C. 27 - °Você disse°

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— Daniel e Alexia estavam a poucos meses do casamento. Todos estávamos felizes com os preparativos e a expectativa criada pela família em relação a união dos dois era de extrema alegria.

Jasmim e eu conversávamos sobre a história de Dani e Alexia, ela não estava entendendo nada, sobre um cara aparecer e pedir Alexia em casamento. Jas é namorada do meu primo Leonardo, a qual Kell nos apresentou, ela é uma amiga muito importante dele  e com a proximidade que tem conosco acabou entrando para família.

— Uma noite estávamos saindo da igreja, eles iam para um jantar romântico, Daniel sempre foi muito romântico, muito mais que Alexia, que ela não me ouça dizer isso — sorri —, ninguém esperava que um cara bêbado, falando ao telefone ao dirigir arrancaria o sorriso de todos. O imprudente conseguiu lançar o carro em cima do capô do carro de Daniel e por pouco eles não morreram esmagados. Aquela noite parecia um filme de terror — lamentei —, eles sobreviveram graças a Deus, se você visse as imagens entenderia o que estou dizendo. Depois disso aconteceu as outras partes da história que você já sabe — disse pegando os ingredientes para os doces da noite das meninas na prateleira. E ela me seguia com o carrinho ao lado.

— Por isso que você se exaltou com Lorenzo quando o conheceu em um acidente — ela questionou e eu sinceramente, não queria lembrar de Lorenzo, não hoje, não agora.

— Sim. Mas depois que não havia mais como mentir e de descobrir que é filho de tia Estela, contou a verdade para meus pais. O que pensávamos ser um acidente, estava acontecendo segundo o plano de Lorenzo. Ele havia calculado toda a situação. No período que o conheci, por alguns dias ainda acreditei que ele era cego, mesmo ele fazendo de tudo para mostrar que não era. Conosco ele não estava fingindo, não em relação a cegueira falsa, fazendo de tudo para percebemos que não era real. Isso já aconteceu a muito tempo e nem quero ficar recordando, hoje é uma noite de alegria. — Forcei um sorriso orando para ela não perguntar mais nada.

Jasmim não é o tipo de pessoa que cala a boca fácil, ainda mais quando tem intimidade no meio, eu dei intimidade a ela, ou seja, mesmo sabendo que não quero falar, vai me fazer falar e depois ainda vai dizer que insistiu porque sabia que eu precisava falar, mesmo como raiva vou concordar com ela. Porque sempre está certa. Kell a trouxe para nossas vidas assim que precisou substituir o administrador da empresa. Desde lá, ela grudou como um carrapato, um carrapato que nos faz sorrir constantemente. Diria o melhor carrapato que conheço, mas jamais em voz audível, ela iria se achar a rainha da Inglaterra.

Seu silêncio durou poucos segundos como previa e seguimos para outra secção.

— Sua história com ele é complicada. A sua família gosta de uma ação — ela brincou e eu tive que concordar.

— Mas eu e Lorenzo não temos uma história...

— Se é o que você está lutando para acreditar, não sou eu quem vai impedir essa guerra — sorriu novamente e eu fiz menção de empurrar o carrinho em cima dela. — Aconteceu bastante coisa depois que vocês se conheceram, não é? — Pegou a lata de chocolate e pôs no carrinho.

— Nós estávamos falando de Alexia a pouco... — argumentei e ela deu de ombros.

— Mudo de assunto na velocidade da luz — justificou sem interesse nenhum em mudar desse assunto. — Ainda não me respondeu — disse lendo uma embalagem de doce de leite. — Vamos está que nem o grande peixe que engoliu Jonas depois dessa noite — comentou fingindo está horrorizada, mas abraçou a lata. Acompanhei seu sorriso e continuamos andando.

— Quando conheci Lorenzo, não estava tão bem, com a morte dos meus avós, com pensamentos complicados de filha adotiva, pensamentos confusos, fui me deixando levar. Precisamente, naquela época eu estava centrada no trabalho, era meu escape, e ainda assim lia a bíblia e orava, mas era aquela monotonia que se torna hábito e você nem estranha mais, pode até estranhar, entretanto não faz nada para mudar. E eu via tudo isso, apenas não admitia e quando Lorenzo chegou, foi como se... Como se minha vida fosse uma floresta em chamas, mas chamas bem pequenas que queimava folha por folha e não eram tão alarmantes. Quando ele chegou foi como se o fogo tivesse se intensificado, sendo impossível de esconder a parte da floresta que o fogo anterior havia consumido, por menor que fosse. De repente estava queimando mais rápido e era preciso fazer algo, e no caso, esse algo era colocar para fora as pequenas coisas que estavam acumuladas no peito, então as lágrimas da floresta apagaria o incêndio e foi exatamente isso que aconteceu. Ele foi o alarme de que nada estava bem, veio para mostrar a decadência em que estava. Eu tentei afasta-lo. Mas a amizade com Matt apenas crescia e até hoje eles são inseparáveis, descobrir que minha família se manteve esse tempo todo em contato com ele é estranho de aceitar.

Amanhecer 🥀Onde histórias criam vida. Descubra agora