⎜ 𝙝𝙤𝙢𝙚

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chapter 01!
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O voo do Brasil para Los Angeles pareceu durar uma eternidade. Estava muito impaciente, uma ansiedade sem tamanho até que o carro entrou em Freeridge. Um sorriso cresce em meu rosto e apoio a mão no vidro da janela quando passamos por um grupo de crianças brincando na rua.

Quase três anos depois estou de volta ao bairro que me criou. Freeridge não mudou muito, diferentemente de mim que parece ter criado mais massa muscular da cintura pra baixo e pouco cresci; 1,57 não era grande coisa.

Valentina — minha irmã mais velha que morava comigo — dirige o carro e passamos por algumas ruas que lembro perfeitamente de ter corrido por elas junto de meus amigos muitos anos antes. Me pergunto como eles estão agora. Pelo o que sei, assim que fui embora pro Brasil, Monse foi estudar em uma escola particular só para garotas e nunca mais tinha falado com os meninos, Jamal entrou no time de futebol da escola, o que era extremamente estranho já que ele tinha sérios problemas com esse esporte, e Ruby estava namorando com a Jasmine, uma garota excêntrica que era apaixonada por ele desde que eu havia chegado no bairro. O único que não tinha notícias era do César, mas sabia que ele não tinha se mantido longe da gangue. Era impossível, pois de qualquer maneira os problemas da gangue chegavam até ele.

Eu estava no último ano do ensino médio e esperava só as aulas voltarem pra finalizar o ano. Ah, e tudo o que aconteceu no Brasil foi tão maravilhoso que nem se pode explicar direito. Namorei, fui em festas, estudei muito, fiz amigos novos e viajei o máximo que pude. Mas nada conseguia tirar da minha mente e coração a saudade que sentia dos quatro tontos que esperavam por mim nos Estados Unidos.

⏤ Uau. ⏤ Valentina exclama e aponta para um garoto na varanda fumando um cigarro. ⏤ Mentira que o César entrou definitivamente na gangue da família dele. Ele tinha tanto potencial para outras coisas.

Sigo o olhar para onde ela apontava e abro a boca surpresa ao reconhecer o garoto que fora meu amigo. De cabelo raspado e o traje parecido com o dos outros membros da gangue, era totalmente diferente daquele garoto que estava na minha última festa.

⏤ É. ⏤ concordo. ⏤ Mas agora ele vai usar esse potencial todo para roubar bancos e fugir da polícia.

Valentina ri e balança a cabeça.

⏤ Garota, você não presta.

⏤ Nunca disse que prestava. ⏤ comento desviando o olhar da casa dos Diaz. Aquilo era coisa demais para digerir logo no primeiro dia da minha volta.

⏤ Mas ele está bonitinho. ⏤ rio da sua fala sugestiva.

⏤ Ah, não. Sem namorados por enquanto. ⏤ declaro, e antes que ela possa abrir a boca e discutir, continuo. ⏤ Sem namorados, ficantes, ou qualquer um que apenas queira se meter entre minhas pernas.

⏤ Ok. Não vou falar mais nada.

Como prometido, Valentina não fala mais nada até pararmos na frente da nossa casa. Com sorte, pudemos manter ela em perfeito estado lá do Brasil. O jardim estava bem cuidado, as janelas de vidro estavam limpas, estava tudo como me lembrava. A casa era de dois andares, ladeada por uma varanda decorada com algumas plantas. O meu quarto ficava na direção da porta de entrada, a janela permitia ver a rua.

⏤ Chegamos. ⏤ Valentina anuncia desligando o motor e saindo do carro para abrir a porta e tirar as nossas malas e algumas caixas. Ela se despediu rapidamente de mim, deixando eu e nossas coisas na calçada antes de sair cantando pneus.

Ela iria ver o seu namorado.

Não conhecia ele direito, mas pelo o que sabia era um cara bem legal. No meio da noite, diversas vezes passei pela porta do quarto dela e ouvi ela rindo de algo que ele dizia. Se ele fazia ela feliz, ótimo. Não iria me meter no relacionamento da minha irmã, exceto se o homem fosse um escroto e machucasse ela.

𝗠𝗔𝗟𝗔 𝗦𝗔𝗡𝗧𝗔 ⎰⎰ 𝗼𝘀𝗰𝗮𝗿 𝗱𝗶𝗮𝘇Onde histórias criam vida. Descubra agora