Amanhecer 🥀

C. 10 - °Amigos?°

Lorenzo demorou em responder, deixando Alex ainda mais apreensivo.

— Diga logo o que aconteceu? — Segurei no ombro de Alex e ele se controlou.

— Fica calmo. Sua irmã estar bem — afirmou e meu amigo voltou a respirar. — Estou em uma investigação sigilosa desde que cheguei na cidade. Não posso revelar muitas informações, contudo, como você é o único parente vivo da vítima precisei dar essa informação. Ela e o noivo estão bem, mas sua irmã estar precisando de você. O delegado pediu que pessoalmente viesse lhe comunicar. Ela entrou no proteção a testemunha por ter sido a única a ver o rosto do criminoso. Não posso acrescentar mais nada, sinto muito. O delegado por ser seu amigo pediu que te entregasse esse papel — entregou um envelope marrom nas mãos de Alex —, ele estará de esperando. Peço que se acalme, porque ninguém poderá ir com você. Vai precisar ir no seu carro, nem eu posso ir junto, os únicos que sabem esse endereço é o Michael e a equipe responsável pela segurança dela.

— Ela está machucada? — questionou aflito.

— Não fisicamente. Ela teve muita sorte, nenhuma vítima envolvida nessa investigação sobreviveu. Sua irmã foi a única...

— Não existe sorte, Detetive. Há um Deus que cuida minuciosamente de tudo que envolve minha pessoa e minha família. Ele zelou pelo bem estar da minha irmã. — Alex transmitiu sua fé em cada palavra.

— Que pena que ele não zelou pelas outras vítimas, todas morreram. — Não quis acreditar no que estava ouvindo. Lorenzo por segundos perdeu sua postura profissional, a recuperando logo depois de sua declaração sem noção.

— Existe maldade no mundo, muito mais do que somos capazes de imaginar. Não que seja a vontade de Deus, porque se fosse jamais teria entregue seu próprio filho para morrer em uma cruz por nós. Para que a luz reinasse em nosso interior outrora coberto por trevas, não somente do lado de fora, mas principalmente pelo lado de dentro. É triste ter notícias de que pessoas inocentes morreram, porém, a morte para muitos em situação de tortura, é o escape, a salvação do sofrimento. Queremos explicação para tudo, sempre buscamos um culpado, e o primeiro da lista é Deus. Justo o único que verdadeiramente nos amou, o qual envia anjos para nos guardar e sente a dor da perda de milhares de filhos todos os dias, sabe por quê? Porque a luz veio iluminar todos que estão na escuridão, eles escolheram as trevas e continuam dizendo sim a ela. No entanto, essas vidas serão vingadas, o próprio Deus cuidará disso. O nosso corpo mortal é destrutível, o corpo em que habitarenos no céu será incorruptível. Não tenho todas as respostas para suas indagações, todavia não acreditar no livramento de Deus é um tremendo de um absurdo. Tchau, Bel. — Saiu depressa nos deixando para trás com um clima tenso entre nós.

Lorenzo bufou passando as mãos pela cabeça e desviou o olhar para o lado. Fiquei encarando o chão esperando que pedisse desculpas ou algo do tipo.

Não fiquei chateada com sua declaração, mas com a hora inoportuna na qual se expressou. Suas palavras são o mesmo pensamento que milhões de pessoas tem no mundo. Senti vontade de dá um resposta que o deixaria calado para sempre, porém me contive. Não é dessa forma que irei mostrar a ele quem é o meu Pai.

— Você ver corpos todos os dias? — Me ouvi perguntando. Dei a volta na mesa e sentei na poltrona. — Se quiser, pode se sentar — disse apontando para o assento a frente.

— Desculpe pelo o que eu disse. Simplesmente saiu, não deu tempo de filtrar. — Se acomodou tirando o terno, deixando sobre sua perna cruzada. — Convivo com a morte desde de criança, Isabella. Vejo pessoas mortas todos os dias, assassinadas de formas que você não é capaz de imaginar. Não é fácil acreditar que existe um ser bom, o qual um dia foi capaz de amar essa humanidade. Falar de Deus pra mim é força de expressão, não posso mentir. — Fez uma careta. — Não imaginava que ao retornar estaria aqui com você, conversando como se fôssemos amigos. — Sorriu forçado.