"A gente conversa na cabana, pode ser? Vou precisar passar naquela floresta atrás da pousada Crow, pra checar se os cheiros realmente conferem. Se não quiser passar lá, pode ir direto pro lago, ok?" - colocando a mão no meu ombro.
"Olha, não é "puxa-saquice", mas eu me sinto mais segura perto de você do que sozinha na cabana, sabe?... Então acho melhor descer também." - sorri de lado, tentando parecer confiante e rumei pro meu trailer, dando a partida.
Estacionamos no acostamento, bem antes de chegar na pousada. James desceu e já rumou para a floresta de pinheiros atrás do local, eu o segui, sem soltar palavra pois via nas suas atitudes o quanto estava compenetrado. Seria necessário muito para tirá-lo daquele estado. Percebi quando ele estacou diante de uma árvore e cheirou o tronco, olhou pra cima e estávamos sob nosso antigo quarto, sua mão direita fez um "yes!" e ele então voltou a olhar para mim como se somente agora eu tivesse entrado nos seus "sentidos": "pronta pra andar um pouquinho pela floresta, Li? Coisa pouca, eu espero, mas não prometo..."
"Her... tem alguma possibilidade de encontrarmos com o dito no caminho?! O que eu faço se isso acontecer?" - um pouco de medo foi passado pela minha voz, o que fazia todo sentido naquele momento, certo?
"Todo o cheiro 'tá bem antigo, eu não acho que esse rastro nos leve até ele, mas nada é impossível, né? Se a gente o vir eu o deixo desacordado e corretamente preso" - e me mandou uma piscadela.
"Vamos poder conversar no percurso? Estou curiosa sobre o que viu no necrotério..."
"Senão? Não vai comigo?... Conversar é uma condição 'sine qua non'?" - sorrindo e completou: "Podemos ir conversando sim, de vez em quando pode ser que eu interrompa o papo, mas não terá problemas, eu acho... Só me avisa se não estiver conseguindo me acompanhar, ok?" - e partiu por entre a vegetação, esperando que o seguisse e que perguntasse o que quisesse.
Fui lépida atrás dele, aproveitando meus grandes passos em relação à sua velocidade e quase tive certeza de ouvi-lo conversando com Rosie, na verdade, discutindo algo, mas não fui colocada a par dessa vez e preferi não me meter em conversa de marido e mulher...
"Her... você conseguiu saber quem era a vítima?" - joguei no ar, tentando tornar aquela caminhada menos pensativa e mais vivenciada, pois se começasse a raciocinar no que estava fazendo creio que poderia enlouquecer.
Ele parou diante de um pinheiro gigantesco e passou a mão em uma marca que ali havia: "Era uma mulher, mais ou menos da tua idade, canadense, mas que estava a passeio nas Rochosas. A pousada que ela ficou era ainda mais afastada que a nossa e ela tinha o hábito de sair de noite pra dançar nos bares da região... Numa das voltas a pé ela sofreu o ataque... Fazia cinco dias que estava aqui... Ninguém que conheça um pouco sobre ataques de animais vai acreditar que aquilo foi feito por um, guria..."
Ótimo! Pelo menos eu não tinha hábito de ir em bar! Ufa! E muito menos de andar sozinha por regiões que desconheço... Se bem que me veio a lembrança do quase estupro e o fato de eu estar melhor sozinha que com um guia.
Andamos por cerca de meia hora, sempre nos embrenhando mais na floresta até que ele comentou: "É... aqui o cheiro se mistura com outros, que estranho... Se 'tá mais distante, devia 'tá mais fresco, mas não... Algo aconteceu aqui e eu 'tô quase sacando que ele seja algum tipo de transmorfo."
"Não entendi, o cheiro dele não devia mudar se é só a forma que se altera, não?"
"Hehe, isso aí é o que a nossa lógica diz, mas não tem lógica na biologia, guria! Eu já vivi e vi cada coisa que não faz sentido algum! Mas uma coisa eu aprendi, a confiar nos meus instintos e eles 'tão me dizendo que essa alteração de odor tem a ver sim com nosso caso. Vamos dançar?" - e soltou uma risada, voltando empertigado pelo mesmo caminho e gritando um "te encontro lá" ele nem me deu tempo de questionar aquela loucura!
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Meu Encontro com o Wolverine
AdventureLá estava eu, sentada diante do PC tentando planejar minhas próximas férias. Sabia qual o destino, já que sempre alternava entre Itália e Canadá. Sabia que em 2014 seria a vez da América e meu lado explorador estava aflorado; apesar de ser incrível...