Capítulo 43 - Ponto Fraco

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A terceira música do repertório já me serviu como um beliscão para que eu acordasse para a realidade. Foi Ponto Fraco, do Thiaguinho. E percebi isso quando me peguei refletindo no quanto me identifico com um dos trechos:

Sou louco o suficiente pra apostar na gente
Meu jeito louco pode ser surpreendente
Eu sou um louco, mas um louco consciente
Às vezes inconsequente

Como se não fora suficiente, saí dos meus devaneios no exato momento em que ouvia:

Parece que não percebeu
Que eu estou completamente em suas mãos
Sua felicidade é sua opção
É sua opção

Me rendendo às palavras do moço, e vendo que Gizelly também prestava toda atenção à música, eu, delicadamente envolvi minha namorada em meu braço, e inclinei meu corpo em sua direção, depositando-lhe um beijo no topo da sua cabeça, e lançando um sorriso logo em seguida, que foi correspondido por um sorriso tímido, mas sincero.

Ao final desta música, me aproximei de sua orelha e disse quase em suspiros "Eu te amo!", fazendo-a  virar sua face e me responder selando seus lábios nos meus.

Como que por ironia do destino, o músico resolveu pular do sertanejo para uma pegada um pouco mais animada e menos romântica, prendendo minha atenção a seguinte frase:

Procurando vaga
Uma hora aqui, a outra ali
No vai e vem dos teus quadris

Não pude evitar ficar pensando sobre o vai e vem dos quadris daquela mulher estonteante que estava ao meu lado. Que conversava e ria despretensiosamente, sem ao menos imaginar os pensamentos libidinosos que percorriam por minha mente.

Tirei minha mão de seus ombros e repousei-a sobre sua perna. Eu a queria e a necessitava naquele exato momento. Comecei a deslizar na parte interna de sua coxa, até chegar perto o suficiente de onde eu queria. Ela disfarçava e continuava a conversa, enquanto eu apenas sorria em concordância, mas nem ao menos sabia qual era o assunto em questão. Esfregava meus dedos por cima de sua roupa, o que a fez me repreender tentando afastar minha mão dali.

— Quero você — eu disse ao pé de sua orelha, já ofegante — preciso sentir seu gosto em toda a minha boca — aproveitava que todos estavam com a atenção voltada ao músico — preciso te sentir dentro de mim, ou vou enlouquecer com o tesão que você está me causando.

Já arquejando, Gizelly buscou minha orelha, deixando uma leve mordiscada em meu lóbulo e disse:

— Vamos embora daqui.

Aquela mulher levantou como um foguete, deixou sobre as mesas algumas notas, dizendo:

— Aqui! Paguem a nossa parte, por favor. Temos que ir.

E saiu comigo às pressas, como quem acabara de ouvir que o lugar estava pegando fogo e precisávamos sair dali com prontidão para nos salvarmos — Para ser justa, de fato estávamos em chamas e necessitávamos apagá-las subitamente.

Mesmo eu, que a provocava e insinuava coisas ao seu ouvido até pouco tempo atrás, fiquei assustada com sua atitude imediatista. Caminhávamos depressa mas, na medida do possível, apreciando aquela linda noite e a avenida iluminada e movimentada que nos reguardava.

Nós duas mal conseguíamos trocar uma palavra sequer, só pensávamos em chegar em casa o mais rápido possível e, a qualquer tentativa de assunto, percebíamos uma na outra a troca de olhares repletos de excitação.

Ao virarmos uma esquina pela segunda vez, nossos olhares se cruzaram novamente. Gizelly acelerou seus próximos três passos, me puxando pela mão, causando um solavanco inesperado, fazendo-me quase cair por cima de seu corpo que já se encontrava encostado em um muro.

Ela me beijou de uma forma tão ávida que me deixou completamente entregue àquele momento. Era voraz, era sôfrego. Tínhamos urgência uma da outra.

— Se ficarmos aqui aos beijos, demoraremos ainda mais para chegar em casa — foi o que pude pensar e expressar.

Gizelly assentiu e continuamos caminhando aquelas duas outras quadras que nos separavam da privacidade.

O simples ato de passar pela porta da entrada bastou para que ela me empurrasse contra a parede, e prensasse seu corpo contra o meu.

Tamanho era o desejo que habitava em nossas bocas, segui andando com ela sem ao menos separar o encontro de nossas línguas. Passamos direto pela sala de estar. Por algum motivo, não quis jogá-la no sofá, mirei no balcão da cozinha que se encontrava logo em frente.

Encostei-a ali somente pelo tempo de, desesperadamente, abrir e arrancar o shorts que ela usava — e que, diga-se de passagem, era a única peça que cobria sua parte de baixo.

Usei de minha força para levantá-la e colocá-la sentada. Com uma das mãos tentei tirar sua blusa e logrei com uma pequena ajuda sua, já que minha outra mão encontrava-se ocupada em seu clitóris pulsante.

Deixei aquela minha perdição completamente nua na cozinha. Minha língua passeava por toda a extensão de sua intimidade, enquanto eu estocava os dedos de uma mão em um ritmo frenético.

Gizelly jogou seu corpo para trás, a fim de apoiar-se em seus cotovelos e facilitar minha entrada, levando ao chão duas das taças que se encontravam ao lado dela. Com o susto, Gi tornou a levantar seu tronco, me olhando assustada e trazendo seus braços para frente. Derrubando, desta vez, a garrafa de vinho em minha direção.

Com um ato de reflexo quase heróico, com minha mão desocupada e o auxílio de minha coxa, consegui barrar a garrafa que caia, evitando que o vinho se derramasse por inteiro. Antes de apoia-lo novamente sobre a mesa, derramei sobre sua barriga a última corrente de líquido contido na garrafa.

Passei a lamber todo o vinho de seu corpo até chegar novamente em seu sexo, sem cessar o vai-e-vem de meus dedos dentro dela. Ela, apertando o volume dos meus seios ainda cobertos pela blusa, contorceu seu corpo indicando a chegada de seu primeiro orgasmo da noite.

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