Ja faz uns dois dias que aquele episódio da sala de jantar aconteceu, desde então evitei ter encontros com o Victor. Na horas das refeições eu demoro pra descer porque assim quando chego lá ele já está terminando. Acho que me arrisquei demais me comportando daquele jeito.
Tenho que começar a me controlar mais mas pra isso tenho que dar uma recuada.
Não posso colocar tudo a perder justo agora que consegui chegar até aqui, sei que to longe de chegar perto do Carlos mas pelo menos estou na casa do sobrinho dele. Victor vai ser minha porta pra chegar até quem eu quero mas tenho na estratégica e não simplesmente pegar a arma da mão dele e apontar justo pro Russo.
Agora está na hora do jantar, tomei um banho e me troquei. Eu já tinha tirado minha maquiagem no banho e estou com preguiça de fazer outra então fiquei sem mesmo.
Coloquei minha rasteirinha e sai do quarto, quando cheguei na ponta da escada parei ouvindo a voz dele da sala. Não tinha mas ninguém falando então devia estar na ligação com alguém.
- Fica tranquilo Carlos que seu pacote tá bem, trancada no quarto.
Arqueei a sobrancelha estranhando, espero que não esteja se referindo a mim.
- Não tive tempo pra conhecer ela ainda, mas é.. corajosa e parece ser bem teimosa.
É.. realmente eles estão falando de mim, a única mulher que Victor não conhece direito ainda sou eu e o Carlos me comprou então o "pacote" com toda certeza é eu.
- Tem certeza ela é só uma vendida de um leilão? - me gelei por inteira ouvindo ele perguntar - Por nada, ela só me deixou intrigado.
Eu sabia que tinha arriscado muito pegando a arma da mão dele, não posso colocar tudo a perder agora. se ele descobre quem realmente sou, vou ser feita de peneira de tantos tiros que vão me atravessar. Que porra.
Preciso cortar o assunto deles agora antes que Carlos comece a fazer perguntar a Victor conte o que aconteceu naquela noite.
Desci dois degraus fazendo questão do barulho do meu salto fazer eco pela casa e observei ele virar pra mim me olhando de cima a baixo. Tava na cara que eu tava escutando a conversa então de longe já deu pra ver ele dar aquela contraída no maxilar que homens faz isso quando fecham a cara. Coloquei uma bela cara de seria na feição e terminei de descer as escadas.
- Depois eu te ligo - ele desligou sem nem esperar a resposta e se virou pra mim colocando o celular no bolso - Não ouvi você sair do quarto.
Me aproximei do sofá apoiando as duas mãos nele ainda olhando pra cara dele.
- Desci pra jantar - digo breve.
- A quanto tempo estava ali?
- Então pra máfia as mulheres são pacotes?
- Só as que são compradas em um leilão - estreitei os olhos com sua resposta e ele sorri de lado me desafiando.
Olhei pra ele de cima a baixo com um certo nojo das palavras que ainda estão gravadas na minha mente e ele subiu um pouco o queixo deixando seu maxilar mais mostra tentando se sentir superior.
- Uma ótima noite pra você - sua andando em direção a escada.
- Onde pensa que vai?
- Dormir - quando coloquei o primeiro pé na escada ouvi seus passos se apressar até mim.
- Não - disse me fazendo parar onde estava.
- O que? - me virei pra ele.
Ele parou na minha frente e subiu o degrau abaixo do meu ficando exatamente do meu tamanho.
- Vamos jantar - ele abriu espaço apontando a sala de jantar feito um mordomo.
Bufei descendo os poucos degraus que tinha e fui pra maldita mesa de jantar, vou comer pouco e subir por que não sou obrigada e ficar no mesmo lugar que esse nojento.
Sentamos e eu já comecei a comer o mais rápido possível, dei no máximo uma cinco garfada no prato e larguei os talheres do lado do meu guardanapo. Ele que estava se acabando em comer me olhou arqueando aquelas grossas sobrancelhas.
- O que foi?
- Estou sem fome - bebi um bom gole do meu suco.
- Não comeu quase nada.
- Porque estou sem fome - olhei pra ele.
- Tanto faz.
Dei mais um gole no meu suco e peguei um morango da bandeja que Carol deixou aqui, eu quero sair mas já enfrentei ele demais hoje, melhor dar uma segurada. Acho que uma garota sequestrada e vendida em um leilão não iria se comportar assim.
- Eu vou ter que sair pra resolver uma coisa - ele quebrou meus pensamentos - Fica aqui.
- Tudo bem.
- Se quiser pedir algum lanche, sei lá, pedi pra Carol.
Só concordei com a cabeça e continuei comendo uns morangos.
Ele levantou deixando o prato pela metade e saiu da sala de jantar, ouvi seus passos na escada e observei ele subir até seu corpo sumir do meu campo de visão.
Ridículo.
- Senhora? - Carol chamou do outro lado da sala - Precisa de mais alguma coisa, uma sobremesa?
- Não Carol obrigada, só quero mais morangos.
- Claro - ela foi pra cozinha pegar e eu fiquei ali sentada apreciando a beleza da mesa já que eu só fico olhando para as paredes do meu quero.
Não demorou pra ela voltar com um prato de morangos pra mim, como devagar porque não estava cheia, fiz aquilo só pra pirraçar o Victor.
Vi ele descer as escadas já trocado com óculos escuros e aquele cabelo preto meio bagunçado de uma forma bonita. Antes de sair ele deu aquele olhada pra mim que me fez desviar o olhar na hora depois só ouvi a porta principal bater.
Peguei meu prato de morangos e fui logo pro meu quarto me trancar lá o dia todo..
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Querida Mariana
Aksi+16 | Mariana, uma menina ingênua, pelo menos era quando tinha seus 12 anos. Vivenciou a pior cena que uma criança poderia viver, na qual viu seus pais serem mortos na sua frente. Hoje em dia já crescida e uma assassina profissional, não vai deixa...