Capítulo 19

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 “Quando não tiver mais espaço no inferno, os mortos andarão pela Terra” 

***


A cena se passou lenta e dolorosamente. Parecia não ter fim.

Vall estava parad

a na estrada rodeada por carros e, mais à frente uma orda de zumbis cercavam Marcos e Pedro.
O meninos tentaram lutar. Mas dessa vez eram muito mais do que quando a salvaram. As espadas que carregavam não foram eficientes. Os zumbis os agarraram  e começaram a devorá-los.

Vall viu o exato momento que um dos zumbis introduziu a mão dentro da cavidade toraxica de seu namorado e puxou la de dentro o que parecia seu coração. Em seguida o mordeu, sem nenhuma emoção.

O rosto da menina estava banhado por lagrimas e o coração no peito batia como um tambor.
Será que o barulho ia chamar atenção dos zumbis? Ela se perguntou, de tão alto que seu coração parecia bater no peito.

A menina queria correr dali, parar de olhar, mas seu corpo não reagia. Tentou fechar os olhos, mas até esse simples gesto parecia impossivel de realizar. Ela quis gritar, mas a voz não saiu. Olhou ao redor, mas não tinha mais ninguem para ajuda-la, e mesmo que houvesse, era tarde demais para ele. Estava morto! Dessa vez era verdade ela concluiu com uma pontada de dor que a fez se curvar, trazendo vida de volta ao seu corpo que antes estava inerte.

Ela caiu de joelhos no chão. Nem sequer os zumbis pareciam nota-la ali, estavam ocupados demais devorando os rapazes. Mas eles não iam passar a vida inteira ali comendo. Ela tinha que se salvar. Tentou levantar mais uma vez e viu que ainda não conseguia. Os zumbis antes distraidos estavam se levantando e deixando os restos dos corpos para virem em direção a ela. A garota entrou em pânico, porem, pior foi quando os zumbis se aproximaram mais e ela pode ver melhor seus rostos. Um deles era uma menina magra de cabelos lisos e levemente ondulados, agora sujos e desarrumados. Um outro era um rapaz alto e esguio, que antes belo, agora não mais.

Vall concluiu com tamanho horror que aqueles zumbis eram seus amigos. Meyre, Lucio, Ruth, Pablo, Mylla, Rodrigo... e todos os outros que amava e tentara proteger.

Os corpos abandonados no chão se levantavam. E um Pedro de aparencia estranha e asquerosa se juntava aos zumbis. Com toda a parte da barriga faltando. E onde deveria estar o coração havia apenas uma cavidade ôca.

Seus amigos, sua irmã, o namorado. Todos se foram. Ela estava sozinha. Não havia mais ninguem por quem lutar. Não havia mais um proposito. Era melhor morrer, pensou ela.

Mas se deixasse que eles a matassem se tornaria um deles. E isso era ruim demais.

A ideia lhe tirou o ar dos pumões e enquanto assistia eles se aproximando dela com as mãos estendidas, o ar foi ficando ainda mais pessado.

Repentinamente Vall não estava mais rodeada pelos amigos zumbis. Mas sentada numa cama, ofegante. Sendo observada por um Pedro com uma expressão preocupada.

Ela o olhou e desabou em lagrimas ao perceber que tudo fora um pesadelo.

Apos chorar e contar a ele o que havia acontecido no pesadelo e ele tranquiliza-la de que tanto ele, sua irmã e seus amigos estavam bem na delegacia que ficava à frente da casa onde estavam, ela respirou fundo limpando os resquicios de lagrima e se dirigiu ao banheiro.

O quarto era amplo e tinha uma cama muito macia. Se não fosse o pesadelo seu sono teria sido otimo. O banheiro não ficava para traz no conforto que oferecia. Era grande com pia, um box com chuveiro e duxa.  De ambos ainda descia o que pra ela era um enxorrada de água.

Enquanto tomada o banho lembrou-se de como haviam chegado ali.

Tinham corrido pela br usando os carros como esconderijos ate chegar à  rua da delegacia. Mas não foi possivel entrar nela e encontrar seus amigos, pois no portão estavam amontoados varios zumbis.

Eles estavam lá dentro. Era evidente. Zumbis se aglomeravam onde havia '''comida'''.

Marcos conseguiu abrir a pequena porta da casa de dois andares que ficava em frente à delegacia e os tres entraram rapido fechando-a atras de si.

A porta dava em uma longa escada que levavam ao segundo andar. Na casa tinha uma sala enorme. Cozinha e tres quartos. O andar de baixo era uma loja, eles descobriram depois. E pegaram roupas limpas. A casa e a loja estavam intocadas. Ninguem tinha tentado invadi-la. Mas a qualquer momento poderiam tentar. Por isso aquele não era um lugar seguro para ficar.

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