C. 26 - °O dia do clichê - Parte II°

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— Cara, isso é... Nem sei o que dizer, parabéns!? — disse acanhado. Nunca passei por uma situação constrangedora como essa. Daniel sorriu e balançou as mãos, se negando a tocar as minhas. Quando vi a espuma de sabão em algumas regiões do dedo, entendi o motivo.

— Lorenzo, preciso falar justamente com você, e com você também — Daniel disse indo direto ao assunto que o trouxe a casa de Isabella. Qual o assunto? Não sabia, mas o cara que não andava, está andando, ele ouço até cantando coreano.

— Eu já sei o que é, vamos cuidar de Isabella e seguimos para sua casa. Vá terminar o seu banho, bonita essa toalha de patinhos! — Matt não perdeu a oportunidade e eu pensei que não podia mais ser envergonhado. Assenti e nem tive coragem de olhar para ela, a qual estava mais calma. Era impossível de não ouvir os risinhos que se seguiram assim que sair. Maldita hora que eu quis bancar o herói, entretanto, ao ouvir seus gritos, ela parecia apavorada e eu imaginei o pior, que algum meliante invadiu sua casa e estava atacando-a ou alguma coisa do tipo.

Isabella pode achar que sou a pior pessoa do mundo, o ser mais desprezível, e ela tem seus motivos, mas jamais poderia me manter longe, ela estando em perigo. Eu estava com o pensamento de vender a casa e comprar outra, e o que aconteceu mudou o rumo dos meus pensamentos, hoje foi por um motivo de alegria, e se um dia for algo que a machuque e eu não estiver aqui para protegê-la? Como ela disse uma vez, não precisa de mim porque Deus é quem cuida de sua vida, mas se eu quiser ajudá-lo nem que seja um pouquinho, não fará mal algum e eu ficarei apenas de longe, até ela encontrar alguém que fará isso por ela, ao seu lado. Imaginar Isabella com outro homem não foi tão ruim, a vi feliz e bem, era o suficiente para mim.

Tomei meu banho e fiquei esperando os dois chegarem, claro que gritando por dentro para que eles esquecessem minha toalha de patinhos. Não é pelo patinhos que a comprei, mas pelo algodão italiano, a loja que vende não tinha de adultos, e eu não tenho paciência para ir as compras de casa. Era o que tinha, senão teria que esperar mais uma semana, já que com graciosidade perdi a minha na mudança, não sei como fiz isso, mas aconteceu! No setor infantil, tinha várias e a menos chamativa era de patinhos, pelo que parece estava errado, Daniel e Matt a enxergaram perfeitamente.

A  campainha tocou e eu respirei fundo indo atender. Os dois estavam na maior bagunça.

— E aí, tio patinho? — Matt caiu na risada e eu fiquei vermelho, mas para manter a pose, dei um tapa em sua cabeça. Daniel ficava olhando e rindo, como se estivesse diante de um palhaço.

— Acabaram? — questionei e ia fechar a porta.

— Peraí, Lorenzo. O assunto que me trouxe aqui é sério... Mas é impossível esquecer você, um homem desse tamanho, com cara de pitbull, usando uma toalha de patinhos na cintura, ainda por cima, todo cheio de espuma — ele disse pretendo a respiração para não rir. 

— Se é importante, pare de rir e diga logo, minha paciência está acabando! — Dei o ultimato e ele contorceu o rosto se contendo.

Os dois estavam no meio da sala e me joguei no sofá para ouvir. Matt estava com o rosto virado para a parede para não me irritar com seus deboches, deve ser mesmo importante, pensei.

— Como você conseguiu, quero dizer, como voltou a andar tão rápido, tem o quê, 10 meses ou 1 ano que foi embora? — Estava curioso.

— Como você pode ver, eu sou um milagre, mas outra hora conversamos sobre isso, hoje eu vim aqui te agradecer. — Eu o encarei estranhando o que ele queria dizer com isso.

— Eu? — Ajeitei minha postura no sofá. Apoiei meu cotovelo na coxa e procurei entender o que estava acontecendo.

— Por aquela noite, em que me ajudou a sair da frente daquele lago — ele relembrou e eu engoli em seco.

Amanhecer 🥀Onde histórias criam vida. Descubra agora