me faça um favor, Cinderela

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Eu o encaro com o cenho franzido.

— Por que eu faria?

— Por que não faria? — Dominick rebate a pergunta.

— Não tenho o dia todo. O que você quer?

— Preciso de uma matéria sobre mim no seu blog. — ele dispara, fazendo-me rir nasalado.

Eu passo por ele e começo a caminhar pelo corredor meio escuro e sem vida do porão, com Dominick em meu enlaço.

— Primeiro, não é meu blog, é da escola. E eu já fiz isso. Não lembra do semestre passado quando postei a pichação que fez e disse que foi você? — eu paro de frente a máquina de snekers.

Ponho uma nota de dois dólares e os dígitos do chocolate que eu quero, enquanto isso, o cara insistente ao meu lado está escorado na máquina. Eu observo o caminho da embalagem marrom cair e me agacho para pegá-la.

— Ah, eu lembro! E a propósito, aquilo me custou duas semanas de detenção. Sabia que eu fui responsável pela limpeza do muro? — ele relembra, desencostando-se e voltando a me seguir.

Eu sorrio na direção dele, tendo boas lembranças.

— Mas dessa vez é sério, Cassandra. Preciso que poste algo sobre a Dead End. Estamos querendo fazer um clipe, nosso primeiro clipe.

Quando alcançamos a escada, Dominick luta para me acompanhar, então eu paro e me recosto no corrimão branco enquanto ele fica com o corpo de frente para o meu. Encaro o suspiro dele como um grito de alívio por não precisar ficar correndo atrás de mim.

— Quanto mais você explica mais eu fico confusa. O que eu tenho a ver com isso? — eu cruzo os braços após a pergunta.

— Precisamos de filmagem e divulgação.

— A divulgação eu até entendo. Até. Mas filmagem? — dou ênfase na palavra, deixando claro que, apesar de tudo, aquilo ainda era meio absurdo para mim.

— Sei que é boa com a câmera. Nós não temos grana pra contratar equipe, Cassie. Você é a única que pode ajudar. Por favor!

— Sabe que existem mais pessoas com esse talento por aqui, né? — indago.

— Não que eu conheça.

— Não sou a única na equipe de comunicação.

— Tá, mas qualquer um que acompanhe o blog ou jornal da escola sabe que você é a melhor. — noto o esforço para aquelas palavras saírem da boca dele, é inevitável o sorriso que cresce no meu rosto.

— Está tendo um treco internamente por admitir, né? — provoco, recebendo uma revirada de olhos como resposta. — E por mais que adore você nessa posição... Eu tô fora.

Volto a subir os degraus da escola, mas Dominick impede que vá muito longe quando corre para me alcançar, ele me segura pelo braço até se manter na minha frente.

— O que eu preciso fazer, huh?

Eu penso. Normalmente, pediria dinheiro, mas ele mesmo disse que estava sem grana.

— Por mais que doa você admitir, sabe que nós temos uma boa repercussão. O seu nome no nosso clipe também poderia ajudar você. — ele argumenta, eu confesso que ele não está totalmente errado. — E a matéria cairia como uma divulgação do seu próprio trabalho. Por favor!

Suspiro, levando mesmo aquela ideia em consideração.

— Quanto você poderia me pagar? Não vou cobrar o mesmo que um profissional, óbvio. Mas, sei lá, pensei em umas duzentas pratas.

Até A Meia Noite [EM PAUSA]Onde histórias criam vida. Descubra agora