alerta de babaca, Cinderela

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 — Eu não acredito que você fez isso, Cassandra — Hanna diz, controlando a risada em solidariedade ao trágico e vergonhoso momento pelo qual eu passei ontem no show.

Ao lembrar de tudo, não evito em enterrar a cabeça nos meus braços apoiados na mesa.

— Eu fiz — resmungo com a voz abafada e manhosa.

Não aguentando mais, a garota cai em gargalhadas, fazendo-me erguer a cabeça só para olhá-la em repreensão.

— O quê? Não pode me culpar, estou tô imaginando a cena e não deu pra controlar.

A olho de maneira entediada e com uma expressão que pode ser facilmente entendida como "sério?".

— Como vai fazer hoje a tarde na filmagem do clipe?

— Você vai comigo.

— O quê?

— Por favor, eu já tava contando com isso, não sei como vou conseguir ir a casa de Jude e encarar Alec de perto sem cometer algo tão idiota quanto o que fiz ontem.

— Precisa parar de me empurrar para os lugares ou confirmar minha presença sem nem antes falar comigo, sabia?

— Isso quer dizer que você, vai? — Sorrio e ergo as sobrancelhas repedidas vezes numa nameira tosca de incentivá-la a aceitar.

— Vai ficar me devendo uma

Apesar do tom sério, ela sorri e empurra de leve minha cabeça para trás ao levar a mão a minha testa, aproveitando o incentivo do movimento, viro-me para frente na carteira e volto a prestar atenção na aula.

***

Eu odeio aula de música.

Odeio.

Eu não sei cantar, não sou afinada, e nenhuma dica ou "comentário amigável" que o professor me passa faz eu melhorar a minha voz.

Cantar no chuveiro ou com os amigos, em um ambiente em que esteja confortável e seja por vontade própria, é uma coisa, mas outra completamente diferente é ter alguém impondo uma música a turma e querendo que cada um de nós atinja determinada nota.

Aqui vai um segredo Sr. Dustin: NEM TODOS NÓS CONSEGUIMOS.

E é por me ver livre dessa porcaria de aula que, quando o professor cansa de babar o ovo de Jude ao cessar os elogios e pede que alguém busque sua pasta na sala de ensaio que os meninos usam, eu não hesito em erguer o braço e pular do banco alto de madeira em que sentamos para me voluntariar.

Mas eu nunca pensei que fosse demorar tanto para achar, tanto ao ponto de ter que ouvir a voz de Alec. Por sorte, ele não entra de imediato na sala, apesar da mão na maçaneta, posso ver pelo vidro translúcido na porta o formato do seu rosto vidado para lado, como se esperasse alguém.

Eu tomo esse tempo como um sinal do universo para que faça alguma coisa, enfim achando a maldita pasta, eu me sento no chão para me esconder atrás de um móvel branco e pequeno, estando aqui atrás vejo que a sala não é tão grande como parece, as paredes azuis dão um ar escuro mas que combina com a banda, e a divisão entre o lugar em que eles tocam, a minha frente e próximo a porta, e onde guardam caixas de som, fios e todas essas parafernálias ficam onde estou escondida, sendo essas duas áreas divididas por um único sofá grande.

No timing perfeito em que fico confortável nessa posição, Alec entra acompanhado de Dominick.

— E por que tá se importando com isso, cara? — o guitarrista pergunta, passando pela porta e deixando-a aberta para o amigo, que ao entrar fecha ela atrás de si.

Até A Meia Noite [EM PAUSA]Onde histórias criam vida. Descubra agora