ou bicho no chão fizeram com que Amália não dura-se mais de 5 minutos deitada naquele local horrendo. Desesperada, levantou-se silenciosamente e saiu do curral.
Sentou-se à porta deste encostando-se à parede de pedra fria.- não consegues dormir? - perguntou Giuseppe.
- naquele sítio não. Prefiro passar a noite toda acordada.
Giuseppe passou o braço por cima de Amália e esta encostou-se ao seu peito.- Eu só quero chegar rápido a Falia...
Giuseppe manteu-se em silêncio.
- Sabes que eles lá são muito diferentes de nós? Não sabes? - Giuseppe perguntou
- Sei... porque é que perguntas? - Amália perguntou, levantando a cabeça e olhando Giuseppe nos olhos.
- Eu não acho que te vás adaptar lá. Eu já estive lá e sei como eles são.
- Mas porque?
- Aqui em Granada há muito mais valorização da mulher. Lá eles estão habituados a que o homem mande. Sempre. Aqui a corte é o sítio mais glamoroso e luxuoso do mundo, lá os reis vivem pouco diferente do resto do povo. São capazes de ter melhores casas e mais comida mas não têm a grandeza que tu estás habituada. Aqui os homens são corteses, educados...sóbrios... Lá são rudes, bêbados e agressivos. Têm uma cultura diferente, uma religião diferente e sabe lá Deus se eles realmente vão ajudar-te ou só se vão aproveitar de ti!
- Tu fazes me ter medo... - Amália confessou encostando-se na parede. Giuseppe inclinou-se para a rapariga tocando-lhe na face.
- Claro! E é normal que sintas! Não consegues imaginar uma vida simples comigo? Numa casa, casados, com os nossos filhos...
- Claro que consigo, mas eu não sou uma pessoa normal, nunca hei de ter uma vida normal! Não me cabe a mim decidir isso! Eu nasci herdeira do trono de Granada e herdeira desse trono hei de ser!
Giuseppe baixou o olhar, fatigado com a persistência da rapariga.
- Basta quereres. Uma palavra e muda tudo.
Giuseppe beijou Amália na bochecha e voltou para dentro do curral.
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Lost Kingdom
RomanceO Reino de Gantive invade o Reino de Granada matando o rei e a rainha e deixando a princesa Amália sozinha para vingar a morte de seus pais e restaurar o reino de Granada.