Cap. 3 - Você me bagunça!

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POV RAFAELLA:

Já havia mais de dois meses em que Gizelly e eu havíamos dado o nosso primeiro beijo. Nosso "relacionamento", se é que eu podia chamar o que estávamos vivendo de relacionamento. Não nos intitulamos como namoradas, mas da minha parte eu não havia dado espaço para mais ninguém se aproximar e tentar algo comigo e, imaginava que da parte dela também, mas eu não tinha nenhuma certeza em relação a isso. Apenas acreditava na força daquilo que nos conectava. Com a correria das nossas vidas, por mais que morássemos muito próximas uma da outra, não conseguíamos nos ver com tanta frequência quanto eu gostaria, mas sempre que eu pousava em São Paulo e calhava dela também estar por aqui, era certeza de nos encontrarmos, geralmente no meu apartamento, pois facilitava a minha vida.

Nos fins de semana, quase sempre estávamos trabalhando, entretanto, quando conseguíamos uma brecha livre, muitas vezes sacrificava minha ida à Goiânia para poder ficar com a Gi. Minha família questionava as minhas faltas em vários finais de semana, o que me gerava um extremo embaraço e constrangimento, por não poder contar a eles o que estava acontecendo comigo naquele momento da minha vida. Mas o que estava acontecendo comigo? Eu estava apaixonada por uma pessoa, por uma mulher maravilhosa, mas eu sequer poderia conversar sobre isso com minha mãe, já que Gizelly e eu não tínhamos nada, de fato, concreto. Não havia acontecido um pedido de namoro ou muito menos conversamos sobre isso de relacionamento.

Durante duas semanas fiquei sem ver Gizelly pessoalmente, pois calhou de estarmos trabalhando demais naquelas semanas anteriores, para completar, o fim de semana que ela teria livre, eu estava viajando a trabalho, mais especificamente em Porto Alegre/RS, por sua vez, a Gi aproveitou a oportunidade para ir ao Espírito Santo, visitar sua mãe, familiares e amigos. O que foi ótimo, embora eu soubesse da enorme felicidade da minha morena em estar vivendo tudo aquilo que ela estava vivendo, a fama, o carinho das pessoas, a mudança completa da vida dela, sabia sobretudo das saudades que ela sentia de sua gente, tal qual eu.

Ao mesmo tempo em que eu estava amando que ela estava revendo seus amigos e familiares, admiti para mim mesma, meus ciúmes em relação a ter que dividi-la com aquelas pessoas que estavam na vida dela há tantos anos e tinham um lugar tão importante dentro do coração dela, enquanto eu, era uma recente chegada. Resolvo fazer contato com ela. Sabia que ela estava em um clube reunindo-se com seus amigos de sempre, tal qual eu fazia quando ia à Goiânia ou BH.

 Sabia que ela estava em um clube reunindo-se com seus amigos de sempre, tal qual eu fazia quando ia à Goiânia ou BH

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Me irrito com a demora de Gizelly para me ligar. Resolvo desligar o telefone e deixar para lá. Se ela não me ligava tinha algum motivo, muito embora minha cabeça só pensasse nos piores possíveis. Minha ansiedade foi mais forte e de contra a minha irritação e deixo o celular ligado e me comprometo comigo mesma a não ficar olhando-o a cada cinco minutos, na espera de notícias da capixaba, mas falho miseravelmente. Impaciente, decido fazer alguns stories falando de como havia sido o meu dia e o que eu estava fazendo a noite. Obviamente, menti nos stories em que falava que estava naquela noite lendo ou um livro e super cansada. Meu cansaço se chamava impaciência e irritação com a falta de resposta da Bicalho e o livro que eu lia era o whatsApp e o instagram dela.

Ao analisar meus stories, percebo que Gizelly os visualizou e deixo meu pensamento falar mais alto, "Por que drogas a Gizelly não me liga? O que será que esstá acontecendo?" - Penso em ligar para ela, mas temo estar sendo demasiado invasiva, então aborto meu plano, travando o celular e colocando-o sobre a mesa de cabeceira.

Finalmente eu havia cochilado por cerca de uma hora e meia, olho o celular para ver as horas, 21h25m, nenhuma mensagem de Gizelly. Antes que eu pudesse travar meu celular, recebo uma mensagem de voz justamente dela. Não contenho minhas ganas em ouvi-lá e acesso de imediato. Percebo sua voz embolada, como ela sempre ficava quando bebia mais do que o que deveria beber. Aquele jeito Gizelly Bicalho de falar atropelando tudo com a língua maior do que a boca e dando voltas.

"Rafa, eu vou te ligar... Não te liguei antes porque eu estava melhorando um tiquinho. Eu bebi um tantinho a mais hoje, mas ta tudo sob controle." - Ouço Gizelly e sua voz de embriaguez e sinto um mix de raiva pela bebedeira e ao mesmo tempo de graça com seu jeito irreverente de ser. Logo que termino de ouví-la, meu telefone toca e atendo-o.

- Oi, Gizelly! - Falo sem expressar muita empolgação, mas por dentro meu coração pulsava mais frenético, só em poder falar com ela.

- Rafa... - Ela da uma pausa e continua sua fala. - Rafa, desculpa demorar tanto pra te ligar. Eu tava melhorando pra te ligar, para não te ligar tão cheia de manguaça.

- Bebeu cerveja, Titchela? - Pergunto ja deixando de lado quaisquer irritações.

- Também. Um pouco de tudo na verdade. Eu estou tão feliz ao lado dessas pessoas, Rafaella. Essas pessoas são tudo pra mim. Eu não sei viver sem elas. - Gi fala em tom de choro, o que piorava ainda mais sua dicção mediante as palavras. Mais uma vez, embora eu entendesse o que ela estava falando, senti um aperto forte em meu coração quando me dei conta de que não estava inserida aquelas pessoas cujas quais ela mencionava seus nomes ao passo em que falava.

- Que bom que você está feliz, Titchela! Que bom que você está perto de todas as pessoas que você ama de verdade. - Falo com verdade aquelas palavras, mas sentia demais aquilo. Enquanto falava, algumas lágrimas teimavam em cair pelo canto do meu rosto, logo levo o dorso da minha mão até elas, no intuito de enxugá-las e contê-las.

- Só falta você aqui, minha girafa de um metro e setenta e quatro de altura.

Ouço Gizelly falando aquilo e meu sorriso se abre de canto a canto. Finjo-me de desentendida e rebusco ainda mais aquele tema.

- Ta sentindo minha falta, sua bebinha linda? - Falo brincando com ela.

- Rafaella, eu sei, eu estou bebada agora. Alcoolizada! Estou bebada de álcool, mas eu sou bebada de amor por você o dia inteiro, todas horas, minutos e segundos. E você sabe disso.

- Titchela, amanhã você não vai se lembrar de absolutamente nada e eu que fique iludida com você.

- Rafaella Freitas Ferreira Castro - Interrompo-a e a corrijo.

- É de Castro! DE CASTRO!

- Eu ouvi Bicalho? - Ela diz mui graciosa. E eu confesso que aquilo me cobriu de felicidade. - É Bicalho mesmo, Rafaella?

- É, Gizelly! É Bicalho sim. Você quer que seja Bicalho então é Bicalho.

- Rafaella, você quer que seja Bicalho, sim ou não?

- Assim você e bagunça, Gizelly.

Ficamos rindo, descompassadamente de uma besteira como essa. Até que de repente pairou sobre nós um enorme silêncio de ambos os lados do telefone. Essa pausa foi interrompida por Gizelly, quebrando aquele silêncio que ali estava.

- Rafa? - Ela me chamou.

- Oi.

- Você é minha namorada? - Ela me diz de uma maneira muito terna e eu sem muito jeito, mas mas não cabendo dentro de mim de tanta felicidade, lhe respondo: Sim, Gizelly! É claro que eu sou. Você quer que eu seja?

Continuamos aquela conversa por mais alguns minutos e depois encerramos a ligação. Eu tinha certeza de que no dia seguinte Gizelly não se recordaria de absolutamente nada do que havia me dito por telefone e por um momento isso chegou a me entristecer. Antes mesmo que eu pudesse me deitar na cama, recebo uma mensagem pelo whatsApp, mais uma vez, dela:

"Só para você não ficar achando que eu falei porque estava sob efeito do álcool. Rafaella, você é minha namorada e eu sou a sua namorada, somos um casal, ta ok?".

GiRafa - Me espera lá fora.Onde histórias criam vida. Descubra agora