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O marinheiro|01|

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O marinheiro
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Exposto à você.

Sozinha, Elodie Abernathy atravessou aquelas terras, um extenso campo, com flores silvestres e eventuais árvores cobrindo a pastagem rasa, naquela fria manhã, procurando um bom lugar onde se estabelecer. Cada passo devia ser delicado, como um beijo gentil de borboletas. E finalmente encontrou, o lugar perfeito.

Ali, sob a sombra de uma macieira frondosa e carregada com frutas vermelhas parecia ser um bom ponto de vantagem, para caso aparecesse alguém, talvez se perguntando o que a jovem fazia no meio do campo, sozinha.

Não muito distante estava a estrada de cascalho que levava ao vilarejo, e ao leste estava a trilha subindo uma colina, já bem definida, um estreito caminho onde a grama e ervas daninhas já não cresciam mais pela constante passagem na garota por ali.

A moça desmontou o cavalete que levara até lá, na verdade, havia arrastado seus materiais de pintura até lá, dentro de um carrinho improvisado, mais como uma pequena carroça que o marceneiro amigo de sua família tinha feito para ela.

Posicionou o suporte no chão e em seguida colocou a tela, não lhe restaram tantas tintas desde que ela tinha usado muitas em um trabalho específico, sob encomenda, mas não desperdiçaria nem uma gota. Especialmente aquelas que lhe custaram tão caro, tintas de aquarela.

A moça não costumava ter esse tipo de material disponível, primeiro porque eram muito mais caras, e segundo porque essas tintas eram, na maioria das ocasiões, utilizadas para pintar paisagens, não era que Elodie não gostasse de pintar paisagens, ou não tinha talento para isso, ela era uma boa desenhista e pintava todo tipo de quadros. Mas paisagens não eram sua especialidade.

Retratos eram. Na opinião de muitos, o tipo mais difícil. Devia ser extremamente cuidadosa ao pintar a face humana, retratar as emoções e expressões era definitivamente complicado, e era exatamente isso que mais encantava a jovem. A dificuldade de interpretar e recriar a imagem perfeita de uma pessoa. Tinha diversos rascunhos de rostos e corpos em um caderno que escondia debaixo da cama, mas tinha certeza que sua mãe sabia do esconderijo. Aquele caderno era algo muito pessoal, cheio de retratos que havia feito de si mesma, do próprio corpo, e... algo mais. Jurava que tinha sido apenas pela arte. Nunca contara a ninguém. Sua mãe ficaria louca se soubesse, e com razão. O segredo a mantinha respeitável perante todos. Ninguém precisava saber.

Retratos eram seu cargo chefe, não faltavam membros da aristocracia desejando ter seus rostos reproduzidos numa tela. Adoravam olhar para si mesmos, admirar-se. As matronas estavam sempre muito dispostas a pagar bem para que os rostos de suas filhas jovens e bonitas tivessem sua beleza eternizada em um quadro, as peles de porcelana não envelheceriam na tela. Era um pouco estúpido e frívolo para Elodie, mas a frivolidade de aristocratas era o que a sustentava, então não reclamava.

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