Katherine Einstein

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Nasci em Diadema, e sempre gostei muito de dançar. Meu forte sempre foi o ballet e sempre me saí muito bem dançando hip-hop. Dancei muito durante os anos que estudei, o colégio onde fui matriculada durante o ginásio tinha parceria com uma ONG que nos davam assistência três vezes por semana. O que desenvolveu uma habilidade com a dança.

Sou a filha caçula dos Einstein, a única mulher de cinco filhos, meus pais é de origem alemã, e digamos que eu sou o patinho feio da família.

Sou eu a responsável por todos os afazeres da casa e ainda tenho que ir para a faculdade durante a noite, e desde que comecei a cursar física quântica, minha vida tem se tornado cada vez pior. Meus irmãos trabalham com meu pai na pequena mercearia que temos, e quando  passei no vestibular e ganhei uma bolsa de estudos completa, em vez de me dar os parabéns, minha família só fez despejar em minhas costas o quanto  sou imprestável. E isso machucou.

__ Mãe? Pai?__ Os chamei torcendo par não ovi-los responder.__ Estão aí?

Não obtive resposta. Graças a Deus.

Não havia ninguém em casa, era sábado a tarde, provavelmente foi todo mundo para o bar do Luiz encher a cara, e eu aqui, a empregada que tinha a missão de limpar toda a imundície daqueles cretinos. Por vários momentos cheguei a pensar se realmente era filha deles mesmo?


Não demorou muito para que a família perfeita chegasse, todo mundo bêbado, e olha que eram apenas duas da tarde. Nunca consegui entender porque eles eram daquele jeito, como eles podiam ser tão cruéis, ou era eu quem merecia tamanha tribulação? E foi ali, naquele terrível dia que a pior coisa da minha vida aconteceu, me dando impulso para seguir meu caminho.

Evandro - meu pai me olhou enquanto tropeçava nos próprios pés rumo ao sofá.

Como esse povo conseguiu chegar aqui Brasil?

Mamãe ainda estava pior que papai, ela falava coisas desconexas e tentava se segurar em pé! Edson, Ivan e Pedro, meus irmãos mais velhos adentraram a casa. Pelo visto Raul foi o único que não aguentou chegar.

É estreito rapaziada.

__ Levanta a bunda daí vadia.__ Pedro me empurrou do sofá.

E pelo visto, hoje vai ser mais um daqueles dias em que eles bebem demais, e eu apanho. Já foram incontáveis surras que levei quando eles chegavam bêbados, isso desde os sete. Nenhum vizinho nunca denunciou, nunca me ajudou. Igual a minha família, todos eles me desprezam. E o motivo? Eu não sei.

Levantei e caminhei até o corredor que dava acesso  ao quarto dos fundos, onde costumava dormir. Mas fui interceptada por papai, se é que  podia chamar aquele monstro asqueroso de pai.

Ele segurou forte em meu braço e passou a mão esquerda em minha bunda. Acabei me assustando com aquilo. Ele era meu pai! Meu pai...

Ivan gargalhou e se aproximou, assim como Edson. Chamei por mamãe, mas ela não me respondeu, já roncava feito uma porca perto da porta.

__ Vamos la priminha, vamos nos divertir um pouco.__ Não acredito que isso está acontecendo. Não acredito que Ivan quer fazer isso.

__ Sou sua irmã seu monstro.__ O empurrei com lágrimas nos olhos.

__ Você acha mesmo que é minha filha?__ Evandro disse tropeçando nas palavras.__ Você é filha da imunda da irmã de Marta.

__ Não! Para com isso.__ Puxei meu braço chorando.

__ Sua mãe foi estuprada.__ Evandro disse e os outros gargalharam.__ E pro teu azar, tua mãe morreu no parto. A gente teve que sustentar esse fardo por vinte anos, e você acha mesmo que não vamos tirar proveito disso?__ Não.

Tudo o que eu mais queria era morrer, não aceitava o fato de correr o risco de ser violada, e principalmente pela minha família.

Num ato de coragem, empurrei Evandro que caiu. Ele bateu a testa na parede e desmaiou, saí correndo ao ver que os outros haviam ficado para trás. Peguei os documentos que estavam na mochila e saí correndo, disparei para a rua deixando tudo para trás. No estado em que eles estavam não me alcançariam, e com toda a certeza do mundo eu não voltaria mais nunca para aquela casa.

As lágrimas embarcavam minha visão, as luzes das praças se acendiam por causa do entardecer, a chuva caía levemente molhando minha roupa rasgada, o cansaço queria que eu parasse, mas o medo e o desespero me impulsionava a correr ainda mais, eu queria apenas fugir de toda aquela tenção. O gorro cinza em minha cabeça já estava encharcado pela água da chuva, e meu tênis desgastado escorregava na faixa para ciclista.

Num impulso, entrei na faixa de pedestres, os poucos carros em movimento naquela hora da tarde buzinavam em alvoroço para mim, até que um em particular bateu em mim... Eu caí...

Mas que droga.

__ Merda.

Três homens saíram do carro depois de alguns instantes, algumas pessoas olhavam, mas a minha atenção foi diretamente para o homem de olhar forte e expressão dura com olhos azuis e cabelos claros. Era notável como ele não queria estar ali, ele não se importava na verdade. E mais uma vez aqui estou eu atrapalhando a vida de alguém, mesmo que involuntariamente.

__ Menina, você está bem?__ O homem que parecia ser o motorista perguntou.

__ Eu... eu acho que...__ Tentei ao máximo, parecer alguém em perfeito estado.__ Acho que estou.

Tentei levantar, mas meu pé direito me fez gritar de dor, ele estava torto, um osso pra fora. E foi aí que meu plano de parecer bem falhou miseravelmente.

Lascou tudo, meu quebrou...

__ Ela quebrou o pé!__ O homem disse como se ninguém estivesse notado.


L.F - Continua.

______ X _______

Capítulo conturbado brothers and sisters.

Acho que Kath tem um karma ruim disponível pra ela.

SR. MAKAROV - Volume 1Onde histórias criam vida. Descubra agora