Flashback On: Rafaella tapou o microfone que ficava atrelado a seu pescoço, o puxando para baixo e com aquela pouca força colocada, afastando os imãs que fechavam aquele "colar". Aproximou-se do meu rosto, próximo a minha orelha e falou-me eufórica: Tchichela, me espera lá fora! Eu preciso falar com você. Não esquece disso, ok? Me espera lá fora. Naquele instante, imaginei apenas que ela quisesse encontrar comigo e com todos os demais, em algum bar ou festa que possivelmente seu staff pudesse ter organizado ou até mesmo a produção do programa. Na euforia daquela final, não me dei conta de que ela já havia andado mais do que eu e que estava perto da porta, enquanto eu ainda estava a uns cinco ou seis passos dela. Torno da súbita inércia do meu corpo com ela chamando pelo meu nome: Vem, Gizelly! Vamos! - Seus olhos sorriam tal e qual sua boca, que me mostrava seus perfeitos e alvos dentes. Corri até ela, me desequilibrando e desajeitada como sempre fui. Abrimos aquela porta e passamos para o lado de fora da casa, daquela casa aonde vivemos por aproximadamente três meses.
POV GIZELLY:
Terça-feira, 18 de Agosto de 2020, 09h00m. Acordo naquela manhã nublada e totalmente desanimada. Havia feito fotos para uma campanha de uma marca de óculos de sol, na capital paulista. Estava muito cansada, pois aquelas fotos em estúdio haviam começado muito cedo e terminado muito tarde. Levanto e vou até a geladeira, apanho apenas o saco de pão de forma, faço um queijo quente e levo a boca um caneca com toddy gelado. Sento-me em um dos bancos altos daquele balcão, encostando meus antebraços naquele granito frio e começo a zapear o instagram, twitter e todas as redes sociais que pudessem ter ago interessante. Verdade, tudo ali não me empolgava em absolutamente nada. Rolando a barra de rolagem do feed, meu celular parou em uma foto publicada por Rafa. Me peguei suspirando por aquela morena de um metro e setenta e quatro de altura, curvas esculturais e olhos perfeitamente verdes, que mais pareciam duas esmeraldas. Aquele olhar, aquele sorriso, aquela boca e aquela mulher, irrefreavelmente mexiam comigo. Desde aquela final, aonde ela foi consagrada campeã, mui merecidamente, esperei por seu contato, a princípio achando que era apenas por causa de alguma comemoração por sua vitória, mas nas circunstâncias em que saímos do confinamento, entramos em um isolamento social, por causa da pandemia do coronavírus, o que impossibilitava quaisquer festinhas a parte. - Deixei meus pensamentos irem mais alto do que eu esperava e externei-os deixando as palavras saírem da minha boca.
- Ah, Gizelly Bicalho, quando é que você vai deixar de ser trouxa, sua tonta? Nunca que a Rafaella Kalimann iria dar cabimento para uma coisas dessas... É nisso que dar, cair em porra de fandom doido. Que loucura meu Deus, tô fanficando eu mesma. Gente do céu, estou ficando louca, só pode ser. - Falei não acreditando no que me acontecia naquele momento.
POV RAFAELLA:
- Genildinha, cheguei! - Gritei assim que bati a porta do meu apartamento. Havia passado sete dias fora de casa a trabalho. Minha mãe havia ficado em meu apartamento, em São Paulo. Desde a minha saída da casa do Big 20, minha vida que não era nem um pouco rotineira e, coisa que nem eu mesma gostava que fosse, havia se tornado um turbilhão de coisas. Eu praticamente não tinha tempo para mais nada. Visitava minha casa, tanto o apartamento de São Paulo, quanto a casa em Goiânia. A chácara era algo que se muito antes de entrar no confinamento do BBB eu já não frequentava, agora era que eu não ia mesmo. Eu morava entre um avião e outro, entre um carro e outro. Meu próprio carro já nem servia mais, pois em quatro meses que voltei à vida "real", apenas havia dirigido duas ou três vezes, em Goiânia.
- Oi filha! Como foi lá em Manaus? - Minha mãe me perguntou super empolgada, querendo saber de todas as novidades daquele novo trabalho e tudo o que acontecera aqueles dias em que estive fora.
- Mãe, tô morta! Tô super cansada. A gente conversa mais tarde, pode ser? Agora eu só quero um banho e cama, não necessariamente nessa ordem.
- Ta bom, filha. Vai se deitar, mas toma primeiro um banho, pra descansar melhor. A noite eu vou pra Goiânia, minha passagem está marcada para às 17h, conexão e escala no Brasil inteiro. Nunca mais pego uma promoção. Você que gaste! - Minha mãe falou sorrindo, porém inconformada com tantas paradas até o destino.
- Prometo a você que eu apareço no fim de semana, mãe! Eu tô muito necessitada de passar uns dias em casa. Estou trabalhando há quatro meses sem parar. Uma loucura, mas agora tem dó e me deixa descansar, mãe. - Falei ja deixando minha mãe sozinha na sala de estar e subindo até meu quarto, que ficava no pavimento superior.
Dormi como uma pedra e acordei inchada do tanto que dormi. Havia chegado em casa por volta das 9h da manhã, peguei um voo com minhas conexões do norte ao nordeste até chegar em São Paulo. Com o excessivo cansaço, acordei somente às 21h. Aquela altura, Genildinha já estava voando para nossa casa em Goiás. Sorri lembrando da indignação de minha mãe com as tantas escalas que teria em sua viagem. Peguei meu celular que estava pelo meio da minha cama e verifiquei algumas mensagens em meu whatsApp, algumas foram respondidas, outras deixei para responder em outro momento. Como era de costume, acessei o perfil do instagram da Gizelly e verifiquei suas atualizações e stories, para não mudar nada, me questionei se deveria ou não mandar mensagem para ela. Com toda a minha insegurança, bloqueei meu celular, desistindo mais uma vez de mandar-lhe mensagem. Levantei-me e fui até a cozinha, pra comer algo, pois estava faminta.
Após jantar, peguei meu macbook e fiquei respondendo alguns e-mails, da empresas interessadas em parcerias, minha equipe financeira e tantas outras coisas. Já estava cansada em responder tantos e-mails e tantas coisas burocráticas, mas consegui colocar todo o meu trabalho acumulado em dia. Perto da uma hora da manhã, quando eu já havia me deitado para tentar dormir, mas como durante todo o dia havia dormido demais, meu sono já tinha subido para o teto. Mediante isso, resolvo olhar alguns stories no instagram e me deparo com uma live de Gizelly Bicalho, mas logo que decido entrar, verifico que já havia sido encerrada. Olhei seus novo stories e um deles era uma foto sua deitadinha na cama, apenas o rosto e parte de seu busto, com aquelas brincadeiras de perguntas e respostas, aonde ela apenas colocou: "Façam suas perguntas que amanhã eu respondo. Hoje não que eu vou dormir.". Tomei coragem e resolvi mandar-lhe uma mensagem, fazendo-lhe uma pergunta, como orientado por ela mesma, na brincadeira e, esperando sua resposta somente no decorrer do dia, quando ela pudesse visualizar.
Pergunta: "Sem sono, Titchela?"
POV GIZELLY
Travo meu celular e de imediato o mesmo vibra em minhas mãos. Sabia que já seria alguma pergunta de algum seguidor no insta, por causa da brincadeira que eu fiz. Resolvo abrir, só por curiosidade, mas não iria responder aquela hora. Para minha enorme surpresa, uma mensagem dela. Por um átimo de segundo senti meu corpo se desvencilhar do meu espírito. Me faltava o ar, só em imaginar que ela estivesse, finalmente tendo seu primeiro contato comigo. Visualizei sua pergunta no instagram e pela primeira vez em muito tempo, fiquei sem saber o que escrever. Me faltaram as palavras e aquela altura, minha testa já mostrara gotículas de suor.
A pergunta de Rafa era muito simples, mas fiquei totalmente destreinada para responde-la.
"Acordada a essa hora, Titchela?". Resolvo respondê-la de forma objetiva - "As vezes bate uma insônia leve". Mas e você? O que me conta a essas horas acordada?. Espero sua resposta por cerca de cinco minutos, mas ela não me responde absolutamente nada. Mais uma vez para meu completo espanto, recebo uma mensagem no whatsApp de Rafaella.
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GiRafa - Me espera lá fora.
FanfictionRafaella e Gizely se encontram em um reality show. Dentro do confinamento nasce um sentimento desconhecido por elas, cujo qual só poderá ser desvendado longe das câmeras do confinamento.