Eliza McGonagal

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Theodore havia me deixado em casa e eu não sabia exatamente o que fazer ali, eu tinha perdido a minha visão, como iria viver dali para frente?.

-Lauren, eu fiz as compras e contratei uma diarista para limpar a casa, então, está tudo certo. -Ouvi ele dizer enquanto eu estava plantada no sofá.

-E para quê?Eu não enxergo nada, como vou cozinhar?Como vou andar pela casa?Vestir minhas roupas?Calçar o par correto de tênis?Como vou tomar banho?. -Senti o calor do seu corpo e logo suas mãos em meus joelhos, sabia que ele estava ajoelhado.

-A Srta. McGonagal está vindo para te ajudar com tudo que precisa. -Dei uma leve risada.

-Mc quem?. -Ele deu risada e me deu um leve tapa se afastando.

-Eliza, Eliza McGonagal. -Fiquei séria rapidamente. -Ela é uma loira, de corpo muito bonito...

-Para com isso General. -Rosnei e ele riu.

-O que importa, é que ela faz parte do serviço social e ela vai ajudar você. -Ouvi sons de coisas plásticas. -Você vai se mudar, terá uma casa adaptada para...Enfim, será melhor pra você, pois ficará perto de tudo. -Ele respirou fundo me fazendo repetir a ação. -É isso, espero que fique bem, eu irei te visitar todos os finais de semana. -Assenti e senti um beijo em minha cabeça. -Se cuida.

-Você também general. -O som das borrachas do seu coturno foram para longe de mim e logo o som da porta ecoou pela casa.

Mais uma vez, a solidão era a minha única companhia.

~~~~~~♡~~~~~~

A campainha havia tocado, meu corpo se ergueu no automático e eu comecei a caminhar em direção ao som. Muita das vezes tropeçava e me batia em alguns móveis, me sentindo inútil

-Droga. -Rosnei sentindo as lágrimas começarem a transbordar em meus olhos.

Cheguei até a porta, fraca e sôfrega, abri sem saber quem era e caí aos prantos, sendo amparada por mãos femininas e delicadas.

-Meu Deus. -A voz soou delicada e preocupada com o meu bem estar. -Ótima forma de nos conhecermos. -Ela disse tentando me segurar e eu, ainda perdida, me ergui com sua ajuda.

-Des-cu-culpa. -Pronunciei envergonhada e ela riu sem graça.

-Tudo bem, eu já acompanhei muitos casos como o seu, me chamo Eliza. -Ela segurou minha mão e à apertou me fazendo levar a outra até o rosto e enxugar as lágrimas.

-Prazer Eliza, sou Lauren. -A porta foi fechada e ela segurou em meus ombros.

-Eu sei, o General Hamilton falou muito sobre você. -Sorri levemente e balancei as mãos sem graça.

-Bom, eu te ofereceria um café, ou um suco, mas, eu não consigo chegar à lugar algum. -Comentei frustrada e ela apertou meus ombros.

-Não se preocupe, eu estou aqui para te ajudar e não vou sair daqui. -Sorri sentindo-me segura ao ouvir tais palavras.

-Então me acompanhe até a cozinha. -Ela segurou minha mão e caminhamos devagar até o outro cômodo.

-O general disse que você voltou para casa hoje. -Ela começou. -Como se sente em relação à tudo isso?. -Ela me ajudou à sentar e então se afastou.

-Eu me sinto horrível. -Confessei cruzando as mãos na copa. -Toda a minha carreira, a minha vida, jogadas fora. -Eu sentia minhas mãos formigando. -Eu ainda vejo o mundo em minha cabeça, as cores, a minha casa, mas tudo vira escuridão, se tornando então pesadelos horríveis daquela missão, aqueles homens me espancando, tudo. -Senti calafrios e escutei o som das porcelanas.

-O mundo todos os dias perde a cor. -Ela disse se aproximando e pegou uma das minhas mãos, colocando ali uma xícara de café. -Pensa pelo lado bom, você não terá que ver as atrocidades que acontecem cada dia, ver o nosso país ruir, nosso mundo, ruir. -Ela afagou minhas costas.

-Mas pensa pelo lado ruim, eu sou uma mulher extremamente vaidosa, gostava de arrumar o meu cabelo, vestir uma roupa elegante, sair para beber com os amigos, dar uns beijos. -Ela deu risada e puxou a cadeira do lado.

-Você ainda pode fazer tudo isso, a diferença é que agora, você não vê mais nada, além da escuridão. -Busquei por sua mão em cima da copa e quando à encontrei, entrelacei nossos dedos.

-Eliza, como vou sobreviver à isto?. -Ela apertou minha mão.

-Você só irá sobreviver, Lauren. -Suspirei. -Eu estou aqui, vou te ajudar, com tudo. -Assenti e ela ficou em silêncio por uns segundos. -Vai ser difícil no começo, mas logo você irá se acostumar.

-Eu tenho uma pergunta. -Falei timidamente soltando sua mão e ela se mexeu ao meu lado.

-Você tem todo o direito. -Respirei fundo apertando a xícara entre minhas mãos.

-Que cor estão os meus olhos?. -Silêncio, mais uma vez.

Eu tinha medo de ser o tipo de cega que tinha olhos brancos, ou olhos vesgos. Era o tipo de mulher extremamente vaidosa, viveria de óculos caso eles estivessem estragado.

-Verdes, verdes extremamente bonitos. -Abri um grande sorriso e Eliza riu. -Seu nervo óptico foi afetado, sua retina e íris está intacta. -Sorri satisfeita e assenti, levando até minha boca, a xícara de café. -Agora você ouvirá e sentirá de um jeito melhor e mais intenso.

-É, posso sentir como o General queimou o meu café. -Começamos a rir e logo após, passei a conversar com Eliza sobre tudo.

Ela era uma mulher incrível e disposta à me ajudar. E eu?Bom, eu estava disposta a aprender.

ℬℯ𝓈𝓉 𝒲𝒶𝓎 𝒯ℴ ℒℴ𝓋ℯOnde histórias criam vida. Descubra agora