Capítulo 2

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─Certo, comece pelo seu nome, nacionalidade e experiência paranormal. ─Clarence anunciou e sorriu. Estávamos todos sentados no chão de ossos (me deu arrepios, mas depois acostumei), mas depois, uma moça jovem com vestimentas indianas com seu irmão se levantaram. A moça tinha uma pele morena linda, cabelos castanhos escuros muito compridos em uma trança e olhos castanhos claros. Ela parecia muito assustada, mesmo que o irmão dela estava completamente relaxado.

─Rima Fahkir. Indiana. Posso ver espíritos e demônios... em todos os lugares... ─Rima disse, mas a voz dela tremia e ela olhava de um lado para o outro freneticamente, como se estivesse rodeada de câmeras─Meu irmão, Shakur, está trabalhando em um tipo de colírio para pessoas normais terem a mesma experiência!

Rima tinha uma aparência trêmula e inquieta, mesmo que fosse linda. Bem, se visse fantasmas, demônios e anjos todo canto também ficaria assim. A avó da Valentina e ela se levantaram e sorriram.

─Sou Arina Rapinski, venho da Rússia. Coleciono tabuleiros Ouija à décadas, nada me encanta mais do que falar com meus ancestrais. ─a avó dela disse, sorrindo.─ Minha neta Valentina já tirou muitas fotos de espíritos dos meus tataravôs e pulicou na web.

Valentina sorriu e olhou para mim, e eu sorri de volta. Ela era tão... radiante, que parecia o sol que se olhasse para ela demais iria fritar seus olhos. A avó dela se sentou e ela também, os olhos verde escuros de Valentina ainda fixados em mim. Clarence se levantou e sorriu.

─Sou Clarence Twinning, venho da Inglaterra e já registrei muitos acontecimentos paranormais famosos, incluindo com pessoas, casas, assassinos e bonecas.

Ele se virou para mim e sorriu. Em vez de sorrir de volta, olhei para Stephano e passei um dedo no meu pescoço, como se quisesse dizendo "vou cortar sua cabeça fora", mas ele apenas riu silenciosamente e revirou os olhos. Um cara violentamente se levantou e puxou os dois filhos com ele.

─Sou Ryan Johnson, americano e orgulhoso! Eu e meus filhos vimos o criador do KFC no Mc Donald's! Irônico, mas é verdade. Ganhamos frango grátis depois de mostrar a foto! ─Ele praticamente gritou e o filho, um menininho gordo, comemorava com ele. Americanos, é claro. Qualquer pessoa poderia ver que eles eram americanos.

─Ah, cale a boca, Johnson. ─Stephano suspirou e fez um gesto para que Ryan parasse de falar, o que ele fez.─É pra hoje, vamos logo com isso.

O garoto bonito se levantou com a mãe e eu não consegui conter um suspiro. Ele era tão bonito, mesmo com um cabelo loiro com uma franja cobrindo um olho, mas o sorriso dele era demais.

─Bem, sou Robert Kansi, australiano. Já tive um contato físico com um espectro. Um soco bem no nariz do sujeito. ─Ele olhou para mim e piscou. Meu rosto ficou vermelho, será que ele realmente gostou de mim? Olhei para Stephano e ele só revirou os olhos, não sabia se foi por que ele ficou com inveja ou por que era ridiculamente improvável. Não sei na qual alternativa acreditar. ─ Vim aqui com a minha mãe, que já teve muitas experiências paranormais quando jovem.

Pouco depois, um homem japonês com uma cópia idêntica, mas menor, perto dele, se levantou e limpou a garganta.

─Eu sou Oni Waruitsi, Japão. Estou criando uma máquina com o meu filho, Makoto. Uma máquina capaz de revelar o demônio interior de cada pessoa, conhecido como ID. Gostaria que alguns membros deste grupo me ajudassem com o teste. ─Ele disse e olhou para alguns membros do grupo. O filho dele era calado e parecia sem expressão, com os olhos puxados olhando fixamente para o nada.

─Interessante! E quem seria? ─Clarence falou, muito interessado. Pela cara dele, ele estava ansioso para ir, mas Akutso nem olhou para ele e disse:

─Agora não. Talvez amanhã.

O silêncio correu por um tempo. Oni era um homem muito estranho, ele era alto e magro, usava um terno e uma franja quase cobrindo o rosto. O filhinho, Makoto, era uma cópia carbono do pai, mas o cabelo era curto e lambido com uma tonelada de gel, mas era baixinho e assustado, mesmo que era difícil de ver.

Stephano se levantou, sorriu para mim e eu pensei não. Não, eu não vou falar sobre o meu trauma de bonecas, senta de novo criatura!, mas quando eu percebi, eu já estava de pé olhando para baixo.

Droga.

─Sou Stephano Dubois, francês. Quando criança, passei minha vida toda pesquisando como minha irmã morreu, assim como vi meu avô passeando na minha casa como um espectro, até falava com ele às vezes. ─Ele sorriu para mim. Ah não.─ Vim aqui com a Sobrevivente, como é mais conhecida hoje. Mas seu nome é simplesmente Valquíria Monteiro.

─Bem... sou brasileira, estou agora com a fama de ter sobrevivido ao incidente da boneca... pois é... ─Tentei olhar para qualquer direção, mas só via caveiras, pessoas, mais caveiras ou pessoas com caveiras.

Todo mundo sorriu, mas de uma maneira calorosa. Não foi que nem na escola, o lugar que sempre me zoavam quando fazia algo errado. Eu era um ídolo, uma inspiração pela primeira vez! Acho que achei meu lugar no mundo, finalmente.

A Voz Oculta (A Portadora dos Sonhos 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora