Capítulo XI - Será que temos sentimentos mútuos?

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Eu não consigo guardar rancor daqueles por quem tenho estima... Foi colocar na minha cabeça que o ajudaria esta noite e praticamente toda a raiva se dissipou.

Ele me perguntou se eu tinha roupas de "cowgirl", tive que rir e só consegui parar quando ele foi até o baú no pé da cama e o abriu, mostrando algumas saias e blusinhas, bem como um chapéu e cintos variados. Eu questionei sobre o sapato, pois aqueles eram pequenos demais:

"Quanto tu calça?" - foi a pergunta, já comparando o pé dele com o meu.

"10, 10 e ½ dependendo da forma... Está brincando que o mesmo que o teu?" - pois a minha comparação mental tinha chegado à mesma inferência que a dele.

Como uma luva! Pedi licença para me trocar e perguntei se era necessário arrumar o cabelo de algum jeito, falar algo determinado, enfim, mudar muito meu comportamento para que as pessoas realmente achassem que eu frequentava bares de country por esse mundão.

"Não! Você é uma turista, isso 'tá na cara! E eu conto que a criatura não vai se incomodar em como 'tá preso seu cabelo. Ela vai te sentir, guria..." - enquanto saía do quarto.

Escolhi uma saia jeans que estava na altura do joelho, peguei uma blusinha de alças branca e sobre ela coloquei uma camisa com listras esverdeadas, no fundo do baú vi um colete de couro que adicionei sobre o conjunto, caso fizesse frio de noite; era melhor prevenir que não conseguir remediar. A bota de James era meio cano e ficou alguns dedos acima do tornozelo, da mesma cor do colete e do cinto que resolvi colocar. Ao olhar pro chapéu não pude deixar de rir, quem disse que nunca, né? Soltei os cabelos, fiquei segurando o chapéu na mão e olhei ao redor, atrás de um espelho que não encontrei.

"James, não tem espelhos nesta casa?" - soltei de dentro do quarto.

"Chega mais, a geladeira é bem polida e serve de espelho." - foi a resposta que tive, saindo em seguida e rumando para a área da cozinha.

Ele estava no balcão que servia de mesa e anteparo, virado pro quarto, cortando algum vegetal e, ao que parece, comendo um pedaço de cenoura; um cheiro gostoso de ovos fritos e temperados estava em todo ambiente. Levantou o rosto e se engasgou com a cenoura e soltou um sorriso, eu não sabia se ria de mim ou pra mim e fechei a cara, indo mais célere para a frente da tal geladeira, que parecia conectada a alguma bateria para funcionar. Com a minha visão periférica eu o vi limpando as mãos num pano e terminando de adicionar o que havia cortado ao ovo que frigia.

Quando me olhei não achei que estava tão mal... Tive que virar pra ele e perguntar: "Estava rindo do quê? Até que não ficou tão ruim assim..."

"Eu achei o máximo... Não!... Não 'tava rindo de você... me engasguei porque não esperava tanta... nunca tinha te visto de cabelos soltos, 'cê devia experimentar mais... Quero ver com o chapéu, vai." - enquanto vocalizava essas frases todas desconexas, ele abria os braços e fazia um movimento de "veja você mesma", apontando para a geladeira, que devia ter um metro e cinquenta de altura, portanto, tive que ficar me abaixando pra ver o todo. Dessa vez, fui eu que fiquei ruborizada, mas logo pensei na Rosie e sacudi a cabeça, não tinha esse direito... "Desculpa", mentalizei.

Ouvi o risinho rouco dela na minha mente, divertindo-se com tudo isso, sem expressar palavra.

"Enquanto tu come eu vou me trocar, já comi e fiz esses ovos mexidos pra você, espero que estejam do teu gosto." - e saiu, sem me esperar agradecer ou responder.

Fui até o fogão e peguei os ovos direto da frigideira, coloquei duas fatias de pão para aproveitar o calor dela e esperei um pouco, até que eles ficassem mornos, enquanto isso mordiscava um pouco do ovo que estava divino! Ou era minha fome? Fato é que passei grande parte do dia sem comer! Não consegui mais esperar, fiz um sanduichão, indo até a geladeira e vendo que tinha maionese e alface para completar.

Meu Encontro com o WolverineOnde histórias criam vida. Descubra agora