Capítulo II - Ruídos à noite, emoções de dia!

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Atrás da cama havia uma janela e tanto, feita com madeira grossa e vidros também grossos. A janela devia ter mais de 3 metros de largura por 2 metros de altura, com uma cortina toda bordada a mão, do mesmo linho branco que havia na cama. Sempre que as nuvens saíam, aparecia a Lua e sua tênue luz passava ainda mais levemente por entre o linho, criando um clima quase mágico no quarto, contrastando com as cores escuras da madeira e mostrando silhuetas interessantes para alguém no processo de dormir.

O banheiro era do lado exterior do quarto, no fim do corredor que eu não pretendia caminhar durante a noite. Aproveitei o toucador para escovar os dentes e, vencida que estava pelo cansaço, coloquei o relógio para despertar às 7h do dia seguinte; peguei minha roupa surrada de dormir e me cobri com o lençol, imaginando viagens, animaizinhos, seres mitológicos e outras maravilhas que somente uma mente cansada é capaz de conceber....

Indo dormir com esses pensamentos, somente bons sonhos poderiam aparecer, correto? Bem, a grande parte deles foi mesmo, mas num momento mais próximo, comecei a sonhar com corrida e cansaço. Com aqueles sonhos que quanto mais nos aproximamos da porta, mais longe ela fica. Apenas um som durante a corrida, uma voz amiga que dizia "cuidado!", com um tom nada ameaçador e que soava como um pano de fundo para todo aquele processo caótico. Do que corria, não saberia dizer, mas bem na hora que estava para ser alcançada pelo perseguidor, acordei com um som estridente, mistura de grito e grunhido; como se algum animal tivesse virado presa na floresta próxima. Levantei-me assustada e, sentada na cama, dei uma olhada novamente para a janela e busquei o relógio. Eram 3h, já não se via a Lua, apenas sua claridade passando através da janela e do linho e, como o som não se repetiu, devagar voltei a dormir, com aquela sensação de cautela em minha mente e corpo. Não consegui mais descansar e acordei como se tivesse acabado de fechar os olhos com o som do despertador.

Do lado de fora o Sol ainda não tinha aparecido, mas sua claridade já se fazia presente de algum modo. Preparei minhas coisas para tomar um merecido banho e abri devagar a porta. Não se ouvia nenhum som, não porque não tivessem pessoas, mas porque a porta era grossa demais! Assim que transpassei o batente, uma pequena arruaça tomou conta do ar. Percebi que além de mim, mais outras quatro pessoas estavam hospedadas, sendo que todas elas comentavam sobre o estranho som da madrugada. Era possível discernir o som de três vozes masculinas e uma feminina. Corri para o banheiro ao fim do corredor depois de constatar que a porta do mesmo estava entreaberta e, portanto, que eu não ficaria "presa" do lado de fora dele, esperando algum estranho sair.

Ao entrar, novamente, tudo muito asseado, apesar de notar-se que havia sido recentemente usado pela água que ainda escorria da banheira. Como seria de se esperar, o chuveiro era baixo demais para toda a minha altura (eu não comentei anteriormente, mas sou alta pra uma mulher, tenho 1,89m e peso cerca de 82kg) e, com isso, seria necessário usar mesmo a banheira. Abri o registro do chuveiro e deixei muita água escorrer antes de tampar a banheira e deixá-la encher até quase a metade. Não tinha muita intimidade com banhos em banheira, mas como estava ali para novidades e aventuras, essa seria mais uma delas!

Entrei com cautela e notei que havia sais de banho ao lado da banheira, peguei o frasquinho escrito "Lavander", sabendo como um arroz se sente quando é temperado e rindo da metáfora que minha mente havia criado resolvi mergulhar a cabeça dentro da banheira, esticando um pouco as pernas pra frente e confesso que gostei da sensação. Esfreguei a cabeça com o xampu que tinha levado e finalizei com o condicionador, saindo em seguida e tentando deixar tudo tão limpo quanto havia encontrado.

Amarrei a toalha nos cabelos e, sendo ralinhos como eram, sabia que em breve estariam secos e levemente encaracolados. Passei desodorante e me vesti com uma jardineira jeans, meias bem compridas, que poderiam ser puxadas caso fosse necessário fazer a vez de uma calça comprida e um sapato de trilha. A camiseta alaranjada sob a jardineira era de manga comprida, de algodão leve e, com isso, terminei a primeira tarefa do dia, abrindo a porta e partindo para meu quarto.

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