DEZESSEIS | Cartas na mesa

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Há anos atrás quando tudo aquilo me aconteceu, quando o acidente aconteceu e perdi meu filho não imaginaria que estaria em uma situação como essas.
A verdade é que não queria me envolver em casos do meu pai pois quando mais nova tinha raiva de todo o seu trabalho. Era nele que ele passava mais tempo e não dava a mínima para mim, os casos policiais, seu cargo de delegado, comandante de tudo ao seu redor, absolutamente tudo era melhor que está ao meu lado, quando mais precisava, quando mais sentia falta de uma figura paterna, um colo de pai.

Oque eu quero dizer é que eu mudei, e acho que boa parte dessa mudança foi para agradar ele, pelo meu pai o delegado Connor . Acho que de certa forma toda a mudança foi pra ter um pouco de sua atenção pois estando envolvida no que ele mais gosta de fazer poderia ser que ele se sentisse orgulhoso de mim, estivesse mais próximo de mim. Acho que isso.

Não tinha mais certeza de nada por que nem eu mesma conseguia me entender. Todo esse tempo presa dentro de uma mansão onde meu trabalho é  colher e investigar qualquer pista para solucionar um caso gravíssimo só me fez mudar toda a concepção do que eu sou, do que nunca deixei de ser e do que estou fazendo com pessoas tão boas e que talvez sintam algo por mim.

Eu estava enganando a todos e estava começando a me sentir mal por isso. O pior era não conseguir me encaixar mais nessa posição de agente. Agora eu entendo que é preciso ser muito profissional pra não sentir nada e essa profissional não existia dentro de mim por que simplesmente eu não estava ali por gostar do que fazia ou por precisar estar ali. Tudo isso era pra agradar alguém, alguém que nunca me amou de verdade. Meu próprio pai.

Mas agora era tarde, muito tarde naverdade. Estava quase solucionando um caso que jamais imaginei conseguir fazer e nesse instante havia sido descoberta pelo principal causador de toda essa história. Liam campbell . Com certeza agora ele se sentiria ameaçado e contaria a todos que tem uma policial, vamos dizer assim, disfarçada de babá dentro da casa enganando a todos.

Era isso que eu imaginei que aconteceria, mas talvez eu tenha me engando...

-Ora ora, sabia que você tinha algo de diferente e não é que eu estava certo?-Ele se aproveita para chegar mais perto e cheirar meu pescoço com uma devoção que me deu nos nervos.

-É bom que se afaste de perto de mim, liam...-Digo cautelosa.

-Ou então oque? Acho que quem está encrencada é você!

-Eu sei muitas coisas de você também e é só estalar os dedos e você vai direto pra trás das grades.-Sussurro alto o suficiente para que ele ouvisse. Seus olhos me analisam e então se afasta devagar.

-Duvido que tenha provas. Além do mais, quem é você afinal?-Ele diz meio incerto e logo após pergunta encarando todas as minhas coisas encima da cama.

-Não duvide. Estou tempo suficiente nesta casa para saber muito de você e de quem lhe ajuda também. Quanto à quem sou não diz respeito à você, não te interessa. Mas em breve saberá, então pode ficar tranquilo.-Pisco para ele que me encara com fúria misturado com algo a mais que no momento não consegui decifrar.

A verdade é que eu não tinha realmente provas, mas sabia oque ele fazia e dizendo tudo oque descobri para connor o mesmo descobriria rapidamente. Mas eu precisava ser cautelosa, tinha certeza e sentia dentro de mim que liam não deixaria barato. Ele tentaria algo contra mim, disso eu não duvidava.

-Você é uma policial então, uma infiltrada talvez? Quem te colocou aqui, de onde você veio? Oque você descobriu?-Ele parecia desesperado e pelo jeito não tinha certeza do que eu era e nem oque eu já tinha descobrido.

-Você não vai arrancar nada de mim assim, é melhor sair do meu quarto antes que seu irmão chegue com as meninas.-Digo tentando transparecer tranquilidade.

-Você é perigosa de mais, mas não vou permitir que acabe comigo. Você é louca, tem anotações, fotos de todos dessa casa. Quando Alexander chegar...

-Você vai ficar quietinho e sem dizer nada do que acabou de ver ou ouvir. Vai fingir que não sabe de absolutamente nada por que do contrário ele também saberá o tipo de irmão e esposa que ele tem.-Sua mão agarra com força meu braço, me fazendo desequilibrar pela surpresa.

-Sabe oque me dá mais raiva? É que mesmo depois de saber que você pode foder com minha vida e todos os meus planos, apesar de tudo isso, você não sai daqui.-Diz apontando para sua cabeça.
-Você me enloquece, me leva ao inferno com tudo isso e me leva ao Paraíso com isso.

Dessa vez ele põe sua mão em minha cintura descendo a mesma lentamente por meu corpo.
-Liam, eu já te avisei que não...

Enquanto tento me livrar do aperto de sua mão, a porta do quarto é aberta e dessa vez por marianne que encara toda a cena sem entender nada. Mas o que mais me surpreende é o fato de Alex está bem atrás dela e com uma cara nítida de decepção.
Ele sai andando e minha primeira ação é ir atrás dele. Por que vê-lo daquela forma me afetou tanto.

-Rosa, por que o papai foi embora sem dizer nada?-Marianne pergunta inocentemente.

Encaro liam e o mesmo entende o recado soltando minha mão logo em seguida. O mesmo sai do quarto me deixando à sós com a menina.
-Olha, sou eu aqui...-Diz apontando para sua foto encima da cama.

-Oh Deus...-Eu estava bem ferrada.
-Você espera eu arrumar tudo, princesa?

Ela concorda e até me ajuda, aquilo cada vez ficava mais pior. Mas por incrível que pareça quem mais me preocupava era alexander. Com certeza estaria pensando horrores de mim por me ver trancada dentro do quarto com seu irmão. Pensaria talvez que sou igual às outras babás, isso me revoltava pois pra mim era importante que pensasse o melhor de mim.

Por que me incomodava tanto tudo isso?

Por que me doeu ver como ele me olhou de uma forma tão triste?

Porquê?


Oque estão achando? Será que já ta rolando sentimento ai?

Comentem e curtam bastante.

😙

Uma Agente Como Babá Onde histórias criam vida. Descubra agora