Capítulo 18 - Manu

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- Interessante a maneira que tens de ocupar as tardes livres, bonitinha. - Gizelly estava com as mãos entre meus cabelos, acariciando meus fios.

- Gostou? - perguntei - Eu já te disse que você pode vir me visitar quantas vezes tiver vontade.

- Pode ter certeza que vou me lembrar disso. - beijou minha testa - Agora, minha linda, eu preciso ir pra casa.

- O quê? Por quê? Não quer ficar comigo não?

- Você sabe que eu quero. Sempre quero. - falou entre beijos - Mas hoje, nem pensar em passar a noite fora de casa.

- Hmm... Estou achando que você vai ter alguma visitinha especial, como teve ontem a noite.

- Sabe que não seria má ideia? - ela falou, me provocando - Aquela de ontem me deixou bem satisfeita com sua companhia.

- Pena que esta noite ela já tem outros compromissos. - pisquei pra ela, enquanto mordia meu lábio inferior.

- Que droga, Rafaella! Eu tento te provocar, mas sou tão cadelinha que você sempre vira o jogo - ela disse revirando os olhos.

Depois de nos recompormos de nossa tarde, nos despedimos e ela saiu. Entrou em seu carro, colocou seus óculos escuros, pois a claridade estava como nunca, naquele fim de tarde, e saiu. E eu fiquei ali, admirando e sendo seduzida por aquele mulherão que acabara de ser minha.

Fechei a porta e segui em direção a um banho relaxante. Antes, chequei meu celular e tinha uma mensagem de Manu. Fazia tempo que eu não falava com ela e ela não sabia praticamente nada do que estava rolando na minha vida. Resolvi chama-la pra jantar em casa.

Rafaella:

Manuzinha, você nem imagina a correria.

Mas ei, passa aqui em casa depois do seu trabalho. A gente pode jantar juntas e põe o papo em dia.

Manu:

Que milagre você tendo tempo!

Adorei a ideia. Já já nos encontramos.

Então entrei no banho e me pus a organizar tudo pra receber minha amiga. Eu ainda não sabia ao certo o que dizer pra ela, o que ou como contar. Já que, até então, o que ela sabia era que eu era hétero.

Quando escuto a campainha, já estou pronta a espera de Manu. Ela chegou, toda animada, com uma garrafa de vinho e foi sentando-se no chão em frente ao sofá da sala.

O tempo foi passando e eu e Manu estávamos muito confortáveis uma com a outra. Conversamos muito, muito mesmo, sobre o meu novo emprego, sobre como estava indo sua vida no estúdio, sobre a vida em geral. Isto me deixou me sentindo um pouco culpada, já que eu não estava sendo completamente honesta sobre os acontecimentos recentes de minha vida. Eu não queria puxar este assunto, queria que ela me perguntasse, qualquer coisa relacionada. Mas como nem passava pela sua cabeça que eu estava apaixonada pela minha colega de trabalho, este assunto não estava chegando.

De qualquer forma, tentei não pensar muito nisso, queria deixar tudo fluir naturalmente, e estava tendo sucesso. Estávamos nos divertindo bastante, tiramos algumas fotos divertidas, coisa que não fazíamos há tempos, por mais que, em todo encontro, nos comprometíamos a tirar uma no próximo.

- E o Igor, Manu? Não pode vir hoje? - perguntei

- Na verdade eu não o chamei, achei que seria um encontro só de amigas mesmo, pra botar o papo em dia. E, além disso, hoje não estamos muito bem um com o outro.

- Ih. Mas o que houve?

- Nada grave, a gente só se estressou um pouco por causa de uma briga idiota, mas acho que já tá tudo tranquilo, já estamos trocando mensagens no ritmo normal.

- Que bom, Manu. Vocês são ótimos juntos, não dá pra se abalar por briguinhas bobas não.

- Está certa. Foi só um mal entendido, coisa pequena.

- Assim que eu gosto, sem bobeiras - eu ri.

- E você, Rafa? Como vai seu coração? Continua tirando umas férias? - ela perguntou, em tom de deboche, já que me conhecia e essa era a resposta padrão. Mas hoje era diferente.

- Ah, sabe que ele está começando a querer voltar à ativa?

- MEN-TI-RA. Como assim? E você não me fala nada?

- Bom, estou falando agora. - eu ri, mesmo nervosa - É que é algo bem recente e - hesitei - meio que completamente novo.

- Ih, como sempre toda misteriosa. Fala aí.

- Então, Manu, você vai ficar chocada, mas aguenta as pontas... Eu to meio que... Tendo um relacionamento com alguém do colégio.

- AAAAA, eu sabia que era algo tipo proibido, CHOCADA MESMO!

- Calma. Ainda não acabou. Eu estou me relacionando com uma colega de trabalho.

A Manu abriu a boca e ficou de queixo caído por uns segundos antes de falar:

- Pera, fala direito. Desde quando você se relaciona com mulheres?

- Eu tive uma namoradinha na adolescência, mas até então eu achava que, sei lá, foi coisa de hormônios, até porque a gente mais namorava virtualmente que qualquer outra coisa. ENFIM... A Gizelly foi a primeira mulher que eu senti algo tão real assim, eu juro que não sei como, mas foi recíproco. Agora eu estou assim, sem saber o que pensar, como reagir, mal sei quem sou eu - respondi, dramatizando esta última frase.

- Calma que também não é pra tanto. Eu sempre acreditei que a gente se apaixona pela pessoa e não pelo que está por fora. Mas que isso é meio chocante, é sim.

- Eu também sempre tive essa visão. Mas, me diz, você está de alguma forma chateada?

- Por que estaria, Rafa? Não tem nada a ver.

- Sei lá, por não te contar antes.

- Você tinha todo o direito de me falar sobre isso só quando se sentisse segura pra conversar. Não tem nada demais.

- Ai, Manuzinha, como sempre, você sendo incrível!!

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