Capítulo 8 - Confissões

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Toquei o interfone, não demorou 5 segundos e ela já havia atendido. Liberou a porta e eu entrei. Quando o elevador chegou no andar dela, ela já estava me esperando. Me deu outro daqueles abraços apertados, que me fez esquecer de respirar por alguns segundos, e me acompanhou até seu apartamento.

— Uau - falei - que decoração! Seu apartamento é lindo!

- Obrigada! Você tem um ótimo gosto - e começou a rir.

- Tenho, você nem imagina! - respondi rindo.

- Imagino, sim. A julgar por este vinho que você trouxe, caramba! Mas eu disse que não precisava se preocupar, né?

- Ah, Gi! Ele estava lá na minha casa há tanto tempo, esperando para ser bebido, eu não resisti. - falei e sorri olhando nos olhos dela.

Nos encaramos sorrindo por alguns poucos segundos, sem motivo aparente, apenas sentindo o momento. A noite nem havia começado e eu já estava sentindo as emoções aflorarem.

Gi pegou duas taças, abriu primeiro o meu vinho e serviu. Sentamos no sofá, com alguns petiscos, e ficamos conversando, enquanto esperávamos começar um filme na TV. Era um filme novo e eu não sabia nem do que se tratava, mas quando ela me perguntou, tão animada, se eu queria assistir aquele, eu só pude dizer sim. E não sabia o que esperar daquele filme.

Assim que começou, percebi que era uma comédia romântica, e me parecia interessante, ainda mais bem acompanhada. Uma garrafa de vinho se foi e Gi levantou para abrir outra. Aproveitou para pedir a pizza, que até agora havíamos esquecido, voltou para o sofá e serviu nossas taças. Pude perceber que, desta vez, ela se aproximou um pouco mais ao sentar-se, de modo que seu ombro quase tocava o meu. 

Enquanto assistíamos, comentávamos, conversávamos e bebíamos. Eu quase não conseguia prestar a atenção no filme, mas sem problemas, já que isso não era a coisa mais interessante daquela sala. Era Gizelly que tinha toda a minha atenção.

- Olha isso, - disse apontando para a TV e tomando um gole do vinho - você acha que é possível ser tão idiota e acreditar em algo assim? - referindo-se a algum diálogo do filme que eu nem tinha entendido direito, mas fingi que estava 100% ligada.

- Ah, vai. Eu acho que o amor deixa a pessoa boba. É possível ser completamente bobo por alguém, a ponto de perder a noção de todo o resto.

Ela tirou os olhos da TV e os voltou para mim, interessada:

- Você já esteve completamente boba por alguém? - indagou como que me desafiando, bebendo seu vinho sem tirar seus olhos dos meus.

- Não, eu não. - respondi - Pelo menos até agora, nunca vivi uma paixão que pudesse me cegar. E quanto a você? - aproveitei o ganchou que ela deu.

- Sim. Quer dizer, eu acho que sim. Mas é algo recente, então ainda não sei como é.

Recente? RECENTE? Como assim? Ela namora há 200 anos, que história é essa de recente? Ela estava falando de mim? - eu perguntava pra mim mesma.

Gizelly ficou um pouco corada quando percebeu minha feição assustada e disse: 

- Deixa pra lá. Nem é o momento pra eu ficar pensando nisso, eu acho.

Fiquei sem reação. Eu queria levar meus lábios aos dela naquele exato momento. Eu não podia estar enganada, ela também queria. Mas lembrei do Gu, me dizendo para ficar na minha e esperar.

- Por que deixar pra lá? Eu achei que estávamos nos aproximando, que podíamos compartilhar os pensamentos uma com a outra.

- Nós estamos, Rafa, eu só não sei se estamos no mesmo passo.

Neste momento, encontrei sua mão que repousava em seu colo, segurei-a e disse:

- É claro que sim. Eu sinto que estamos caminhando juntas para o mesmo lugar - senti que fui meio vaga, que poderia te-la instigado um pouco mais. Mas não foi preciso.

- Rafaella, eu não tenho palavras pra expressar o quanto você está se tornando importante pra mim. Com seu jeito doce e divertido de ser, você me fez esquecer tudo que havia de errado. A gente se despediu e eu senti tanto conforto em seu abraço, e, em meio a tantos problemas, eu me peguei por vezes sorrindo lembrando de você. Eu estou completamente perdida, tudo é muito novo pra mim, mas eu tenho plena certeza do que estou sentindo.

Ao terminar de falar, apertou minha mão que segurava a dela, fechou os olhos e encostou sua testa na minha. Não demorou muito, nossos lábios estavam naturalmente se tocando também.

Foi um beijo intenso, demorado, carinhoso. Eu beijava-a tocando os cabelos de sua nuca, acariciando-os. Ela me beijava, passando uma das mãos pelas minhas costas, enquanto a outra ainda segurava sua taça. Nos beijamos e ficamos ali, em silêncio, por alguns segundos, olhando uma à outra, com intensidade.

Nosso olhar foi interrompido pelo som do interfone. A pizza havia chegado.

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