C. 22 - °Epílogo de Isabella°

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— Cuidado! — Mamãe gritou ao me ver subir o último degrau da escada em que estava suspensa pintando a parede do meu novo quarto, na minha nova casa, em minha nova vida.

— Mãe, por favor, pare com isso! — pedi bufando ao contrai o rosto sem olha-la.

— Não faça cara feia para mim, Isabella! — declarou olhando para cima próxima a escada.

— Cuidado para não cair tinta em seu cabelo — adverti. — Mãe, é sério, estou ótima. Além do mais o pessoal está chegando a poucos minutos. Vão vir para ajudar. Vá para casa, cuide do papai, ele está trabalhando muito ultimamente. — Lembrei e ela pensou por alguns segundos. Para cima e para baixo fiz o pincel de tinta espalhar a cor pastel pela parede.

— Isso não teria acontecido se você não tivesse deixado de trabalhar conosco — ela jogou na minha cara novamente a minha decisão de dois meses atrás.

— Preciso encontrar o meu rumo, mãe. Ser independente, cuidar de mim mesma. Você e papai fizeram um bom trabalho comigo e agradeço por isso, mas se continuasse na empresa ou debaixo do mesmo teto que vocês eu... É como se nunca fosse ser independente sabe... Eu não sei como explicar... Mãe, por favor, você mais que ninguém sabe do quanto preciso disso. Agora, vá, por favor, leve papai para almoçar em algum lugar legal e depois me conte como foi, quando estiver tudo pronto eu envio uma foto e não venha amanhã, deixe sua filhinha aprender a voar sozinha. — Desci das escadas e a empurrei devagarinho rumo a porta, com sorriso amarelo me despedir de minha mãe com um beijo na testa.

— Você era independente, tinha sua vida, e não precisava está morando em outro lugar para isso... Ou pelo menos se sentir assim — reclamou ainda na divisa da porta.

Respirei fundo, não poderia ser imprudente com minhas palavras, não quando eles me deixaram sair daquela casa depois de 8 meses de recuperação e mais 6 seis lutando para me habituar com tudo que aconteceu.

— Mãe, antes eu era eu, agora eu preciso descobrir quem sou. Eu não sinto que isso é meu, então, por favor, me deixe descobrir o que ser a partir de agora, por favor. — A verdade liberta até os cativos emocionais de segurança máxima. Fui sincera para que ela soubesse que eu estava tentando e não queria a interferência de ninguém. Somente Deus sabia o que estava passando, e apesar de ser grata por mais uma chance que Ele me deu, ainda me sinto perdida no meio disso tudo. Eu sei que Ele está comigo, posso senti-lo, não como antes, não com aquela intensidade. Acho que é porque não sou mais completa, uma parte de mim foi jogada no lixo, e através daquela parte eu podia senti-lo, e essa que está aqui não é a minha. Eu nem sei se a pessoa a quem pertencia o Amava como eu o amei, o amo e pretendo amar. Não sei como fazer isso, não com um coração que não é meu.

— Sua família é sua base, filha. Se quiser desabar você pode, pois nós estaremos aqui para te amparar; quando quiser desabafar com sua mãe superprotetora que não quer te deixar aqui, mas que respeita a sua decisão e por isso vai embora, apenas ligue e eu estarei aqui para você. E nunca esqueça, Deus não saiu do controle em nenhum segundo. — Eu já estava em seus braços e nem percebi que as lágrimas tinham tomado conta sem que eu percebesse.

— Obrigada! — Ela se afastou, beijou minha testa, hesitou em ir, mas dobrou de costas e desceu as escadas.

Ela acenou de dentro do carro e eu fechei as portas. Encostei na parede, coloquei a mão sobre a boca e escorreguei até o piso frio. Os gemidos abafados foram diminuindo com o passar dos minutos. O coração dentro de mim acelerou e esperei o segundo em que ele daria problema, o segundo em que ele iria parar, mas ele fazia um bom trabalho, era a mesma sensação de ter o meu, a diferença era que não era o meu.

Amanhecer 🥀Onde histórias criam vida. Descubra agora