O inicio e o fim

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Regina

Óbvio que estava bom demais para ser verdade. Não sei porque em algum momento cogitei que isso daria certo. Emma era uma princesa, querendo ou não. Princesas não namoram vilões. Muito menos vilãs. Mas princesas também não quebram corações. Mas Emma quebrava. Ela não era uma princesa normal afinal. Me recusava também a acreditar que tinha sido um caso de uma noite só. Não depois de toda conversa e drama de ontem. Tentei reconstruir os fatos da noite anterior. Me lembrei de Emma plantada na porta da minha casa, ela me beijou sem mais nem menos, ela tomou a iniciativa. Depois de tudo que aconteceu ela ainda quis, depois de toda a confusão de maldições, beijos, poeira e magia, depois do meu desabafo gigantesco no meio da floresta, ela ainda me desejou. Por isso a visão dela saindo apressada pela porta do cofre não fazia o menor sentido para mim. Será que eu realmente havia estragado tudo, apressado as coisas, compartilhado seu "segredo" quando deveria ter ficado calada? Eu queria chorar, e provavelmente já estava chorando. Patética. Feliz princesa? Patética. Tremendo, tentava vestir minha roupa. Enquanto abotoava minha blusa me lembrava dela desabotoando. A lembrança doía, apesar de tão recente. Cogitei preparar uma poção de esquecimento. Será que seria mais fácil? Não, decidi que precisava me lembrar dessa dor para não cometer o mesmo erro novamente. Fiz as coisas da noite passada desaparecerem com magia, olhei em volta, não havia mais nenhum resquício da noite passada. Era melhor eu ir. Não iria voltar tão cedo neste lugar. Quando subi as escadas senti como se estivesse dentro de um dejavu. Vi as mesmas mechas louras de quando Emma havia dormido a noite inteira ali para me esperar quando sabia que eu estava furiosa com ela. Fazia tanto tempo, e havia sido o início de tudo. Esfreguei os olhos, estava no presente, estava vendo as mesmas mechas louras, estava vendo Emma. Ela não foi embora. Via sua cabeça, escondida entre as pernas, subir e descer rapidamente, ela estava chorando.
Me movi rapidamente e me sentei ao seu lado, sem dizer uma palavra. Ficamos um tempo assim, até ela se acalmar e dizer:

-Me desculpa. Eu...eu estraguei tudo. -naquele momento ela não se parecia nada com a salvadora, e sim com uma criança indefesa que havia feito bobagem.

Eu ri, não sabia dizer se era alívio ou surpresa.

-Emma. Olhe para mim.-ela não olhou. Eu então coloquei minha mão sobre a sua, e ela apertou em retorno.-Emma você não estragou tudo.

-Eu só...estou assustada. Eu nunca me senti assim antes, tão indefesa, tão exposta, tão...tão entregue.

-Emma. - tentei novamente. E dessa vez ela olhou. Seus olhos estavam inchados, provavelmente pela combinação do pouco sono e do choro. Seu cabelo estava ligeiramente desarrumado. Eu usei a mão livre para ajeitá-lo atrás da orelha. -Está tudo bem. Confie em mim, está tudo bem.

Puxei ela para um abraço. Senti sua cabeça encaixar no meu ombro, fazendo com que lagrimas molhassem de leve meu pescoço. A situação toda era um pouco cômica. Se alguém me dissesse que eu estaria consolando Emma Swan ha alguns meses atrás eu jamais acreditaria. Se esse mesmo alguém me dissesse sobre todas as coisas que nós fizemos noite passada, eu provavelmente internaria a pessoa em um manicômio.

-Mas não está Regina. - ela voltou a se sentar de frente para mim, mas ainda segurava minha mão. -Eu quero viver isso, quero mais do que tudo. Mas tenho medo do que os outros vão pensar, eu ainda sou xerife.

-As pessoas não tem nada a ver com a sua vida, Emma. E está tudo bem, é algo novo, é um tabu para você mesma. Mas não precisa ser.

-Quando você fala parece tão fácil.

-Sabe...na floresta encantada nós não temos as mesmas preocupações que vocês. Nós nunca tivemos tempo para preconceitos desse tipo.

Emma só olhava para mim, como se pedisse para que eu continuasse. Ela estava quase irreconhecível. Ontem a noite ela que tentava me convencer de algo, tentava me convencer sobre nós. Talvez ela tenha tido um choque de realidade. Mas qual seria essa realidade? Será que...será que ela me amava? Tipo, de verdade? Daquele tipo de amor que atravessa mundos, quebra maldições. O tipo de amor que eu conheci uma vez, a muito tempo atrás. Tentei fazer um checklist mental rapidamente. Atravessar mundos, ok. Quebrar maldições...tinha acontecido recentemente, certo? E agora na minha linguagem: era um amor daqueles que faz você criar maldições. Eu criaria uma maldição por você, Emma, pensei. Criaria todas as maldições do mundo para te ter ao meu lado. Então era isso, não era paixão, não era quimica. Era tudo isso. É tudo isso. Mas também era amor, amor verdadeiro.

The Queen and The SaviorOnde histórias criam vida. Descubra agora