VINTE E DOIS | Decisões

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Já era noite então decido sair do quarto já que deveria ser hora do jantar e eu estava com muita fome. Lembro-me que não comi nada o dia inteiro pois só dormi e não sai do quarto para nada.
Tomo um banho antes de tudo e coloco um pijama larguinho qualquer. Penteio o cabelo e guardo o motivo das minhas lembranças de volta no guarda-roupa.

Saio do quarto me sentindo um pouco desorientada. Está em casa novamente era muito estranho!
De longe já sentia o cheiro da comida da minha mãe, meu pai ainda não deveria ter chegado da delegacia pois não o vejo. As vezes ficava me perguntando como minha mãe aguentará viver por tanto tempo assim com ele. Fazia anos que não os via como um verdadeiro casal vive, vocês devem me entender. 

-Filha, achei que não iria mais sair desse quarto.-Ela sorrir de leve ao me ver.

Me aproximo da bancada e a observo mexer algo na panela.

-Está com fome?-Pergunta e antes que diga algo meu estômago responde sua pergunta nos arrancando algumas risadas.
-Pelo jeito sim.-Me observa.

-Oque foi?-Dou de ombros me sentindo encomodada com ela me analisando.

-Está diferente, Carly. Nesse tempo que ficou lá, aconteceu muitas coisas né?

-Sim, mas nada que eu queira falar agora. Estou com a cabeça cheia.-Me sento tentando ignorar sua cara de curiosa.

-Está bem, de qualquer forma seu pai vai querer saber. Deve está chegando para o jantar.-Comenta.

-Isso eu sei, então já que terei que falar os dois saberão ao mesmo tempo.

-Vou colocar sua comida, está pronto!-Diz.

Ela havia feito um tipo de massa diferenciado com um molho vermelho, tinha salada e suco também. Estava uma maravilha e fiz questão de repetir por que a fome era de mais.
-Estava com saudades da minha menina faminta.-Seus olhos tinham um brilho de saudade.

Apenas sorrio pois não tinha animação pra declarações agora e ainda mais por ter em mente que daqui a pouco minha própria mãe estaria concordando com todos os julgamentos do meu pai.

-Estava muito bom, obrigada mãe!-Assim que deixo o prato na pia a porta de casa é aberta e então connor me encara com aquela cara de quem quer dizer: você não me escapa agora.

-Vamos conversar feito dois adultos então?
-Se direciona a cozinha onde estávamos, no caminho pendura seu casaco também.

-Como quiser, de qualquer forma irá me encher com suas perguntas a qualquer momento, então que seja logo.-Minha mãe me encara com olhos repreensivos enquanto connor faz apenas um sinal com a cabeça concordando.

Nos sentamos então e ele começa:

-Por que saiu sem minha permissão?

-Preciso da sua permissão agora? De qualquer forma tudo já estava resolvido, o senhor mesmo me disse que já tinha um mandado pra prender todos.

-Sim, eu disse. Mas que pelo menos me notificasse que sairia.

-Ah, me desculpe então.-Sorrio forçamente.

-Algo não deu certo, não é? Oque você fez de errado, Lílian?-Se exalta, como sempre.

-Olha só, não começa ta. Fiz e dei o melhor de mim e oque aconteceu não diz respeito a você até por que não me entenderia mesmo.-Dou de ombros. Minha vontade era de despejar pra fora tudo oque estava sentindo, mas não valeria a pena.

-Carly, não fale assim...-Minha mãe intervém.

-Mãe, por favor. Afinal, por que a importância toda? Eu não fiz oque tinha que fazer? Sim, eu fiz. Dei o meu melhor e mesmo assim vocês não se importam em como tudo isso foi pra mim. Por um momento já se perguntaram como eu fiquei depois de tudo?

Os dois me encaram e minha mãe depois de um tempo se retira da cozinha. Connor só me encara, mas nada diz.

-Eu juro que tentei, entendeu? De verdade. Mas nada parece agradar vocês, nem mesmo o meu minimo esforço.

Viro pronta pra sair dali...
-Carly...

-Quando tudo isso acabar, quando prenderem todos eu vou voltar pra Miami.

Digo e saio.

Aquela noite foi longa, por dormir praticamente todo o dia estava sem um milésimo de sono. Sem querer me peguei olhando fotos de Alexander, das meninas através das redes sociais.

Fazia tão pouco tempo, mas a saudade era enorme...

Dois dias depois...

Levantei muito cedo já que não conseguiria mais dormir. Fiz minha higiene, tomei um bom banho, coloquei uma calça jens rasgada e uma regata básica. Em seguida sai do quarto para tomar café.

-Vai sair?-Pergunta minha mãe.

-Vou, preciso cumprir uma promessa.-Pego uma maçã grande na geladeira.

-A essa hora?-Ela pergunta. Verifico as horas no relógio que tinha na cozinha e constato que faltavam dez pra seis da manhã.

Se corresse conseguiria pegar as meninas indo pro Colégio ainda...

Penso.

-Tchau, mãe!-Saio praticamente correndo antes que ela fizesse mais perguntas.

-Tchau né...

Sigo para garagem e entro dentro do carro que acho que poderia considerar meu, justamente por eu usar bastante o mesmo quando estava em casa e decidia dar uma voltinha. Ligo o mesmo e dou partida pois estava com pressa. O caminho todo fui comendo minha maçã que estava bastante docinha pra minha sorte.
Cerca de 40 minutos depois chego ao local que fiquei com Estêvão da primeira vez pra vigiar a casa. Daqui uns 10-20 minutos mais ou menos as meninas deveriam estar saindo, então era só esperar.

Certifico que os vidros estão bem fechados e espero. O tempo passa e cerca de meia hora depois um carro sai, mas não são as meninas. Talvez não vão ao Colégio hoje. Estranho.
Meu pai me liga dizendo que precisa falar comigo urgente na delegacia e logo penso que seja a respeito do caso, então dou a volta e sigo agora para delegacia.

No caminho meu celular toca, atendo e me surpreendo ao ouvir a voz de Alex. Minha preocupação vai a mil quando o mesmo fala que valerie fugiu de casa para talvez vir atrás de mim.
Sigo todo o caminho para delegacia pensando absurdamente no que ele disse e de fato ela só poderia ter vindo atrás de mim.

Se acontecesse algo com a mesma não me perdoaria nunca.

Ao chegar ao local de trabalho de connor sou logo recebida por Estêvão que me encara parecendo nervoso. Estaciono o carro e me aproximo dele.

-Oque aconteceu, que cara é essa?

-Connor está um tanto irritado...-Entramos e ele vai falando enquanto comprimento alguns funcionários.

-Novidade. Então era isso, ele só está irritado?! Achei que tinha algo a ver com os campbell.

-E tem, por isso ele está irritado.-Paro e o encaro erguendo uma de minhas sobrancelhas, tentando decifrar seu enigma.

-Pelo oque exatamente?-Ainda de costas esperando uma resposta escuto a voz do motivo de minhas preocupações.

-Carly...-Me viro engolindo em seco ao ver valerie correr de encontro a mim.

-Esse é o motivo.-Escuto Estêvão dizer atrás de mim.

Mas quer saber, que se foda todos. Minha pequena estava ali e pelo jeito já sabia quem realmente eu era, não tinha mais jeito.
Automaticamente me abaixo e abraço a mesma que me aperta muito para uma garotinha que só tem onze anos.

Que saudade meu Deus...








E num é que a menina foi atrás da sua babá? Comentem e curtam muito viu. 😙

Uma Agente Como Babá Onde histórias criam vida. Descubra agora