11º: AMOR SOB E SOBRE RAIOS E GRANIZOS.

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— Anda mulher! — diz Deb quando finalmente abro a porta, ainda reclamando. — Que porra de pijama de estrelinha é esse? É uma afronta alguém com seu cargo na indústria erótica enfiada em roupas tão broxantes — protestou.

— Ok, ok — disse perambulando atrás de Deb que foi cozinha adentro e pegou a cafeteira. — O que quer aqui tão cedo?

— Eu sei que ainda está enfiada em... Sei-lá-o-que, mas temos um evento a comparecer.

— Do que está falando? — Agitada como sempre, Deb jogou o café na caneca e se depositou na cadeira, me sentei de frente a ela.

— Você realmente não leu minhas mensagens?

— Não depois da quinta vez que enviou aquele cara equilibrando um pneu de uma bicicleta no pau.

— Há! Há! Aquele vídeo é um achado! Vai dizer que não ficou impressionada? Mas eu te enviei coisas importantes. Formei uma parceria com um novo artista plástico: "O Basquiat Tupiniquim", como estão chamando-o.

— Que porra é um Basquiat?

— Vou escolher ignorar essa pergunta. Enfim, ele vai desenhar versões neo-expressionistas de algumas das capas e cenas de seus livros, uma jogada de marketing bem simples, mas funcional. Ele ganha parte da publicidade que precisa, e você holofotes, pouco antes do lançamento do seu novo livro. E por falar nele...

— O que achou?

— De longe sua melhor obra, querida. Meu marido quase não me suportou com tanto tesão. — Deb se levantou após beber todo o café. — O pau daquele garoto deve ser mágico se te deu tanto material de inspiração. — Ela se retraiu após a frase e se virou com olhos melancólicos. — Desculpa, sei que não quer falar dele.

— Tudo bem — falei, ajeitando o rabo de cavalo.

— Faz quanto tempo que não se falam?

— Na verdade, apenas alguns dias.

— Como?

— Estava voltando de um cyber café que abriram recentemente e ele estava saindo.

— Acompanhado?

— Não. Depois de mim, não vi mais com nenhuma garota. O que não deve significar muito, né?

— Não sei dizer. — Ela deu de ombros. — O que houve entre vocês, Eva? Parecia tudo tão bem naquele dia no hospital, então quando te liguei no dia seguinte, tudo já havia ido pelo espaço.

— Não posso falar disso. — Até por quê a maior parte interferia diretamente com a vida de Teseu e não é algo que eu possa simplesmente expor.

— Já faz mais de um mês, Eva. Precisa falar com alguém.

— Não é isso. Parte da história é um fragmento doloroso que Teseu não gostaria que eu contasse. Na verdade, não sei como ele consegue viver naquela casa.

— Isso não é justo. Eu me sinto excluída — disse fazendo um biquinho e o desmanchando ao se virar para lavar a caneca que ainda suportava nos dedos. — Enfim, com ou sem Teseu, fato é que precisa ir nesse evento. E precisa sair com outros caras, mas podemos deixar isso para depois.

— Eu saí com um cara.

— O que?! Quando pretendia me contar isso?

— Agora? — Sorri. — Não foi nada demais. Três dias atrás veio esse cara falar comigo no bistrô ao lado.

— E? Lindo, charmosos? Anda mulher, fale de uma vez por todas!

— Lindo, charmoso e belos olhos castanhos — disse com o ânimo de um bicho preguiça.

Eva O Fruto do Pecado (Finalizada)Onde histórias criam vida. Descubra agora