ℬℯ𝓈𝓉 𝒲𝒶𝓎 𝒯ℴ ℒℴ𝓋ℯ

Vanilla

O cheiro de baunilha e menta, adentraram minhas narinas e eu sorri, sentindo-me flutuar.

-Nala, senta. -Ouvi a voz de Eliza e a respiração ofegante de um cachorro. -Então Lauren, a Nala está na sua frente, bata levemente em seu joelho e diga sobe. -Ela disse e eu sorri.

-Sobe. -Bati levemente no joelho e senti um impacto e logo o cheiro de baunilha e menta ficou mais forte. -Que fofa. -Acariciei seu pelo e ela se mexeu inquieta em meu colo.

-Cãos guias não costumam gostar de carinhos. -Eliza disse sem graça e eu recolhi minha mão.

-Que estranho, eles treinam eles para não ter coração?. -Eliza riu e se sentou ao meu lado direito.

-Cachorros gostam de carinhos, mas o cão guia é treinado para te ajudar a se locomover, eles gostam de carinho também, porém não são como os cães "comuns" que se divertem e brincam como doidos. -Dei risada e toquei Nala nas orelhas.

-Ela é tão fofa, cheira tão bem. -Eu estava animada, Nala seria de grande ajuda de verdade.

-Ela vai ser sua companheira, não deixará que estranhos se aproximem de você, te ajudará caso tenha obstáculos à sua frente, ela só não pode te ajudar muito com o trânsito, mas saberá quando você deve parar e quando você deve prosseguir.

-Uau, ela é bem treinada para isso?. -Ela resmungou positivo. -Que incrível, eu vou ficar muito feliz de ter a companhia dela comigo, como vou alimenta-la?.

-Eu trouxe o saco de rações dela e as tigelas, deixei no canto da cozinha ao lado dos últimos armário próximo à porta de saída para o quintal. -Assenti e ela tocou minha mão que estava em meu joelho esquerdo. -Quando a Nala estiver com forme, ela vai tocar seu joelho com a pata e te guiará até o armário onde está a ração.

-Obrigada Eliza, eu tenho certeza que Nala e eu vamos nos dar muito bem. -Eliza riu e então se levantou.

-Nala, para a cama, vamos. -Nala desceu do meu colo e Eliza passou as mãos em minhas coxas e joelhos, provavelmente tirando o excesso de pelo que ficou ali.

O cheiro do seu xampoo era de melancia e seu perfume era amêndoas. Meus sentidos não estavam me ajudando naquele momento, já que o cheiro de Eliza me causava coisas estranhas. Segurei seu pulso, fazendo-a parar de limpar os pelos e dei um sorriso de canto.

-Eu nunca saberei como te agradecer, por tudo isso. -Confessei baixinho e sentia sua respiração.

-Que isso faísca, você não precisa me agradecer, faço tudo isso por você com carinho. -Acariciei seu pulso com meu polegar e sua respiração mudou, ficou mais pesada.

-Carinho?Também tenho carinho por você Srta. McGonagal. -Ela respirou fundo e eu umedeci os lábios.

-O que tá fazendo?. -Ela perguntou baixinho e eu subi minha mão por seu braço, até chegar em seu rosto.

Tateei ali, tocando cada ponto com cuidado até chegar em seus lábios. Eram macios e carnudos, não sabia o porquê de eu querer tanto beijá-la, mas eu queria.

Minha mão subiu para sua nuca e eu à puxei levemente para perto do meu rosto, sua respiração estava quente e tinha cheiro de waffles. Nossos lábios se juntaram e Eliza apertou minha coxa, enquanto dava início ao beijo.

Caramba, aqueles lábios, eram macios como algodão doce e doces como os tais.

-Eu pre-preciso ir... -Eliza se afastou e eu imediatamente percebi a bobagem que eu tinha feito. Merda!Eu tinha passado dos limites com ela.

-Você não precisa ir, me desculpe, eu não devia ter feito isso. -Mordi meus lábios tentando aliviar um pouco da tensão que estava inundando o meu corpo.

-Eu te vejo amanhã, ok?. -Ela suspirou baixo e eu apenas afirmei com a cabeça. -Você devia aproveitar e levar a Nala para o parque, para se conhecerem melhor, assim você vai conhecer o lado brincalhão dela.

-Sair de casa sozinha?. -Perguntei completamente confusa.

Eu sem enxergar, em um país diferente, com uma língua completamente estranha...Não parecia uma boa ideia.

-Eu já te levei lá, é bem perto e você só precisa atravessar uma rua. -Afirmei com a cabeça sem ter certeza que aquela era uma boa ideia, mas eu sabia que não era certo pedir para ela me acompanhar hoje.

~~~~~~♡~~~~~~

O parque cheirava a tulipas e castanha, o vento fazia as árvores dançarem chacoalhando as folhas para todos os lados e estava consideravelmente silencioso, como se eu estivesse sozinha ali.

-Você pode brincar, só não vai longe. -Murmurei para ela e apenas escuto seus latidos se afastarem, mas sempre se mantendo bem perto.

Eliza estava certa, eu precisava de um momento fora de casa. Sentir o ar fresco, os cheiros completamente únicos e até sentar em algo que não era o meu sofá.

-Nala?Tá tudo bem?. -Gritei completamente assustada ao ouvir os latidos um pouco mais altos e mais pertos de mim.

Senti as patinhas dela no meu joelho e eu com cuidado tateei pelo rosto dela procurando algo errado.

-Oh meu Deus, desculpe, nós não percebemos que ela era um cão guia. -Uma voz carregada de sotaque soou perto de mais e eu não consegui conter o desconforto.

-Eu sou a Camila, minha irmã não quis assustar. -Afirmei com a cabeça menos nervosa ao ouvir uma voz que parecia ser local.

-Não, sem problema. -Faço carinho na cabeça da Nala buscando um pouco mais de conforto. -Ela só queria brincar com a sua irmã, ela ainda é bem novinha.

-Desculpe por ter te pego desprevenida -A moça mais velha disse baixinho e se aproximou mais.

Ela provavelmente estava fazendo carinho na Nala, já que a cachorrinha se animou bastante. O cheiro da mulher mais velha era de baunilha com canela, aquilo era algo tão tranquilo que me fez sorrir.

-Toma conta dela. -Camila murmurou baixinho para a Nala e se afastou. -Fique bem, espero que te veja mais vezes por aqui.

-Digo o mesmo. -Ouvi suas vozes se afastando aos poucos e respirei o ar com vontade, Nala latiu. -Eu não sei do que você está falando, sério, eu não entendo uma sequer palavra. -Comecei a rir sozinha e me senti grandemente feliz quando Nala lambeu meu rosto, demonstrando também, total felicidade.