- Precisamos conversar, rapazes. - Disse Priscila, no dia seguinte.
- Qual o problema? - Questionou Joel, se ajeitando na cadeira. Estavam tomando o café da manhã, que era basicamente algumas frutas e pães que conseguiram no ultimo mercadinho. A maior parte do grupo ainda dormia.
- Ontem a noite, escutei algumas pessoas querendo ficar. Inclusive alguns dos meus amigos. Acho que vai diminuir drasticamente nosso numero de pessoas.
- A casa da Amanda é grande, e ainda existe a casa do caseiro, que estava vazia. Acolheríamos a todos, mas se eles querem ficar nesse lugar como se tivessem encontrado uma distopia, não vou tentar impedir. Minha responsabilidade é com a minha família e com a Sabrina, ao contrário do que todo mundo pensa. - Jason nunca fora tão firme nas suas palavras, como estava sendo nos últimos dias.
- Vamos convocar uma reunião quando todos acordarem. - Sugeriu Joel. Priscila e Jason concordaram e Jason foi para a rua, afim de tomar um pouco de água fresca do riacho. A sós com Priscila, Joel se viu preocupado.
- Você está bem?
- Sim, só que, alguns desses que querem ficar, eu dei minha vida por eles. Eu podia ter morrido, e agora querem me abandonar como se não tivesse feito além da minha obrigação.
- Você foi muito forte, perdeu sua família e mesmo assim usou sua casa para acolher sobreviventes, amigos. - Joel disse, se levantando e segurando os cotovelos dela, para faze-la olha-lo nos olhos e crer no que dizia.
- Eu tenho certeza que Jason vai dizer as palavras certas mais tarde, vai falar diretamente o que eles não querem ouvir. Se ainda assim, eles decidirem se iludir, Priscila, temos que seguir em frente. - Joel sentiu que foi muito duro, mas que era necessário. Seu coração se quebrou quando os olhos dela se encheram d'água, então ele a abraçou.
- Quando chegarmos na fazenda da Amanda, eu vou te proteger. Não vai ter que ver um infectado nunca mais na sua vida. Chega de lutar, chega de sofrer. Entendeu?
Inesperadamente, Priscila o beijou lentamente. Jason entrava pela porta, e voltou lentamente para a rua, feliz pelo irmão. Há muito tempo não via Joel se apaixonar. A ultima o enganou tão friamente, que ele nunca mais olhou para uma mulher da forma como olhava para Priscila, ela realmente tinha algo especial.
Mais tarde naquele dia, com todos acordados e alimentados, Jason chamou todos para fora da cabana. Estava um dia lindo, ensolarado e azul. Não parecia que algo tão ruim estava assolando o mundo. Aquela sensação era estranha até mesmo para Jason, que por um segundo, entendeu o alivio de quem queria ficar.
- Gente, - começou, engolindo em seco e coçando a sobrancelha - vamos partir para continuar nossa viagem. Soube que alguns de vocês querem ficar. Gostaria de ouvi-los. - Aquilo surpreendeu a todos, até mesmo Joel e Dalton. Quem era aquele homem, com a barba e o cabelo crescendo, o olhar duro, o fuzil pendurado sempre nas costas, e a liderança tão firme e concreta, como se fizesse isso a vida toda? Não, não era algo que ele se preparou para, mas sim, algo que a vida preparou para ele. Ele nasceu para estar ali, em frente aqueles pais, mães, crianças, jovens e mais velhos, zelando pela vida deles, lhes dando chance de serem protegidos, mas também nunca tirando sua liberdade de escolha.
- Temos água limpa, fogão a lenha, espaço para cultivarmos nossa comida. Já encontramos nossa fazenda. - Disse um homem, era um dos amigos de Priscila.
- Everton... - Disse Priscila, que estava ao lado de Jason, também como líder. - O que te garante que vai dar tudo certo?
- Nada. Mas eu não estou sozinho, e já vimos o poder que um grupo pode ter. - Respondeu ele.
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Rua dos Mortos
HorrorNinguém imagina o que pode se tornar quando o mundo e a rotina que conhecia é alterada drasticamente. Os fracos podem se sobressair sobre os mais fortes, os inteligentes podem ter mais chance de sobreviver do que os que só se preocupavam com a força...