21º: DESEJO E DEVER.

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Passamos pela porta e eu senti aquela estranha sensação de voltar pra casa depois de uma longa viagem, que por alguma razão a deixa estranha e confortável ao mesmo tempo. Teseu me acompanhou até a sala.

— Ah, preferia muito o jatinho do seu tio, do que a executiva — brinquei e vi um sorriso apontar em seu rosto. — Vou tomar um banho antes de irmos para o hospital, quer vir?

— Claro.

Teseu obviamente não estava com a cabeça em mim. Tomamos um bom e longo banho juntos, mas simplesmente não passou disso, apesar de seus golpes — hora lascivos — contra minha pele, nada passou de provocações.

Fomos para o hospital no meu Porsche 964 Cabriolet, do qual eu sentia muita saudade, na verdade. Quando nos despedimos dos meus pais, meu pai estava curioso para saber se ele ainda estava inteiro.

Chegamos ao hospital e já na espera, estava Moira, a quem Teseu havia avisado que já havia voltado ao Brasil.

— Boy! — disse ela se aproximando e abraçando Teseu com o claro ímpeto de me irritar. Mas não seria hoje. Eu e Teseu estamos conectados demais depois dessa viagem, não acho que conseguiria ficar com raiva de seu atrevimento, nem que quisesse.

Teseu rapidamente se livrou de seu abraço e tomou espaço.

— Sabe de alguma coisa, Moira?

— Não, o médico não quis falar nada. Estava esperando um membro da família e todos parecem ocupados demais para vir ou sei lá. — Ela deu de ombros.

— E quanto ao Ricardo?

— A polícia está atrás dele, mas também não faço ideia de como andam as coisas por lá.

— Como sabem que foi o Ricardo?

— Ao que parece, ela só repetia isso em um choro constante. Antes dos médicos doparem ela para uma cirurgia.

— Você é o filho de Maria de Andrada Queiroz? — Um médico surgiu de um dos corredores, ajeitando os óculos e a passos rápidos.

— Sim. Como soube?

— A recepção me avisou — disse o médico. — Sou o Dr. Alencar, cirurgião de sua mãe.

— Seja sincero, doutor — suplicou Teseu. — Como ela está?

— A Sr. Andrada teve vários problemas, desde múltiplos ossos quebrados até a perfuração do fígado, mas já cuidamos disso. Ela passou por uma cirurgia intensa e agora está dormindo por conta dos remédios, mas está respondendo bem.

— Ela pode ter sofrido algum dano cerebral? Algum golpe pode ter a atingido.

— Pode ficar tranquilo quanto a isso. Ela pode acordar a qualquer momento, e avisaremos assim que acontecer. Pode esperar aqui ou no quarto dela, se preferir.

— Eva, fique aqui, eu volto em um segundo. Só quero ver como ela está.

— Tudo bem, eu te espero.

Teseu se foi com o médico, me deixando com Moira. Me sentei em uma das cadeiras de estofado azul da ala de espera e a garota fez o mesmo, ficando a meu lado. Seus olhos me desafiaram a questionar o que ela tinha em mente, mas me mantive calada.

— Sabe o que vai haver agora, Eva? — Por fim ela perguntou.

— Não, mas acho que você vai fazer questão de me contar.

— A polícia vai encontrar o Ricardo, ele vai ser preso e tudo ficará bem. Ou o Teseu vai encontrar o Ricardo antes, e eu aposto nessa segunda. — Meu coração acelerou com suas palavras e a possibilidade. — Não interessa que ela fez mal a ele, ainda é a mãe dele e eu sei que ele desejava protegê-la. Mas já que não pôde, vai vingá-la.

Eva O Fruto do Pecado (Finalizada)Onde histórias criam vida. Descubra agora