2 dias antes
Ser levado pela polícia em frente ao seu prédio com certeza causaria um grande escândalo, ao qual Lorenzo Crawford já estava familiarizado. Ser um homem que se destaca entre a lista dos mais ricos da cidade carregava consequências, e estar de frente com um detetive era apenas uma delas.
O Sr. Crawford fora largado em uma sala fechada de quatro paredes cinzas e sem vida que continha um vidro jateado que refletia sua face enrugada e séria. Uma mesa preta no centro acompanhada de duas cadeiras também preenchia o local. Em uma delas, ele, e na outra, o Detetive Hoffmann que analisava cada movimento seu enquanto roçava um dos dedos em seu bigode escuro, que era visivelmente uma cópia do de Hitler.
- Sr. Crawford...- a voz grave do homem que aparentava ter uns quarentas anos encerrou o silêncio da sala.- Espero que seja educado e responda as minhas perguntas. Já devo adiantar que ouvi muita coisa sobre o senhor e não me contentei com nenhuma delas.
- Suponho que isso seja problema seu, então.- deu de ombros.
- Na verdade, é seu...- o detetive soltou um riso de escárnio antes de beber um gole do seu café amargo que levou consigo. Ele posicionou a mão sobre os papéis estirados na mesa e o empurrou na direção do Lorenzo.- Deve ser de seu conhecimento as acusações que temos contra você...
- Não vou dizer nada sem a presença do meu advogado.
- Você está sendo acusado de desviar dinheiro da empresa há cerca de um ano. Alguém encontrou provas de que metade do ganho mensal da empresa é mandada para uma companhia que não existe. Investigando mais, descobrimos que o mesmo dinheiro é usado para manter um negócio ativo de drogas com outras cidades.- o detetive respirou fundo, coçando a sua testa enrugada.
- Entendi.
- Só que o lucro desse negócio é mandado para uma outra conta que não está no seu nome...- o Lorenzo respirou fundo- Nós podíamos ter prendido seu filho, sabe disso?
- E, porque não o fizeram?-
- Porque estamos atrás de você há uns meses. Mandamos um policial seguir seu filho nessa última semana e descobrimos que James Crawford nunca vai na sua empresa para ter acesso ao seu computador. Acredito que se estamos certos sobre seus feitios, você nunca solta desse aparelho e raramente deixaria seu filho que você ama tanto tocar nele...não é mesmo?- moldou um sorrisinho no rosto.- Ele sabe que a conta do dinheiro sujo está no nome dele?
- Vocês realmente chamaram meu advogado?- o Sr. Crawford se virou para encarar a porta, e apenas ouviu o detetive bufar.
- Falamos com sua filha e descobrimos que sua relação com a família é distante. Eles provavelmente não sabem que parte do dinheiro que vivem é resultado de venda ilegal de drogas.
- Que filha?- ele engoliu em seco.
- Não tem apenas uma?- cerrou os olhos, e bebeu mais um gole do seu café.
- Sim...- mentiu. Vanessa e Jasmine. Duas. Não uma.
- Então, é óbvia a resposta.
- Certo.
- O que estou ainda tentando entender é como sabia que ia acabar preso. Você deixou tudo encaminhado. Sua esposa com COO, o nome de seu filho para CEO, e é com isso que estou intrigado. Seu herdeiro, se podemos dizer assim, já devia ter assumido seu lugar e acredito que você o nomeou quando descobriu que estavam atrás de você.- puxou os papéis de volta para si.
- Por que eu iria fazer isso?- suspirou, já cansado desse falatório, e sacudiu os seus dedos que amorteciam por conta das algemas apertadas.
- Tenho uma forte intuição que diz que você queria ele aqui no seu lugar.
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My Sweet Little Cupid
Genç KurguDesde sempre gostando de Alison Carter, sua melhor amiga - ou então desde que descobriu que garotas não são nojentas como todo garotinho pensa -, James Crawford se vê preso a esse sentimento inacabável. Por essa razão, um ser com fama no "amor", e...