C.1 - °A Casa°

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— Vocês estão de brincadeira com a minha cara? — questionei sentindo a temperatura do corpo aumentando, a cada segundo que encarava o rosto do meu tio sentando na cadeira do outro lado da mesa

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— Vocês estão de brincadeira com a minha cara? — questionei sentindo a temperatura do corpo aumentando, a cada segundo que encarava o rosto do meu tio sentando na cadeira do outro lado da mesa.

— Querida, sente-se, por favor. Se alterar não vai resolver nada — pediu, tia Estela com um olhar de mãe.

Assentei novamente com uma fisionomia nada amigável. O convidado especial, permaneceu calado o tempo inteiro, desde que a confusão iniciou.

— Meus pais estão sabendo disso? — Sentia como se minha face estivesse se petrificando.

— Sim, todos os filhos concordaram em vender a casa. Isabella, você tem que entender que depois que eles faleceram raramente vamos àquela casa. Graças a Deus, todos nós temos família, um lar. A casa estava toda mobiliada, os móveis os utensílios, objetos intactos e o Lorenzo quis ficar com todos...

— Se tivessem me avisado... eu.. eu teria comprado — vociferei controlando as lágrimas. Cresci naquela casa, vovó e vovô cuidavam de mim, enquanto meus pais trabalhavam. Eles morreram a três anos atrás. Vovó estava fazendo café da manhã quando do nada caiu no chão da cozinha com dores terríveis no peito, a ambulância demorou muito para chegar e o coração dela parou. Ataque cardíaco. Três meses depois vovô foi passear  comigo, meus irmãos e primos. Fizemos um grande piquenique na praia, a noite ele dormiu e não acordou mais. Desde então, a casa ficou vazia, os filhos se recusavam ir até lá, porque toda vez que adentravam a casa, a saudade se tornava maior. Fui a única a continuar indo lá todos os dias, estar na casa que eles viveram por tanto tempo, trazia a sensação de que eles ainda estavam tão pertinho de mim.

— Foi por sua causa que vendemos — disse com cautela, o meu irmão.

— Como? — fitei seus olhos azuis, o mesmo olhar de cautela que encontrara enquanto conversava assuntos delicados com papai.

— Depois conversamos, Bel! — Matheus não quis continuar ao lembrar que tínhamos um intruso.

— E porque vocês trouxeram esse homem para dentro da minha casa, ele não é da família... O senhor estar enlouquecendo, tio — acusei. — Vende a casa sem avisar e ainda para esse homem que quase matou o Matheus. — Lorenzo pela primeira em toda a conversa encarou-me com o semblante neutro. Ele é cego, e não tem expressão de um, nem sei se cego tem... Ah...

— Não seja exagerada, foi um acidente e graças a Deus, acabou tudo bem. Trouxe Lorenzo justamente pra você conhecê-lo, contamos o apreço que tens pela casa e como é um bom rapaz, vai permitir que visite a casa sempre que quiser. — O tal Lorenzo se transformou em um bom samaritano, palmas, palmas.

— Bel, antes mesmo desse ocorrido, a casa já havia sido vendida para ele. — Estela com sua fala branda revelou.

— Não quero conhecê-lo e fiquem tranquilos nunca mais vou pisar naquele lugar, não durante o tempo que esse homem estiver morando nela. — A convicção era grande, assim como a tristeza de que jamais voltaria a casa dos meus amados avós.

Amanhecer 🥀Onde histórias criam vida. Descubra agora