Capítulo 2 - A professora de Direito Penal

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Chego na sala, olho um pouco por tudo, e sento para revisar o que faria na minha primeira aula. Não demorou muito, ouvi passos no corredor, me pus ansiosa, pois sabia que muitos dos meus agora colegas haviam sido meus professores alguns anos atrás. Sabia que era uma mulher, pois o barulho dos saltos tocando o piso era inconfundível, imaginei se seria minha antiga professora de Direito Tributário, Ana Cristina. Ou a professora de Constitucional, "será que a Fran ainda estava dando aulas ali?", poderia também ser a Luciana, antiga professora de Ética... E segui divagando neste pensamento até que ouvi uma voz vinda da porta:

- Bom dia! Seja bem-vinda a universidade, eu sou a Gizelly. - disse, com um sorriso no rosto, enquanto se aproximava e estendia a mão.

Eu reconheci aquele rosto, mas nunca havia conversado com ela. Gizelly era uma professora que entrou no meu último ano como aluna na universidade, nunca tive aulas com ela, mas já a vira muitas vezes pelos corredores, nos intervalos. Confesso que, na época, eu tinha uma quedinha por ela.

Gizelly tinha 29 anos, tinha cabelos ondulados e compridos, eram castanhos com belos tons de loiro muito bem colocados entre os fios. Seus olhos, também castanhos, eram os mais penetrantes que eu já havia visto, e seu corpo era, definitivamente, incrível. Gizelly sempre foi famosa por deixar muitos alunos babando, e eu também me incluia.

- Como não pensei nela? Como fui esquecer que Gizelly trabalhava aqui? - pensei, um pouco desconsertada.

- Bom dia, Gizelly! Eu sou a Rafaella, era aluna daqui alguns anos atrás, mas agora vou me aventurar em dar aulas. A minha primeira turma é Direito Administrativo - também sorri.

- Uau. Isso é ótimo, acredito que você vá gostar. Eu sou a professora de Penal, e os alunos do segundo ano não são tão ruins assim - falou com um sorriso brincalhão nos lábios.

- Assim espero! - respondi com um sorriso um pouco tímido.

Continuamos conversando por algum tempo, soube que sua família toda vivia em uma cidade que eu nunca ouvira falar, Porto Claro, mas que agora morava em um pequeno apartamento no centro da cidade, e ia pra casa só em alguns fins de semana. Descobri, também, que naquela cidade do interior, ela tinha um noivo há 2 anos.

Após um tempo, alguém chega a porta. Eu estava tão entretida com Gizelly que desta vez nem percebi os passos se aproximando. Era Flaiane, professora de Prática Jurídica, com quem eu havia tido aula no meu último ano de faculdade. Na época, ela era recém-formada e fui aluna em uma de suas primeiras turmas, o que acabou criando certa intimidade.

- Bom dia, Gizelly. Bom dia... Rafaella? Que surpresa agradável! - disse ela, com uma animação que parecia real!

- Olá, professora. Aliás, Flaiane! - falei rindo.

- Que ótimo te ver aqui. Seja bem-vinda, e pode contar comigo se precisar de algo.

- Agradeço muito, Flaiane - disse pausadamente, como se estivesse ainda se acostumando com isso, o que fez com que as duas rissem do meu jeito.

- Bom, preciso ir à sala de Lúcia - a diretora - já já nos encontramos novamente - disse enquanto saía da sala.

- Até breve! - respondi.

- Então você foi aluna da Flaiane? - perguntou Gizelly - acho que não terá problemas em se enturmar, parece que você era muito amiga dos seus antigos professores - disse sorrindo.

- Ah, sempre tentei - falei rindo - a verdade é que aqui só contratam professores ótimos, não tem como não se dar bem - pisquei com um olho, e depois ri de minha falta de modéstia.

Gizelly também riu, disse que não concordava muito, mas que certamente eu seria ótima.

Não pude explorar o porquê de ela não concordar, pois ouvimos mais alguns passos no corredor. Era Flaiane acompanhada de Lúcia, que resolveu ir até lá para me dar as boas vindas e desejar boa sorte em minha primeira aula.

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