Ele tá parado na minha frente enquanto Victor está do meu lado com a mão na minha cintura, nesse segundo em que ele falou meu nome pareceu uma eternidade. Parece que estamos a horas parados aqui olhando um pra cara do outro.
Quando cheguei meu olhar foi direto a ele que não percebi que todos estão aqui, Leila, Pedro, Beatriz e Russo que se transformou quando me viu. Ainda tenho que jogar na cara dele que seu planinho de se livrar de mim não deu certo.
- Chegou se não foi seguido ou algo do tipo? - Carlos desviou seu olhar pro Victor.
- Tá tudo certo.
- Ótimo - ele respirou fundo colocando a mão no ombro do Victor e torno a olhar pra mim - É filho, ela é bem mais linda de perto.
- Mariana esse é Carlos Herrera.
Ouvia a voz de Victor como um eco na minha cabeça de tão concentrada que eu estava no meu ódio por ele. Engoli seco saliva que pareceu descer rasgando cada pedaço de minha garganta.
- Finalmente pude te conhecer - ele sorriu sinistramente - Afinal você foi bem cara.
Apertei a saia do meu vestido na mão que eu sentia encharcada de suor, não sei o que está acontecendo comigo.
- Prazer - falei breve soltando um leve sorriso.
- Olha só ela fala - falou ironicamente.
Sua risada sarcástica me irrita, cada coisa que ele fez é como se passasse uma corrente elétrica de ouro ódio por tudo meu corpo.
- Trouxe o miserável? - desviou seu olhar pro Victor.
- Já deve estar onde você mandou deixa.
- Ótimo, cuido dele depois.
Observei ele ir até a mesa e pegar duas taças de champanhe, estava um silêncio constante na sala, só se ouvia a voz dele. Todos aqui respeitam muito o Carlos ou isso é mais medo do que respeito, Russo só fica de cabeça baixa praticamente se escondendo atras de Beatriz que nem criança na saia da mãe. Se Victor soubesse o que esse filho da puta pretende.
Leila não tirava o olho de mim, olhei pra ela também que soltou um leve sorriso como cumprimento. Fiz o mesmo de retribuição.
Acordei dos pensamentos com Carlos parando na minha frente estendo uma das taças pra mim. Por que isso? Por que esta dando bebida só pra mim enquanto a outra fica com ele e todos assistindo? Que merda esse casa tá fazendo?
- Não aceita beber comigo? - perguntou depois de alguns minutos que estava segurando a taça na minha frente.
Olhei pro Victor que sorriu fraco e deu uma leve balança em um sim com a cabeça, voltei o olhar pra ele pegando a taça com um singelo sorriso falso na boca.
- Sei que poderia ter ajudado a polícia, mas não ajudou - Seu semblante era sério agora e não pude deixar de me preocupar com a conversa que está por vim - Não sei se isso me orgulha ou me preocupa.
Olhei pra taça em minha mão, as bolhas de gás do champanhe subindo em leveza enquanto o clima da sala está pesado feito o vazio e escuridão que estou sentindo dentro de mim agora. Não faço ideia do que pode acontecer hoje depois desse encontro.
- Por que? - sua voz tornou a reinar na sala me chamando atenção mais uma vez.
Arqueei a sobrancelha sem entender a pergunta, por um momento esqueci tudo que ele havia falado antes.
- Por que não ajudou a polícia?
Ah que ótimo, o interrogatório que eu menos queria. Anda Mariana, pensa rápido..
Estou morando com o Victor a meses fingindo ser namorada dele, nada melhor que envolver o sentimento de uma menininha perdida no meio dos leões, que acabou se apaixonando pelo mafioso. Meio clichê demais.
Olhei pro Victor que me olhou também e deu uma leve arqueada não sobrancelha, a risadinha de Carlos reinou na sala já entendendo tudo sem eu nem precisar falar nada.
- Olha só - ele olhou pro Victor que livrou sua mão da minha cintura - Acho que perdi alguma coisa, não?
- Não ouvi ela responder nada - Victor se posicionou.
- E precisa? - perguntou seriamente.
- Não ajudei por sobrevivência - falei chamando atenção dos dois - Victor falou que ia me buscar então preferi esperar do que ajudar a polícia em uma coisa que eu nem fazia ideia.
- Bela escolha - sorriu fraco.
Não sei porque mas tudo que ele fala parece que tem um tom de sarcasmo e ironia.
- Eu tenho uma proposta pra você - ele se aproximou encostando a taça dele na minha - Junte-se a nós Mariana.
Arqueei a sobrancelha meio sem entender o que ele disse mas no fundo eu seu muito bem do que ele está falando.
- Junte-se a máfia - ele reforçou o que eu já sabia.
Meu corpo gelou em reação à frase, soltei o ar que estava prendendo apertando a taça na mão.
- Por que faria isso? - resolvi me impor.
Ele arqueou a sobrancelha meio surpreso com a minha resposta é deu uma afastada com um sorrisinho irônico em sua expressão facial.
- Já mora com meu sobrinho que comanda a máfia junto comigo.
- Fui comprada por você e colocada pra morar com ele..
- E pelo jeito isso não é ruim, está levando a vida que qualquer outra mulher queria - ele mexeu nas pontas do meu cabelo que estava à frente do meus seios - Diria que te dei um presente comparada a sua vida passada.
Minha vida passada? O que ele sabe sobre ela?
E nesse momento o medo me bate na dúvida se Carlos Herrera sabe quem sou eu ou ele está se referindo a vida da menina que eu entrei no lugar.
- A mãe era prostituta pra ganhar o pão de cada vida e o pai era um bebado casado com outra piranha, mas hoje em dia os dois miseráveis mortos.
Victor olhou pra mim assim como todos com a surpresa no rosto mas não julgo eles porque também estou assim, se essa for a vida da menina que me coloquei no lugar eu sinto muito mas ainda acho que ele sabe mais do que mostra.
- Sei bem mais do que imagina, Mariana - a cada vez que ele cita meu nome um arrepio corre por minha espinha.
Droga Mariana, agora se meteu nisso vai ter que ir até o fim.
- E então.. - ele estendeu a mão pra mim - Vai aceitar? Posso confiar em você como confio na Leila minha própria sobrinha?
Olhei pra Leila que sorriu mas outra pessoa não estava muito feliz, Russo me queimava com o olhar esperando minha resposta assim como todos. Se tem uma coisa que ele não queria é esse encontro. A mulher que ele tentou se livrar vai se unir com o cara que ele tem mais medo e que comanda a máfia que aliás ele quer roubar pra si mesmo mas eu sei o planinho dele.
Levantei minha mão observando Russo ver cada movimento meu e então coloquei-a sob a mão de Carlos Herrera.
Senti o aperto dele na minha mão e sorri maliciosa com a insatisfação de Russo estampado na cara dele enquanto vem aquele olhar de quem sabe que está perdido e tem que fazer algo urgente pra não ter sua cabeça cortada, entregue ao chefão.
Olhei pro Carlos que sorria sinistramente também mas por enquanto só estou pensando em cuidar do Russo.
Eu posso morrer ou perder o contato do Victor pra sempre mas eu juro que esses dois eu levo pro inferno..
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Querida Mariana
Acción+16 | Mariana, uma menina ingênua, pelo menos era quando tinha seus 12 anos. Vivenciou a pior cena que uma criança poderia viver, na qual viu seus pais serem mortos na sua frente. Hoje em dia já crescida e uma assassina profissional, não vai deixa...