CAPÍTULO 13

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— Está entregue — Nathaniel diz com um sorriso nos lábios, estacionando o carro na frente da minha casa

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— Está entregue — Nathaniel diz com um sorriso nos lábios, estacionando o carro na frente da minha casa.

— Muito obrigada Nathaniel, nos vemos por aí — digo sorrindo e Nathaniel me surpreende, me puxando para um selinho, assim que encerramos, eu olhei em seus olhos e sussurei um tchau, saindo do carro e indo em direção a minha casa.

Abro a porta e vejo minha mãe em pé de braços cruzados olhando para mim.

— Você prometeu que voltaria para casa.

— Desculpa mãe...

— Vocês estão tendo algo e está ESCONDENDO de mim! — ela grita me assustando — Nesses anos todos sempre foi nós duas e agora esse menino apareceu de volta e te transformou em outra pessoa.

— Mãe...

— Eu vou falar agora! — diz me interrompendo — Eu deixei o teu pai por que me preocupei com você e agora você me troca por um qualquer.

— O teu maior erro foi ter deixado o meu pai e Nathaniel não é um qualquer, pensei que tinha percebido nesses últimos anos que ficava trancada naquele quarto chorando — digo sentindo um aperto no meu peito.

— Você me culpa tanto mas a pessoa morta poderia ter sido uma de nós se não tivéssemos indo embora — diz e vejo que lágrimas começam a sair dos seus olhos, sua cara reflete arrependimento, isso é nítido. Isso me afetou pra caralho também — Eu não quero ficar sozinha como seu pai ficou.

— Você é hipócrita demais! Você precisa de ajuda, mais especificamente de hma terapia!

— Eu só preciso de você aqui!

— Eu tenho 22 anos e já perdi muito tempo sofrendo mas agora vou pensar no meu futuro, eu não quero viver a minha vida trabalhando em uma merda de uma cafeteria, eu quero me formar e ter a minha família, você deveria me apoiar nisso mas você só está me sufocando.

— Você não entende que eu não quero ficar sozinha!

— Você não estará, mesmo assim eu vou estar aqui.

— Eu não quero você com aquele garoto, ele só vai me manter longe de você!

— Sou maior de idade mãe, não sou mais aquela adolescente inocente, eu faço as minhas escolhas, eu não sofri todos esses anos por ele para simplesmente deixá-lo, ainda mais o homem que eu amo! — digo subindo para o meu quarto, passando a mão pelo rosto molhado das minhas lágrimas que eu nem percebi saírem.

Eu preciso falar com alguém que me entenda, preciso desabafar e jogar tudo para fora.
Tudo tem sido um desastre e eu ja estou exausta.

Minha melhor opção nesse momento é a Karla, a única garota que eu posso contar nesse momento.

Eu pego o meu celular e ligo para ela.

Uma ligação.

Duas ligações.

Até que ela me atende.

— Julie?

— Oi...onde você está?

— Estou em uma lanchonete no centro, por quê?

— Eu preciso conversar — digo com a voz falha — Me manda sua localização, eu estou indo ai.

— Ok...estarei te esperando.

Vou ao meu guarda roupa para escolher uma roupa quente, hoje o tempo está super frio e não estou afim de pegar um resfriado ou algo do tipo.

Olho no espelho e me lembro que eu ainda estou com a calça de moletom do Nathaniel e com a camiseta.

Tiro a roupa, deixando em cima da minha cama e coloco uma calça jeans, uma camisa de manga comprida e uma jaqueta, calço uma bota de cano curto preta e pego minha bolsa.

Desço as escadas, chamando um uber para me levar até onde Karla está.

— Aonde você vai agora? — Minha mãe diz e eu percebo que seus olhos estão vermelhos e inchados.

— Vou ir ver a Karla — digo, saindo sem esperar a resposta dela.

O uber logo chega, eu entro no carro, dando um simples sorriso para o motorista e me viro, olhando para a janela.

Fico me perguntando se minha vida vai sempre ser essa bagunça, se eu nunca vou conseguir organizar ela.
Eu estou cansada, minha mente está cansada, eu poderia ter uma crise a qualquer momento e isso não é nada bom.

— Chegamos — Saio dos meus pensamentos com a voz do motorista, pago o valor e me despeço, saindo do carro.

Entro na lanchonete e um cheiro de hambúrguer invade minhas narinas e a minha barriga chega a roncar. Eu estou com fome.

Vasculho o lugar até que meus olhos param na Karla, que está sentada em uma mesa no fundo com um hambúrguer em mãos.

— Karla! — digo me aproximando dela.

— Julie — ela levanta e me acolhe em um abraço apertado, eu retribuo, sentindo meus olhos arderam. Merda, sem choros Julie — Senta aí, me conte o que aconteceu — ela diz se desvencilhando de mim e se sentando novamente, puxo uma cadeira e me sento de frente para ela, chamo a garçonete e peço um hambúrguer com coca-cola.

Conto tudo para Karla, de como eu tenho me sentindo ultimamente, de como eu estou tão vulnerável e.

Que eu estou com meu coração dolorido e despedaçado, sentindo vários sentimentos de uma vez, conto também como está o meu relacionamento com o Nathaniel, que já nos beijamos três vezes e que eu não me arrependo nem um pouco.

Entro no assunto da minha mãe também, que eu finalmente percebi que ela está me proibindo de viver a minha vida, todas as vezes que dizia para ela sobre faculdade, ela dizia que era bobeira.

Posso ter errado de não ter contado para ela sobre o Nathaniel mas ela também não está certa, ela realmente precisa de ajuda.
Nisso tudo eu percebo que em algum momento eu comecei a chorar.

— Você sofreu por oito anos, oito anos é muito tempo Julie, então se é isso que você quer vá em frente. — ela diz tomando seu Milk-shake — E está na hora de você começar a formar a sua vida, vai atrás de faculdades e tenta convencer a sua mãe que ela precisa de ajuda, a terapia vai ser muito boa para ela.

— Mas é tão complicado, as vezes penso que não irei conseguir, eu odeio ser tão fraca e sensível.

— A vida não é fácil e você sabe bem disso — ela diz segurando minha mão e acariciando.

××××

Mais um capítulo para vocês ❤
Não esqueçam de se cuidar do corona vírus e se puderem fiquem em casa
(esse capítulo não é um dos meus preferidos 😶)

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