Cap. 4 -Amar é deixar ir

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POV GIZELLY:

Acordo e não encontro o corpo de quente da Rafa ao meu lado na cama. Ela saiu sem falar comigo? Não! Ela sempre fala comigo antes de sair. Não ouço nenhum barulho na suíte de seu quarto, imagino então que ela possa estar no pavimento debaixo. Coloco minha pantufa de girafa, presente que a própria Rafaella me deu, quando voltei de Vitória/ES.

São Paulo havia amanhecido com um sol gostoso, um daqueles dias ótimos para dar um passeio no parque, andar pela avenida Paulista, depois almoçar em um bom restaurante, enfim fazer algum programa a dois.

Desço as escadas, chegando a sala de estar, vou até a cozinha e não a encontro, ouço bem distante o barulho da tv, não consigo identificar apenas pelo som o que ela estaria assistindo. Abro a porta com cautela, pois sempre que ela parava para assistir tv ou um filme, ela sempre caia no sono. Para minha surpresa, ela estava acordada, porém perdida em seus pensamentos, enquanto descansava em 'chaise long' de cor areia, que ornava completamente com aquele ambiente decorado a escolha de Rafaella. Decido me aproximar sem fazer barulho e ao chegar bem perto dela, encosto a ponta do meu dedo indicador, em seu nariz, sentando-me bem na beirada daquela 'chaise long' e me inclino para beijar seu rosto e seus lábios resseco.

- Mil reais pelos seus pensamentos. - Digo sorrindo e tocando a ponta do dedo indicador a ponta do nariz dela.

- Apenas pensativa, meu furacão... - Ela tenta expressar indiferença na resposta, mas falha miseravelmente.

- Aconteceu alguma coisa, Rafa? Não adianta você me dizer que não, você não é de acordar cedo, muito menos é de ficar assistindo no domingo de manhã o programa Siga Bem Caminhoneiro. Se pelo menos fosse, sei lá, um desenho animado, mas o siga bem, Rafaella Kalimann? Me diz, o que é que se passa dentro dessa cabeça de tamanho acima da média. - Tento ser um pouco hilária com ela, que sempre ri com as minhas brincadeiras, por vez se irrita também. Ela sorriu, mas seu sorriso não resvalava em seus olhos. Era característico dela, rir com a boca mas também com os olhos, então qualquer coisa diferente disso eu conseguiria perceber ainda que ela dissesse que não. - Rafaella, eu entendo se você não quiser falar. Eu posso te deixar ficar bem no cantinho e esperar o seu tempo, mas você sabe que até que você resolva falar alguma coisa, eu vou estar por dentro desse apartamento me comendo de ansiedade e super angustiada em saber que você está assim. - Falo e ela apenas assente com a cabeça. Resolvo deixá-la naquela sala com seus pensamentos. Levanto-me deixando um beijo em sua testa e saio da sala.

Já fazia mais de uma hora e meia que eu havia deixado a Rafa quieta na sala de TV, resolvo entrar mais uma vez, pois aquela situação estava me deixando inquieta e demasiado angustiada. Dou dois toques na porta antes de girar a maçaneta e a vejo deitada na mesma posição, seu rosto estava bem inchado e seus olhos bem avermelhados, ela havia chorado desde a minha saída.

- Posso entrar? - Falo já tendo passado.

- Claro, Gi! - Ela sorri pra mim e seca as lágrimas em seu rosto com a palma de suas mãos.

- Eu não consigo ficar lá fora e saber que você está aqui, assim, desse jeito. Me deixa te ajudar, Rafa. O que é que ta acontecendo? Eu fiz alguma coisa que você não gostou? Eu falei alguma coisa que não deveria? Não sei... Eu preciso que você me fale, para eu poder corrigir ou pelo menos tentar me explicar. Mas me diz o que está acontecendo? - Minha aflição era nítida tal qual os olhos dela inchados de tanto que havia chorado.

- Me abraça! - Ela pede de modo quase inaudível. Era possível sentir o nó que existia na garganta dela. Passamos talvez uns três minutos abraçadas, trocando uma com a outra a energia pesada que vivíamos naquela ocasião.

GiRafa - Me espera lá fora.Onde histórias criam vida. Descubra agora