19º: POR QUÊ ME ABANDONOU?

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Para, Eva. Para, não é isso, não é nada disso. Engole essa raiva, engole essa sensação. Teseu te ama e há pouco lhe fez uma declaração única e imaculável. Não se irrite, não estrague tudo.

Pensei enquanto entrávamos em nosso quarto do hotel. Não conseguia parar de pensar no abraço entre Lizie e Teseu e como parecia carinhoso. A festa terminou e eu só consegui pensar nisso todo o caminho de volta para o hotel. E sei que é só besteira da minha cabeça. Teseu fez muito para estar comigo. Se fosse um traidor miserável, não se esforçaria tanto por mim.

— Preciso de um banho — falei tentando me distrair dos meus pensamentos. — Me acompanha?

— Não, depois eu tomo um.

— Tudo bem. — Respondi em um tom de decepção inegável. Mas assim que me virei, senti as mãos dele me agarrarem pela cintura, tragando meu corpo para junto ao seu, o que me fez soltar um pequeno sorriso. Como se aliviada.

— Adoro que sinta ciúmes de mim, Eva, mas não precisa. Não por causa da Elizabeth. — Suas palavras me consumiram. Me virei surpresa para Teseu que ostentava um sorriso convencido. — Acha mesmo que eu não percebi? Sei que deve ter me visto abraçar ela naquela árvore. É a única explicação.

— Eu sei que não estava tentando nada, Teseu. Eu confio em você.

— Eva, se eu visse você abraçando um desconhecido lindo em um canto, sozinhos. Eu ia tirar satisfação na mesma hora. — Seus dedos passaram pelo meu queixo. — Eu e a Lizie temos algumas coisas em comum. Eu sei que a conheci na festa, mas me identifiquei, foi só isso. Ela está passando por alguns problemas emocionais com um cara mais velho, eu só estava a confortando.

— Um cara mais velho? — Sorri. — É, vocês têm algumas coisas em comum. E você está certo, eu fiquei com ciúmes. E isso é novo para mim, Teseu. Quando meu ex-marido me disse que havia apalpado a secretaria dele em uma certa ocasião, eu fiquei com raiva, mas não com ciúmes. Nem os poucos namorados que tive na faculdade, eu nunca senti isso. E eu sinto muito por ser tão boba, mas...

— Para, Eva — disse em uma voz doce. — Você só me elogia com seu ciúme, acredite. Ciúmes demais tendem a ser ruim, mas em pouca quantidade, ele fortalece uma relação. Por quê significa o quanto gostamos da outra pessoa, e o mais simples dos sentimentos de perda nos aflige. E quando você me diz que sou o primeiro por quem sente isso, eu não posso me sentir como menos, do que como o sujeito mais sortudo da face desse planeta.

— Eu te amo, Teseu.

— Eu também te amo, Eva — dissemos antes de um delicioso e quente beijo que me provocou calafrios de tão entrevado em nossos sentimentos, me deixando toda excitada só por aquele momento. — Aceita um banho juntos e alguns orgasmos pra relaxar?

Sorri.

— Aceito.

***

— Teseu?

Minha voz resvalou no lado da cama e nas paredes alvas do quarto. Ecoou, ricocheteando sobre cada um dos móveis e voltou para mim. Teseu não estava na cama, nem em lugar nenhum do quarto.

O relógio marcava quatro e treze da manhã quando terminei de vasculhar pelo resto da casa a procura de Teseu que parecia ter evaporado. Voltei ao quarto e acendi a lâmpada, então vi o pequeno pedaço de papel dobrado e colocado sobre o criado de cabeceira.

"Já, já eu volto, Eva. Não se preocupe, e eu vou te explicar tudo."

Eu adoraria apenas confiar em Teseu e ir dormir, esperando acordar algumas horas depois e o ter do meu lado. Tomaríamos um belo café enquanto ele me explica o que está havendo. Mas eu apenas não consegui. Fiquei olhando os cantos do quarto depois de ligar a tevê, pensando em onde ele estaria a essa hora, fazendo o que... com Elizabeth?

Eva O Fruto do Pecado (Finalizada)Onde histórias criam vida. Descubra agora