━━ 04! changes

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Quando eu ia descendo as escadas Spooky aparece mais atrás segurando meu braço e me puxando de volta para o quarto. Tento me soltar do seu aperto quando ele me deixa presa entre seu corpo e a porta.

- Que merda você quer agora? - pergunto olhando para o lado. Não queria que meus olhos me traíssem quando desviassem para o peito desnudo dele.

Spooky inspira profundamente e se afasta.

- Eu... queria saber se você não iria querer uma camisa para usar depois que saísse da piscina. - sorrio fingindo que estou encantada por ele ter pensado nisso. Na verdade eu estava bem surpresa pelos neurônios dele estarem funcionando melhores que os meus, já que nem me lembrava disso.

- Claro! Seria ótimo. - garota burra, como pode ter esquecido uma daquelas suas saída de praia?

- Vou pegar. - o vejo ir até uma porta e entrando no que acredito ser um closet, saindo de lá em seguida com uma camisa branca de algodão. Comemoro internamente por não ser uma regata. - Aqui.

Pego a camisa de sua mão fazendo mais que necessário para que nossos dedos não se tocassem e eu pudesse escapulir daquele quarto.

- Obrigada, Spooky. - seguro a camisa contra o peito e abro a porta atrás de mim. Ouço um arquejo.

Era a tal garota que estudou comigo. Gisa.

- Greeicy. - o líder dos Santos fala como se não esperasse ver ela ali.

- Oscar. - ela murmura meio tensa olhando pra nós dois como se esperasse que alguém desse início às explicações. Primeiramente que, ela é doida; segundamente, se ela acha que eu sou burra o suficiente para ficar com um homem tipo o Spooky ela estava mais doida do que imaginei. As drogas estão afetando seriamente o cérebro dela.

- Foi bom ver vocês. - falo saindo apressadamente fazendo o máximo de esforço para minha mão não socar a testa da Greeicy e fazer ela tomar um chá de se toca, mulher. Se olhar matasse essa garota não teria pena de mim.

Antes que eu pudesse evaporar dos degraus ela fala quase gritando que estava louca pra liberar a tigresa dela antes de tomar banho na piscina.

- O que fizeram de bom até agora? - pergunto ao chegar onde meus amigos na beira da piscina. Cesar estava lá, sem camisa, sorrindo como se estivesse tudo bem entre nós. Jogo a camisa do Spooky no chão próximo de onde as coisas deles estavam e entro na piscina, deixando meu rosto descansar nos meus braços que estavam na borda.

- Comer, pegar sol e beber. - Ruby fala e fica submerso por um tempinho.

Os demais concordam e me aproximo de Cesar, sorrindo.

- Oi. - ele diz dando um peteleco na minha testa. Reviro os olhos. - Desculpa por ontem, eu fui um otário.

- É você foi mesmo. Sorte sua que não guardo rancor. - respondo bem humorada. - Só esquece isso, tá bom?

- Ai gente, estou morrendo de calor. - Jasmine murmura se metendo no meio da conversa e me analisando da cabeça aos pés, ou o máximo que ela podia ver do meu corpo submerso pela água. - Garota, isso tudo é sua bunda ou é apenas eu ficando doida?

Acho graça e balanço a cabeça.

- Certeza que é a bunda dela. - ouço Monse dizer. - Desde antes dela ir embora daqui, a bunda dela era maior do que a de nós todos juntos.

Ruby e Jamal concordam e abro a boca pronta pra discutir. Qual a necessidade de falar da minha bunda? Tantos assuntos pra serem discutidos.

- Engraçado como até mesmo usando uma calça folgada, a pessoa não esconde o tamanho. - Jasmine fala e me impulsiono para sentar na borda da piscina. O olhar dela nas minhas pernas agora. - Amiga, por que duas coxas estão maiores? Olha só...

Eles olham para onde ela apertava e gargalho.

Qual o problema dessa gente? Todo mundo está muito estranho.

- Jas, você tem certeza que não está altinha? - brinco. - Minha bunda e minhas coxas estão desenvolvidas. Todo mundo passa pela puberdade, não sei se algum de vocês já ouviu falar disso, mas é o período que nosso corpo se desenvolve para a etapa adulta.

- Sim, amiga. - Jamal responde gesticulando para mim. - Mas parece que você passou na fila da puberdade várias vezes, e a gente, exceto o Cesar, fomos chegar só no final, onde fomos atendidos de forma precária.

Rio ainda mais. Meus pés balançava dentro da água. Todos eles se sentam também na beirada da piscina.

- Por que exceto eu? - Cesar questiona.

- Você é todo bombado, a puberdade gostou de você. - Ruby diz.

- Vocês estão falando da puberdade como uma pessoa, que adequa o gênero para cada um de nós. Isso é estranho. Parece que eu usei dos benefícios da puberdade para algo egoísta. - franzo a testa.

- Esse ponto de vista é bastante interessante. - Ruby concorda. Monse e Jasmine também. Cesar estava tentando não rir.

- Isso é relativo. - Jamal dá de ombros. - É como um presente deixado pela puberdade após uma noite de foda bem selvagem.

- Agora parece que somos prostitutos. - Cesar gargalha sem acreditar.

- Acompanhantes. - Jasmine corrige. - A puberdade te deu algo, então vai querer que você dê algo em troca pra ela. Ou seja, ela vai querer o corpinho lindo da Rebecca esparramado em sua cama enquanto a boca dela está aberta fazendo barulhos de prazer.

Abro a boca horrorizada por ela ter dito aquilo mas tudo o que consigo emitir é uma risada meio histérica.

- O que é isso? - Jasmine se inclina e puxa minha mão analisando a pulseira do meu ex. Consigo controlar minha risada para criar forças para responder.

- É do meu namorado. Ex, na verdade.

Os quatro trocam um olhar e os batimentos do meu coração ressoam em meus ouvidos. Eu sentia saudades dele.

- Tem um pigente bem pequenininho, quase sumindo no meio das pedras. Tem uma letra L. - sorrio fraco por ela ter notado isso. Era um pigente pequeno e delicado. - Era ele ou ela? Conta pra gente tudo!

Me levanto da borda e vou até a parte coberta pegando a camisa branca no chão e colocando por cima do meu biquíni sentindo um leve perfume amadeirado no tecido. Meu nariz não se incomoda muito e espero meus amigos sentarem em algumas cadeiras que estavam ali.

- Era ele. - frizo a palavra com um sorriso. As meninas sorriem também pra mim e os meninos assentem, querendo saber mais dele. - O nome dele é Luca, ele tem 19 anos e era dono de um salão de beleza no bairro onde eu e minha irmã estávamos morando.

- Não vem dizer que ele que cortava seu cabelo. - Jamal brinca e concordo, fazendo eles rirem.

- Ele era um cara engraçado, a nossa relação era super leve, não aquele negócio grudento que alguns casais tem, mas nos entendíamos perfeitamente.

- Você o amava. - Cesar diz.

Se eu o amava?

- Eu ainda o amo. - sussurro.

- Então por qual motivo vocês terminaram? Não entendo. - observo o rosto confuso de Ruby e encolho os ombros. Era difícil.

- No Brasil fomos o que nossos amigos chamavam de casal modelo, aquele casal cúmplice em tudo que quando um caía o outro estava lá para ajudar a se levantar. Fiquei com medo de tudo mudar por eu ter que voltar a morar aqui.

- Mas e a pulseira? Vocês terminaram quando? - balanço a cabeça sem saber como contar aquilo diante da frustração de Jasmine pelos meus poucos detalhes. - Cara, se vocês eram um casal tão maravilhoso por que vocês se abalaram pela merda da distância?

- Você não entenderia.

- Explica pra gente. - pedem. A minha garganta fecha com as lágrimas. Eu não iria chorar aqui.

- Tudo bem, eu conto. Mas vamos tentar ir para outro lugar? - gesticulo tentando dizer que não conseguiria falar com tanta gente chegando e entrando na piscina. Eles assentem, entendendo e entramos de volta na casa, Cesar nos levando para uma sala mais afastada das pessoas.

Me trazendo mais próximo do cara que acalmou meu coração.


𝗠𝗔𝗟𝗔 𝗦𝗔𝗡𝗧𝗔 ⎰⎰ 𝗼𝘀𝗰𝗮𝗿 𝗱𝗶𝗮𝘇Onde histórias criam vida. Descubra agora