Depois do desastre que foi aquele teste, eu fui direto para o teatro escrever o roteiro de adaptação da peça a megera domada. Tem sido um desafio e tanto, mas eu tô amando cada pedacinho.
No dia seguinte eu ainda não havia falando com Hanna, e eu nem estava mais brava, talvez irritada com mais de duzentas mensagens pedindo desculpas, mas não brava.
Por isso, quando chego na escola, vou ao seu armário, onde ela já se encontra pegando alguns livros para nossa primeira aula, eu encosto a lateral do meu corpo no metal gelado e cinza ao lado e cruzo os braços.
— Odeio não conseguir ficar zangada com você — digo, fingindo estar irritada.
Minha amiga abre um sorriso largo e me puxa para um abraço, eu retribuo sem mágoas.
— Desculpaaa. Sabe que agi por impulso, preciso mesmo da sua ajuda, não vou conseguir tocar minha campanha só.
— Eu sei — falo convencida ao dar de ombros.
— Agora que estamos bem, me conta como foi no teste. Acha que consegue entrar na média? — Ela fecha o armário e, numa ação mecânica, passa a me acompanhar até o meu, um pouco mais longe que o dela.
Contar a negação que foi aquela prova, me levou a contar sobre Dominick, que me levou a contar sobre a aposta. Hanna gargalha ao saber que no próximo show eu maquiarei ele. Enquanto ponho a senha do cadeado, Holly chega feito um furacão.
Os cabelos ruivos estão em cachos hoje, e ela está mais arrumada que o normal.
— Olha o que acabei de pegar. Ainda está quentinho da impressora, o clube do jornal ainda está imprimindo o resto. — Ela estende para nós dois panfletos iguais, um para cada.
Eu analiso o papel laminado, banhado pela cor azul, com uma lua brilhante no canto externo e vários pontinhos brancos simulando estrelas. Os dizeres "Baile da Primavera" estão em amarelo numa fonte bem elaborar. Logo abaixo, informações como:
Noite de máscaras.
03/05.
20h.Em baixo, no fim do papel e em uma fonte bem menor, há:
*evento promovido pela equipe de torcida da Dewere High School. Torça por nós no próximo jogo.
Eu olho indignada para aquilo.
— Isso é um ultraje! — reclamo, fazendo minhas amigas rirem pela escolha de palavra. — Nós é quem fazemos a maior parte, elas e a equipe de futebol se encarregam de arrecadar fundos e a maioria nem participa da arrumação toda.
— Vou me certificar de nos próximos panfletos dar os devidos créditos — Hanna diz. — Ei, posso usar isso na minha campanha, vai ser perfeito.
— Mas ainda faltam quase dois messes, acabamos de vir das férias de inverno — digo, devolvendo o papel a Holly antes de voltar a por os livros na minha bolsa. — Por que já começaram com essa propaganda?
— Um mês e treze dias. — Holly me corrige. — E isso requer tempo e preparo, Cass. Depois virão mais informações nos panfletos.
Dou de ombros, vendo as horas no celular e notando que passamos tempo suficiente conversando para a aula estar prestes a começar. Quebrando um silêncio confortável e dizendo algo completamente aleatório, Holly para de andar no corredor e nos obriga a fazer o mesmo, criando um clima dramático para o que quer que tenha a dizer.
— Contei a vocês que vou fazer teste para entrar na equipe de torcida?
— Você vai o que? — Hanna e eu falamos ao mesmo tempo, como se fosse algo programado.
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Até A Meia Noite [EM PAUSA]
Ficção AdolescenteCassandra Marrie poderia ser fácil uma Cinderela. Mas a vida real tá longe de ser um conto de fadas, em Riverwood as coisas são um pouco mais complicadas. Presa em um acordo cruel com a própria madrasta, Cass não está atrás de um príncipe encantado...